Neverwake

Neverwake Amy Plum




Resenhas - Neverwake


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Naty 24/04/2019

Cuidado com seus pesadelos. Ou você os vence, ou eles te derrotam.
Um livro fantástico.
O leitor continua, de pesadelo em pesadelo com os personagens, e o ritmo da história continua o mesmo. Alguns personagens morrem no primeiro livro e mais alguns nesse segundo.
O interessante é que autora se utilizou dos pesadelos desses adolescentes não para fazer um livro de terror somente, mas para mostrar como cada um, do seu jeito, sofria na vida real. Ou por um pai violento ou por sofrer bullyng dos colegas, ou por se sentir culpado pela morte de seus pais ou pela morte de sua irmazinha, ou por ter um pai que acredita que sua doença é apenas uma falta de força interior e não uma condição de saúde. Apenas um dos personagens escapa da regra: Sinclair. O porquê a gente descobre no fim do livro anterior e, durante esse livro, nos dois pesadelos que fluem da mente de Sinclair.
Essa parte de Sinclair deixa a história um pouco parecida com investigação criminal. É bem interessante e bem bolado pela autora. E isso tudo vem acompanhado pelo medo do que pode ocorrer se ninguém descobrir a verdade sobre eles antes.
A gente continua acompanhando Jaime, que é um estudante de medicina que está acompanhando esse procedimento, e simplesmente ele demonstra em todo história um sentimento que deve permear qualquer médico que se preze, o amor ao outro e o saber se colocar em seu lugar. Ele acaba extrapolando um pouquinho isso e acho que a autora fez ele fazer uma coisa que seria quase que impossível para alguém tentar fazer. O quanto ele se arrisca para salvar esses personagens é mais do que eu realmente acreditaria que alguém faria, mas...estamos num livro de ficção, então... De qualquer forma, um personagem legal de se acompanhar e bem construído.
A autora também soube aproveitar cada página. Para um livro de 336 páginas, ela não joga nenhuma fora.
O que eu descrevi no título da resenha sobre vencer seus pesadelos diz respeito ao fato de que, apesar do fracasso daquela experiência médica, eles, pelo menos os que sobreviveram, foram curados. Muitas vezes, o medo abate a nossa capacidade de lutar e é, nessas horas, em que ele é nocivo. É nessas horas em que temos que o vencer ou é xeque mate para nós.
Por fim, vou terminar essa resenha com vários SPOILERS. Amei a história e, realmente, quero expressar tudo que senti por cada personagem aqui.
Amy Plum fez um ótimo trabalho.
SPOILERS DA HISTÓRIA LOGO ABAIXO (SE NÃO TIVER LIDO O LIVRO, NÃO LEIA):
Cata: uma personagem super legal de acompanhar e que passou por muitas dificuldades com seu pai, pois ele batia muito nela e nas irmãs depois da morte de sua mãe. Por isso, ela fugiu, mas teve que deixar para trás as irmãs. Foi morar com uma amiga da sua mãe e ganhou liberdade do seu pai em juri, após o juiz, pelas provas apresentadas, juga-la correta. No entanto, seu pai, tentando se livrar, chamou-a de mentirosa e ele ainda tem a posse de duas duas irmãs. Ela tem pesadelos com seu pai e guarda o remorso de ter abondonado suas irmãs com "aquele monstro".
A autora mostra como ela lida com essa síndrome do estresse pós-traumático e como isso atingiu seu equilíbrio psicológico. É interessante que a autora retrata situações em que ela se desconecta de sua mente. É como se ela não sentisse o que realmente estivesse ocorrendo com ela. Isso é bem interessante e bem real. É uma forma que nossa mente encontra para se proteger do trauma. Remi, outro participante desse estudo também tinha isso.
No fim, ela tem que agir com coragem no último pesadelo. Ela só vai passar se conseguir vencer seu medo e ela vence, falando a verdade para o pai e dizendo a ele que ela vai fazer de tudo para salvar suas irmãs (isso no pesadelo, ok?)
Antonine ou George (vai entender isso quem leu o livro anterior): Ela é super inteligente, mas tem TOC e grande dificuldade para se relacionar com as outras pessoas. Ela quer tudo milimetricamente correto e calculado e, por isso, tem dificuldade em aceitar o mundo e em ser bem aceita. Seus colegas fazem bullying com ela de forma bem abusiva, pois ela não reage. Por isso, ela cria essa nova imagem de si mesma no sonho como a menina mais corajosa de lá, George. Ela é, no fundo, essa menina corajosa e é essa falta de coragem e esse medo dos outros e de se impor que ela tem que vencer e vence no fim ao fazer uma coisa tão simples (para a maioria das pessoas) como receber um prêmio num palco.
Beth Ann: a gente tem pouco contato com ela, pois ela morre no livro anterior, mas, pelo pouco que a acompanhamos, ela tem anorexia e se culpa pela morte da irmã. Seus pais a deixaram tomando conta de sua irmã e ela simplesmente morreu afogada na piscina sem Beth Ann perceber. Por isso, ela se culpa pela morte de sua irmã e não consegue dormir direito, tendo pesadelos sobre o fato. No entanto, como ela morre muito cedo, a gente não acompanha nenhum dos seus pesadelos de perto.
Quanto a como ela morreu, vou explicar melhor posteriormente.
Remi: Ele é um garoto africano que perdeu sua família num genocídio, episódio em que ele se fingiu de morto e foi o único a sobreviver. O seus pesadelos são sempre os piores e os mais mortíferos. Depois disso, ele se culpa por não ter tentado salvar sua própria família.
Durante toda a história, ele é um personagem focado em sobreviver. No entanto, nem sempre os que pretendem sobreviver são os que sobrevivem.
Vou contar mais sobre a morte dele a seguir.
Fergus: o personagem mais fofo da história de longe. A questão dele é que ele tem narcolepsia, uma doença em que a pessoa tem dificuldade para dormir a noite e muito sono pela manhã. Além disso, cataplexia, em que emoções muito fortes induzem a pessoa a cair. Seu pai é um grande escritor de autoajuda e não aceita que seu filho tenha isso. Ele acha que isso é coisa da mente e que, se Fergus, tivesse mais força de vontade, ele poderia vencer essa sua doença. O que ele não entende é que isso é uma doença orgânica e não mental. Fergus não tem controle sobre isso. Apesar das inúmeras ofensas que recebe de seu pai, ele continua o amando, mas vai chegar um ponto em que ele vai ter que dar um basta. Violência psicológica também é violência.
No seu pesadelo final, Fergus enfrenta seu pai e diz que vai lidar com sua doença, conseguir um emprego e seguir sua vida, evitando assim qualquer dependência dele.
De qualquer forma, Fergus traz uma informação do mundo real em uma das partes da história em que ele quase morre e tem contato com Jaime, o qual o avisa que existe u psicopata entre eles. Ele só não diz quem.
Isso faz com que Fergus procure em seus colegas traços de um psicopata. Pena que ele escolhe Remi como principal alternativa. Erro feio.
E, por fim, vamos falar de Sinclair, o psicopata. Primeiramente, no fim, descobrimos que nem mesmo a imagem que vemos dele nos pesadelos é verdadeira. Sua mente é tão conturbada que ele tem uma visão diferente de si mesmo. Ele se vê como um galã de cinema super bonito e é isso que aparece em seu subconsciente e, portanto, no pesadelo. Enfim, a imagem dele é uma farsa.
Ele mente quanto a ser dono dos pesadelos que se referem a ele, a fim de ninguém pensar que ele matou aquelas três pessoas. Ele só "se entrega" em seu segundo pesadelo, pois, se ele não fizesse alguma coisa, ele iria morrer. E tudo, para ele, gira em torno dele. No início do livro e durante todo ele é difícil ver isso, mas tudo se deve a como esse tipo de pessoa consegue se esconder atrás de mentiras para disfarçar seu verdadeiro eu. Ele é o lobo em pele de ovelha, com certeza. Mas só conseguimos perceber isso se repararmos bem. Como Ant dizia, ele é "difícil de ler".
Quanto a sua história, ele induziu 3 adolescentes a se matar. Ele se fingia de amigo, fazia as outras pessoas odiarem aquela pessoa e fingia se importar, já que a pessoa não sabia que ele estava por trás de tudo. No fim, ele a traia, ou induzindo ela mesma a se matar ou colocando ela numa situação de perigo e morte ou, simplesmente, a trancando. Ele é LOUCO.
Ele até sugere em uma certa parte que Cata se mate. Sério. Ele nunca suja as mãos diretamente. Ele faz com que os outros errem e se aproveita de suas fraquezas para fazer com que elas mesma se coloquem em perigo. E foi assim que BethAnn morreu. Ele, em uma conversa a sós com ela, fez ela se sentir culpada pelo que tinha feito a irmã e, assim, dar sua vida para salvar Ant no primeiro livro.
Quanto a Remi, ele sussurra para Remi, quando eles estão fugindo, que ele é culpado pela morte de seus pais e que ele nunca salva ninguém só a si mesmo. Depois disso, ele acaba perdendo sua vida para tentar salvar um outro personagem.
O seu pesadelo final foi a parte mais interessante. Como ele paga pelo que fez em seus próprios sonhos e ficará enclausurado ali para sempre. Ele nem se sente culpado. É como se ele não tivesse aprendido. Não tivesse passado na prova final. No pesadelo final...
Quanto ao sétimo personagem, acho que o nome dele é Bratt. Ele tem uma doença degenerativa cerebral e, por isso, pouco participa da história, mas é muito triste acompanhar como é alguém sentir que os outros estão falando dele como se ele não existisse só porque ele não parece mais em si, nem responde a estímulos.
No fim, a autora termina com o futuro dos personagens que restaram. Uma obra fantástica com certeza. Me fez pensar bastante. Gostei demais.
SPOILERS DA HISTÓRIA ACIMA (SE NÃO TIVER LIDO O LIVRO, NÃO LEIA)
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