Marcela 23/08/2013
"Como você conheceria a felicidade, se nunca passasse pelas fases tristes?"
Eu já havia comprado esse livro há um bom tempo (tanto, que nem lembro quando), mas, por algum motivo, ainda não achava que era a hora de ler. Acho que foi na época em que eu estive passando por uma fase "mais sensível" e simplesmente não queria arriscar a me acabar de lágrimas lendo um romance... mas "P.S. Eu Te Amo" nem mesmo é um romance com carga altamente dramática, como eu cheguei a pensar. É uma história de superação.
A trama, em si, é bastante simples: após a morte de Gerry, Holly fica devastada. Algumas semanas depois disso, ela recebe um pacote de cartas assinadas por ele e, acaba fazendo disso sua "bíblia" pessoal, absorvendo as "lições" que seu finado e amado marido lhe deixou. É a partir disso que Cecelia Ahern discorre, com uma sensibilidade (e com um toque mágico de "mundo real") incrível.
O enredo é bem construído. A personalidade de cada personagem é muitíssimo bem explorada, e as relações entre eles são o ponto forte. Há uma dose de humanismo que permeia todo o livro. Não é nada surreal ou muito romanticamente idealizado. A história é recheada de dramas sutis que qualquer um pode enfrentar em seu dia-a-dia. Superar a perda de uma pessoa que amamos e seguir em frente, com a sua vida, sem ela. Contar com o apoio dos amigos e da família para isso. Se renovar, se redescobrir...
Cecelia aborda bastante a questão da família, tecendo com maestria toda uma explicação acerca do relacionamento de Holly com cada membro dos Kennedy (seus irmãos: Richard, Jack, Ciara e Declan, e seus pais), para além, claro, da questão da amizade verdadeira (como no caso de Sharon e John, de Denise, e de Daniel). São essas as pessoas que realmente se importam e que a incentivam a agir, dar um novo rumo a sua vida. E isso é incrível, porque Holly não é nem um pouco perfeita, mas uma humana cheia de defeitos, manias, muitos medos e insegurança, e erros.
Sem dúvidas, há partes escritas para fazer o leitor sorrir descontraidamente, mas, num geral, o livro é uma grande e bela lição de vida, porque é cheio dela. E apesar de não haver nada de muito extraordinário (do tipo: mistérios e reviravoltas, ação típica de um thriller, romances vertiginosos, toques sobrenaturais ou afins, como muito se vê hoje), é nessa sutileza que repousa a graça do livro. Cecelia Ahern mostra que não é preciso "apelar" para fazer algo bem feito. Meus parabéns!