ale 25/07/2009
Um golpe profundo na individualidade pós- moderna
Tão atual, tão destrinchador do que era e viria a ser a crescente individualização da modernidade, pós-modernidade, e, os emos que me perdoem (vocês são apenas um pífio regurgito de uma pretensa volta ao sentimento) , mas acho que do muito que nos seguirá. Os lamentos pungentes do Pai Goriot são os lamentos do sentimento desencantado e desencarnado, que não fazem nada senão sofrer e estertorar na nossa sociedade, no nosso mundo cada vez mais distante da humanitas.
Comecei a ler o livro de má vontade, foi um dos que adiei a leitura na comédia humana. Pensei que ia me identificar com as filhas. Quando vi, era o pai Goriot.
Que horror, amar tão devotadamente pessoas que não tem profundidade nem para perceber as primícias do afeto, que sofrimento, receber a cada dia a ingratidão e a cobiça como resposta aos seus mais caros e sagrados sentimentos.
Ao mesmo tempo, como no poema A Flauta Vértebra de Maiakovski, sentir como Eugênio que o único modo de não sucumbir de dor é mudar, e essa mudança com todas as dores e náuseas possíveis não é empreendida por nós, nos é forçada goela abaixo. Dia a dia. A canção que toca a flauta não foi escolhida por nós, no entanto, está em nossa medula, Para uns o sucesso metrossexual ou a prostituição "de charme" capitalista, para outros, um calvário de amargura crescente e inevitável.
Mas o melhor é Vautrin. Não o pintarei. Não posso, não tenho forças nem profundidade. Apenas digo que como mulher, me sinto feliz de não ter cruzado seu caminho. Se pudesse ser homem, daria tudo para obter sua atenção, sentar com ele em uma estalagem, diante de um belo guisado e passar a noite ouvindo-o e tomando um belo borgonha, claro, acompanhado de figos da Provence.