Marcos5813 20/02/2016
Uma breve história do tempo e do espaço musical
Bela obra do polímata Mario de Andrade. Obra resultado do estrondoso conhecimento musical do autor. Não examina nos mínimos detalhes cada período da evolução musical, das artes humanas a mais completa por ser a mais abstrata. Parafraseando suas palavras, a arte, por sua inutilidade prática, é capaz de belezas que jamais encontraríamos no cotidiano da vida empregado. A obra vai desde dos primórdios da música, nas civilizações antigas, sem esquecer que o homem é um instrumento acústico por excelência. As batidas do coração, o respirar, o ritmo ao andar, somos uma caixa acústica a vibrar a toda momento. A musica existe no mundo pois a vida pulsa. As fontes sobre a música praticada pelas civilizações antigas, com alturas e ritmos já empregados são raras, para não dizer nenhuma.
Mario de Andrade passeia com eloquência por toda extensão histórica da música, que depois de um tempo despercebida, com a queda do Império Romano, vai aparecer no cantochão, o canto gregoriano, monódica, em uníssono, por isso cantochão. Há uma só voz, nos mosteiros. É neste ambiente de reclusão monástica que começa a surgir a polifonia, depois os primeiros gênios musicas como Bach, Haandel, Haydn, para desaguar no cromatismo melódico da era clássica, indo depois ao romantismo e a exacerbação da harmonia, levando ao grau máximo do impressionismo e os virtuoses.
Por fim a música chega a era moderna, do atonalismo, do politonalismo, até construções onde espaço e tempo se misturam de tal ordem que carece de termos limitantes. É o próprio pulsar da vida que determina suas construções.
Mário de Andrade morreu em 1945, mesmo assim, apesar de não viver a era da música popular propriamente dita, a não ser sua fase embrionária mas já auto-existente, como remanescente da cultura humana em suas origens, foi capaz nessa pequena obra configurar a música como extensão da vida, não pela sua utilidade, mas pelos benefícios da beleza à alma humana.