@gataleitora 19/12/2017um principe sedutor e uma gata borralheiraConfesso que demorei de resenhar este livro porque simplesmente não sabia quantas estrelas dar. Simplesmente porque muitas situações me fizeram amar o livro e outras tantas me fizeram desanimar durante a leitura. O livro realmente tem uma leve inspiração na Cinderela, Kate virou a parente indesejada na própria casa depois da morte do pai e depois que ele deixou toda a herança para sua madrasta. Temos a madrasta e a filha, fada-madrinha, “ratos” , o famoso sapato de cristal, o vestido azul ,a fuga, a atração instantânea e o príncipe....
Nossa, Mylena! Monte de referências e você ai cheia de exigência.....
Eu sei, eu sei, mas confesso que esperava o que sempre me irritou no conto original que é a presença marcante e intragável da madrasta e nesse livro ,ela só aparece no início exigindo a ajuda de Kate para resolver os problemas da filha Victória.
Kate perdeu tudo que tinha quando seu pai morreu, mas resiliente e mesmo cansada da vida e dos desleixos da madrasta, ela luta para cuidar dos arrendatários do pai. Seu senso de proteção para com todos a fez descuidar de si própria e ter o sentimento de que perdeu a juventude.
“ Completaria 24 anos dentro de algumas semanas e se sentia como uma velha viúva.
Porque não percebera que não era mais curvilínea, encantadora e agradável? Quando a amargura penetrara em sua corrente sanguínea ,transformando aquela menina do passado em algo tão diferente?”
É o que ela se pergunta ao ter que ir ao baile do príncipe para ajudar Victória a se casar e que ao contrário de Kate se tornou popular nos bailes por sua graça ,doçura e leveza. Mesmo contra a vontade , ela aceita sua sina e ainda de quebra precisa levar os cachorros ou “ratos “ de irmã com ela , ao chegar no castelo de Gabriel se surpreende com tantos detalhes suntuosos.
Gabriel é um jovem que acabou assumindo a responsabilidade de cuidar de todos que foram expulsos do castelo do irmão Augustus depois que esse virou fanático religioso, porem a renda do castelo não está aumentando para manter tanta gente a suas custas, então ele precisa se casar com uma herdeira rica e acaba comprometido com uma princesa distante que virá ao baile para conhecê-lo, porem ao conhecer Kate e sua língua ferina além de seu jeito nada bajulador, Gabriel se encanta.
O que mais gosto nos livros de Eloisa James são as referências que sempre faz a Shakespeare e desta vez ela também fez uma analogia com uma história de amor trágica que acaba deixando o final do livro lindo de viver.
Gabriel na verdade tem um grande sonho de descobrir se a cidade de Cartago e sua rainha Dido realmente existiram e deseja ir junto com seu professor de faculdade nas escavações que ele fará,porem seu senso de proteção ,assim como o de Kate com os arrendatários de seu pai, o mantem preso ao castelo.
“ A única coisa que podia fazer era rezar para que a noiva escolhida por Augustus – provavelmente uma pessoa religiosa, cheia de pelos no rosto e tão virtuosa quanto virginal- tivesse fibra suficiente pata tomar conta do castelo. Só assim poderia partir para Cartago .”
O envolvimento dos dois é inevitável, ambos acabam se aproximando (os passeios que fazem são sempre bem românticos e fofos) e percebendo que as faíscas que lançam juntos podem gerar um incêndio de grandes proporções e com consequências perigosas e indesejáveis para ambos. Só que nada disso impede Gabriel de se apaixonar por Kate e esse amor proibido vai transbordar justamente no dia do baile, que foi onde a história mais me irritou: primeiro porque Kate sempre me pareceu uma mulher de princípios e forte e como ela se comportou meio que fez essa imagem que eu havia criado desmoronasse, uma pena ; segundo porque com a chegada de Tatiana ,Gabriel mostra que seguirá com os planos impostos a ele com ombridade (tudo bem até entendo ,ele é um príncipe e tal, mas não precisava ficar tão derretido) e acaba gerando meu terceiro desgosto que foi o ponto de conflito da trama. Sinceramente ,eu não consegui imaginar a cena sendo plausível para a época sugerida pelo livro, mas enfim...ela acontece e quebrou um tantão do meu encanto pela trama.
Graças a Deus, Eloisa James se redimiu com um final mais-que-perfeito onde retoma sua analogia principal e acaba recuperando algumas das muitas estrelas que eu tinha tirado do livro.
Não posso deixar de trazer de volta os personagens que para mim foram destaque na trama que foram os cachorrinhos de Victória, Freddy, Ceasar e Coco, cada um com sua personalidade e atitudes próprias conquistou meu coração e roubaram a cena.
Ah ! E também fiquei desejando um amor para o meio irmão de Gabriel, Wick, que é braço direito do príncipe e figura marcante na história.
Vamos falar de edição agora que está muito bonita com uma capa-referência ao conto muito bem escolhida e detalhes internos que também atrai a atenção do leitor tais como o desenho da parte interna , o desenho e títulos de abertura dos capítulos, folhas amareladas.
3/5 estrelas.
Beijos, Myl.
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