Laura.Oliveira 18/01/2022
Chocho, capenga, manco, anêmico, frágil e inconsistente
A luz que perdemos conta a história da Lucy, que conhece o Gabriel no 11 de setembro de 2001 e os dois acabam se beijando no mesmo dia, enquanto assistem a fumaça ganhar o céu de Nova Iorque após a queda das torres gêmeas. No entanto, o relacionamento deles se torna imediatamente complicado e, em razão de escolhas do Gabriel, esse livro também é sobre o romance da Lucy com o Darren. É a partir disso que a coisa fica difícil.
Teve um determinado ponto da narrativa em que eu achei que não teria nada de bom para falar desse livro, mas acabei mudando de ideia. Ele não é totalmente ruim. Na verdade, poderia ter sido uma história bem melhor, se a autora não estivesse tão determinada a criar a personagem mais inconsistente possível para sustentar uma história de amor ridícula.
Positivamente, o livro traz as seguintes coisas: a premissa ligada ao 11 de setembro, que é o diferencial que une o “casal”; a escrita fluida, com capítulos curtos contados como se fossem cartas da protagonista destinadas ao protagonista masculino, e uma tentativa de empoderamento feminino que, infelizmente, é meio frustrada.
De resto, tudo é ruim.
Para começar, os personagens não possuem carisma. Comecei o livro e terminei sem conseguir sentir qualquer empatia por nenhum deles, apenas raiva. A Lucy é uma protagonista extremamente chata, que se torna obcecada pelo Gabe ao ponto de perdoar todas as merdas que ele faz (que não são poucas) ao longo dos anos e o Gabriel é um egoísta que trata a Lucy como um ursinho de pelúcia ao qual recorrer sempre que a sua vida vai mal, mesmo que não queira ficar com ela por preferir focar no trabalho.
Concordo com quem diz que o relacionamento deles é realista, mas prefiro muito mais romances realistas quando eles vêm com alguma crítica do porquê certos comportamentos não funcionam em um relacionamento e não como um combo romantizado de que o amor passa por cima de tudo, inclusive dos sentimentos de terceiros. No livro o Darren é a segunda opção, e foi isso o que me irritou mais. Depois de apresentar o personagem como um completo oposto do Gabriel para curar as feridas da Lucy, a autora começa a implicar com coisas tão pequenas sobre ele, como o fato de ele gostar de fazer surpresas, que quando o Darren faz merda de verdade com a Lucy, fica difícil levar a sério. Ainda mais porque a Lucy faz coisas tão ruins quanto com ele, comparando-o com o Gabe o tempo todo e caçando motivos para pensar no Gabriel, mesmo quando é com o Darren que está formando uma vida. Isso me irritou tanto! Pra mim não fez o menor sentido o envolvimento do Daren na história, se a Lucy não conseguia viver com ele e ficava pensando só no Gabe.
Sinceramente, o final que tanta gente reclama foi apenas a cereja do bolo. Já estava tão insatisfeita que nem me atingiu muito, embora tenha ficado com algumas perguntas na mente por causa das várias pontas soltas deixadas com relação à Lucy e o Darren. No fim, mesmo com esse sendo um livro rápido, não acho que valha muito a pena e por isso não recomendo. Devem existir romances melhores e menos tóxicos, com personagens mais cativantes, por aí.