A estrada

A estrada Cormac McCarthy




Resenhas - A Estrada


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Gustavo616 24/07/2012

O que seria A Estrada?
Lembro que quando terminei de ler A estrada eu estava no intervalo das aulas teóricas de habilitação, um lugar um tanto estranho eu admito. Li o livro em um mês e acho que até demorei (quando gosto realmente costumo lê-lo no período máximo de uma semana). O ponto forte para que eu não fizesse isso foi logo no começo da leitura, quando me deparei com algo bem estranho: a prosa.
O jeito que o McCarthy conduziu essa obra, seja nos diálogos curtos, diretos e sem travessão, seja na filosofia expressa nas entrelinhas em cada situação e em cada reflexão dos personagens, assusta logo de início.
Pra quem é acostumado com o estilo literário despojado e extrovertido, diga-se de passagem Dan Brown e Harlan Coben, ou até mesmo os mais recentes fenômenos da literatura infanto-juvenil bem mais juvenil Suzanne Collins e Rick Riordan, fica meio difícil de assimilar. Mas ao assimilar, o fato inegável é não se apaixonar. Porque por mais que o final seja triste e nem um pouco esperado entre nós leitores, o conjunto da obra é tão profundo, detalhado e envolvente que é impossível não se cativar por A Estrada.
Em um mundo apocalíptico somos apresentados ao Homem e o Menino, pai e filho, andarilhos da Terra que buscam sobreviver em meio ao caos e a desolação que se encontra o planeta. E o mais interessante de tudo é que nosso chapa McCarthy usa desse cenário não para enfatizar o estado caótico do mundo, não para enfatizar os desastres naturais que ocorreram, nada disso. O foco é no simples relacionamento entre pai e filho no qual "um é o mundo do outro". Relacionamento que no caso eu achei instigante e muito bonito se ver (ou ler).
Sem precisar de mais personagens, A Estrada consegue cativar de forma a pensar "Cara, porquê eu não li isso antes?" ou "Eu preciso achar mais obras desse nível".
Então meu chapa, se você está com vontade de ler algo onde a cada parágrafo e página lida você vibra, torce e sofre com as estradas do Homem e do Menino, com vontade de ler algo com simplicidade e ao mesmo tempo complexidade literária, eu recomendo A Estrada do nosso queridão Cormac McCarthy.
Ah, e qualquer vontade de que a página 234 não chegue é meramente normal.
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Gláucia 06/06/2012

A Estrada - Cormac McCarthy
O mundo foi devastado, restam apenas ruínas, a paisagem é cinza, inóspita e o clima gelado. Os poucos sobreviventes são molambos, restos de gente faminta capaz de qualquer barbaridade em troca de um trapo ou algo comestível. Entre eles um pai e seu filho caminham por uma estrada que os levará quem sabe para onde? Haveria salvação? Um final feliz seria possível? A leitura foi rápida pois precisava com urgência de respostas para tais perguntas.
O livro nos mostra como é forte o instinto de sobrevivência, como pode ser poderoso o vínculo gerado pelo amor e, principalmente, nos fala de esperança.
Kéren 21/07/2013minha estante
GOSTEI MUITO DO LIVRO. A NARRATIVA ME PRENDEU DO COMEÇO AO FIM.


Gláucia 21/07/2013minha estante
Eu também Kéreni; tanto que acabei comprando outros 2 livros do autor, mas ainda não li. O filme tb é bom.




Johnny 18/05/2012

Um romance de rara beleza
Pai e filho procuram sobreviver em um mundo reduzido a ruínas, devastado por alguma tragédia inexplicável. O cenário é pós-apocalíptico, nada mais se produz, inexiste geração de energia, o céu é cinzento, faz frio, chove e neva o tempo todo.

Restaram vivos apenas seres errantes que buscam qualquer tipo de alimento nas casas abandonadas e cobertas de cinzas. Alguns andam em bandos e comem carne humana. São capazes de matar por um trapo qualquer que possa cobrir o corpo.

O menino é quase uma criança, tem poucas referências da vida como ela era nos tempos de normalidade. Começa a compreender as coisas já imerso em uma realidade hostil e sem perspectivas. Conta somente com os ensinamentos do pai, reforçados por um temperamento sensível e humano, demasiado humano para quem pouco a pouco se descobre em meio à barbárie. O futuro não permite sonhar. Os sonhos possíveis são pesadelos que emergem na poeira da noite.

O pai é o herói do garoto, e não poderia ser diferente, pois é muito raro terem contato com outras pessoas. A relação entre ambos é comovente. O filho aprendeu que eles carregam o fogo, eles são pessoas do bem e o bem sempre vencerá. Para o pai cada vez mais doente, é enorme a tristeza de ver uma criança sem a mínima chance no horizonte.

O fio de concretude que dá algum sentido às suas vidas é a estrada em direção ao mar. Por ela, empurram um carrinho de supermercado com seus poucos pertences. O pai repete várias vezes que tudo está bem, tenta levar conforto ao espírito inquieto do garoto, busca alimento e cobertores e roupas. O pai faz o fogo e abraça durante a noite, conduz pela mão durante o dia, protege dos “caras do mal”.

Se o sentido de suas vidas é encontrar algum lugar que não sabem como será, só lhes resta em essência o amor, um sentimento quase desesperado que os une. É esse sentimento que transforma esta história em uma bela história contada com precisão e simplicidade nas palavras, uma saga de andarilhos que emociona o leitor, que faz do romance um dos mais belos romances já escritos.


site: https://sites.google.com/view/literaturaemosaico
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Sérgio 13/05/2012

Sobrevivência a qualquer custo (?)
Ficha Técnica

Título original: The Road
Gênero: Romance
Ano de lançamento: 2006
Ano desta edição: 2010
Editora: Alfaguara
Páginas: 234
Idioma: Português (tradução de Adriana Lisboa)

Citação: "Pegou a mão do menino e colocou o revólver nela. Pegue, ele sussurrou. Pegue. O menino estava aterrorizado. Colocou o braço em volta dele e o abraçou. O corpo tão magro. Não tenha medo, ele disse. Se eles te acharem você vai ter que fazer isto. Está entendendo? Shh. Não chore. Está me ouvindo? Você sabe como fazer. Coloca dentro da boca e aponta para cima. Faça rápido e com força. Está entendendo?"


"A Estrada", de Cormac McCarthy, foi uma surpresa para mim. Não conhecia o autor, não sabia do filme, não tinha ideia sobre o que seria o livro além do que estava escrito na sua contracapa quando ele chegou em casa, presente de uma grande amiga (obrigado, Mari!).

O "Vencedor do Pulitzer" no alto chama a atenção. E o livro não decepciona. Ele conta a história de um pai e um filho (que não tem seus nomes revelados), que após um evento apocalíptico tem de viver em um mundo em ruínas, lutando pela sobrevivência. Eles vagam pelas estradas destruídas, tentando chegar à costa, sem saber o que encontrarão.

O narrador é em terceira pessoa, mas não é onisciente, e sim parcial: ele acompanha a figura do pai, e registra tudo pelos seus olhos. McCarthy utiliza-se muito do ambiente que os cerca para descrever os sentimentos do pai, não usando o recurso de revelar seus pensamentos diretamente: num mundo arruinado, com o ar coberto de cinzas e com chuvas e frio constantes, o humor e expectativas do pai refletem o ambiente, o que é bastante interessante ("Ele ficou deitado ouvindo a água gotejar no bosque. Um leito de pedra, isto. O frio e o silêncio. As cinzas do mundo falecido carregadas pelos ventos frios e profanos para um lado e para o outro no vazio. [...] Todas as coisas retiradas de seu suporte. [...] Sustentadas por uma respiração, trêmulas e breves").

Um ponto interessante é que o livro começa de um determinado ponto de sua jornada, sem uma introdução. Aos poucos, o panorama é apresentado e passamos a entender um pouco a situação dos protagonistas. Nesse aspecto o "resumo" da contracapa é ruim, pois ele quebra todo o clima criado por McCarthy no começo do livro, revelando aos poucos a situação em que eles se encontram (se bem que o ponto chave do livro, esse sim é guardado para mais tarde; e que choque!). Mesmo assim, o evento que causou a destruição da humanidade não é explicado, nem quando ocorreu: o homem apenas diz que foi "há anos atrás". Isso faz todo sentido, afinal o narrador acompanha o pai, e ele não é detentor de toda a informação. E também somos poupados de toda aquela tentativa de justificar cientificamente um possível evento apocalíptico, que já estamos cansados de saber de outros filmes.

O livro é arrastado. Na maior parte do tempo, pai e filho vagueiam pela estrada, e sua rotina e pequenas conversas são esmiuçadas. É de se admirar que McCarthy consiga fazer uma obra de algo que, se formos pensar, é extremamente enfadonho. Mas ele escreve bem, utiliza-se de expressões diferentes para descrever o ambiente ao redor, e consegue dar cara nova para o que, aos olhos de pessoas menos talentosas, seriam apenas árvores carbonizadas. Mas também há os momentos de tensão, que geralmente ocorrem quando eles encontram outras pessoas pela estrada. São eventos rápidos e intensos, descritos de maneira tão fugaz que, quando você percebe, a ação já ocorreu. Como na vida, quando dizemos que "foi tudo tão rápido, quando eu vi já não dava mais para reagir". E o que é revelado, logo no primeiro encontro, me deixou de cabelo em pé. E aí é que a grande questão do livro se revela: o que é a humanidade, afinal? Somos definidos pela sociedade em que nos encontramos, ou pelo que queremos ser e como queremos agir? O que é certo e errado afinal? Se ética é um conjunto de leis determinado por uma sociedade sobre a maneira como as pessoas devem agir, quando tal sociedade deixa de existir tais regras ainda se aplicam? Na luta pela sobrevivência, vale mesmo a lei do mais forte? Aliás, vale a pena sobreviver em um mundo cujo futuro é sombrio?

Obviamente o livro não te dará as respostas para tais perguntas, mas fará você refletir sobre elas, e se perguntar "o que eu faria em uma situação assim?". Para quem gostou de "Ensaio sobre a Cegueira", de Saramago, e gosta de "The Walking Dead", o livro aborda temáticas parecidas e pode ser uma boa pedida. E talvez te faça pensar sobre as coisas importantes da vida, e sobre viver e sobreviver.

Leia esta resenha e outras em: http://catharsistogo.blogspot.com.br/2012/05/estrada-cormac-mccarthy.html
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jota 12/09/2011

Para o sul e o sol
Este é o quarto livro de Cormac McCarthy que leio. Antes foram: Todos os belos cavalos, Meridiano sangrento e A travessia. E tornei-me seu fã. Já tinha visto o filme A Estrada (2009) e gostado bastante, apesar daquela atmosfera lúgubre e cinzenta de fim dos tempos que perpassa por toda a fita. O livro foi considerado pelo Times, entre cem títulos, o melhor da década passada e ganhou o prêmio Pulitzer de 2007. É muito mais que um relato apocalíptico - é a profunda e comovente história de um pai e seu filho, "cada um o mundo inteiro do outro". No meio do nada, onde não há mais esperança, "o amor entre ambos os fará prosseguir indefinidamente em busca da salvação." E o amor, a gente sabe como é, não?

Bem, os personagens principais não têm nome, são o homem (no cinema, Viggo Mortensen) e o menino (Kodi Smit-McPhee), ou o pai e o filho. A mulher ou a mãe (Charlize Theron) aparece pouco, apenas quando o pensamento dos personagens se volta para o passado (que também é futuro, na verdade). São demais os perigos desta estrada, dessa vida na América pós-apocalíptica, que em certas horas se parece com o final de O Planeta dos Macacos (o primeiro, de 1968). E pior, as águas estão poluídas, as florestas queimadas, as cidades abandonadas, as cinzas encobrem tudo e as pessoas vagueiam pelas estradas sem destino. Nem todas - na falta de comida os maus (e não os macacos) saem pelas estradas para caçar os bons (e também outros maus), que lhe servirão de repasto. Nessa história, o menino, ainda que pequeno e magro, é carne de primeira...

Prosseguir, não há como ser de outro jeito: a salvação está na estrada. E a morte também. Então há que ficar atento o tempo todo no caminho em direção ao sul. Nem todos os homens são maus. Mas parece que os bons foram ficando pelo caminho. Ou foram mortos pelos maus durante sua caminhada para o sul. Muito frio, muita fome, muita degradação, ruína e sujeira; muitas vezes o desespero rondam os personagens - o pai reservava duas balas não apenas para se defender e ao filho...

Vale repetir: são demais os perigos desta estrada. E são muitos os atrativos que a escrita de Cormac McCarthy oferece em cada página, até o final. Quem viu o filme sabe como o livro termina, pois a (ótima) adaptação cinematográfica dirigida por John Hillcoat em 2009 seguiu fielmente a obra de McCarthy. Por isso o filme também deu tão certo, acho. Aliás, A Estrada é um livro bastante cinematográfico; não fica nada difícil imaginar em cenas da tela grande os percalços e demais eventos que pai e filho vivem nas páginas desta obra. Já quem não viu o filme...

Bem, para finalizar, como disse a revista Newsweek, toda vez que um novo livro de Cormac McCarthy é lançado as fronteiras da ficção norte-americana se tornam mais amplas - e aqui é impossível não pensar também em Todos os Belos Cavalos e A Travessia, especialmente, onde a ideia de amplidão, de ir além, aparece com grande energia. Para mim A Estrada é um livro 5 estrelas, sem dúvida.
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fgfonte 01/08/2011

que nao seja
Um livro triste, sobre dias difíceis. Sobre o fim dos tempos,
A sobrevivência da raça humana esta em perigo eminente, dependendo de uns poucos sobreviventes que consigam manter a razão sem perder a dignidade. A maioria já voltou á barbárie.
O livro fala da relação do pai e filho na Jornada para sobreviver em uma terra destruída. Em busca de algo que nem eles sabem poder encontrar no fim da estrada. Uma relação que pesa esperança e desespero numa luta insana pela sobrevivência.
Nesta estrada a humanidade pode estar afinal chegando ao fim da linha, onde só restarão lembranças de um mundo magnífico.
O livro é também um alerta para que possamos manter a natureza preservada e renovável.
Resta incomoda a sensação de que a felicidade de um dia de sol, possa no final, se transformar em um mundo cinza, morto e estéril.
E tudo isso por nossa culpa, nossa inteira culpa
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Macedo 21/07/2011

Enfim consegui terminar esse livro!
É... não foi um dos meus favoritos nem tão pouco um que quero ler novamente, mas, dando um certo crédito da pra se ler esse livro!
O complicado é q vc espera, espera, espera por alguma coisa e nada acontece! tirando a relação pai/filho... este livro fica muito vazio!

outra coisa que tb não gostei muito é a forma do Autor escrevê-lo, frases muito repetitivas, dentre outras coisas. E coisas que o personagem faz que vc se pergunta: "e pq ele não faz isso?!"

E sobre o final... não me agradou muito, não o acontecimento principal, mas... a interrogação q se deixa sobre o que aconteceu depois!
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Euflauzino 24/06/2011

A solidão do ser
“A estrada” é um desses livros: ame-o ou deixe-o! Encontro-me no primeiro grupo. A aridez das palavras sempre me chama a atenção. O contato cru entre pai e filho reflete tudo o que há de bom e ruim no ser humano, um Jung moderno, econômico, metalingüístico, rude.

A perda da humanidade já se reflete na maneira de se dar nome aos personagens: “homem e menino”, “pai e filho” e nada mais. Sem identificação, sem identidade, mas não sem personalidade. Tudo isso é proposital, causa estranheza em meio ao cenário apocalíptico.

O menino mais parece o “grilo falante” de seu pai, sua consciência, é a lembrança da pureza. Não há passado e não há futuro, existe apenas a estrada. Isso me remete à Guimarães Rosa com seu “A outra margem do rio” – não é o caminho que importa, o que importa é o caminhar.

A tristeza traduz todo livro. A pouca felicidade é contida, o medo de ela acabar faz com que ela inexista em sua plenitude. Não existe o bem e o mal, isto é passado e as regras são todas feitas no momento em que ação se dá. É uma grande sacada e assim o ritmo, que é arrastado, ganha um pouco de dinamismo.

Tenho dificuldades com o estilo de Cormac, com seus excessos de conectivos ligando frases e mais frases, mas seu talento é inegável e a audácia de se tratar da solidão através do final dos tempos já mereceria menção honrosa. É um livro pesado, pra quem aprecia um diálogo consigo mesmo e gosta de tocar em feridas e tabus impostos por uma criação onde o certo e o errado são bem definidos, sem meio termo.

Observação: o filme também é belíssimo.
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iJean 23/06/2011

Perturbador e Emocionante
Acho que como muitos,eu conheci primeiro o filme.
O tema é o meu preferido,mas esse mundo pós-apocalíptico de McCarthy é diferente de todos já relatados...Um pai e seu filho,andando pelas estradas em busca de alimento e esperança,vivendo um dia de cada vez.
Ninguém sabe ao certo como aconteceu,o Ser humano causou isso,ou a natureza se cansou de nós?!
O menino nasceu nesse mundo cinza,pouco do que ele conhece é o que seu pai fala,ou o que vê em gravuras nos livros que restaram.Os diálogos entre pai e filho,são o ponto forte do livro,e o que acabou me emocionando a ponto de chegar as lágrimas.
Durante essa jornada até a costa,eles enfrentaram o extremo,o frio,a fome,lutaram pelas suas vidas,e verão cenas chocantes.Mas também terão momentos pequenos de felicidade,como quando encontraram um abrigo subterrâneo.
Ao final do livro,McCarthy nos leva ao ápice da emoção...
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Andrea 23/04/2011

- Você gostaria de morrer?
- Não. Mas talvez eu gostasse de ter morrido. Quando você está vivo sempre tem isso à sua frente.
- Ou você talvez gostasse de nunca ter nascido.
- Bem, mendigos não podem escolher.
- Você acha que que isso seria pedir demais.
- O que está feito estão feito. De todo modo, é uma bobagem pedir luxos em tempos como estes.



Esse é um daqueles livros difíceis de se ler. Não porque a história seja ruim, apesar de ser um pouco arrastada, mas é tão desalentadora que eu tive que ler aos poucos pra não me desiludir da vida.

Estou acostumada com o fim do mundo na ficção, mas com a história acontecendo durante e/ou imediatamente após o evento catastrófico que dizimou quase toda a população. Acho que ainda não conhecia nenhuma que tivesse ido mais além e mostrado o futuro desse mundo apocalíptico.

A Estrada te apresenta um mundo completamente devastado e saqueado. Nada de água potável, de comida, de animais, de árvores, de sol... Um mundo dizimado, onde algumas das poucas pessoas que restaram perderam a humanidade.

O foco do autor é na relação pai x filho e no amor entre eles, na fé e na esperança que nunca devem ser perdidas, mas eu perdi a minha logo no começo. E não mais recuperei durante a leitura. Senti a mesma coisa assistindo o filme. Aliás, achei que foi uma boa adaptação e conseguiu pegar essa sensação de vazio, de cinza, de tristeza do livro.

Se eu fosse resumir em uma frase o que senti lendo esse livro foi que me senti incomodada.
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lfcardoso 20/03/2011

Um romance tocante e original com um tema batido
A ideia de um mundo devastado pela guerra tem inspirado vários escritores, especialmente os de ficção científica. É enorme a quantidade de histórias que mostram homens lutando pela sobrevivência contra seus semelhantes. Os derrotados são escravizados ou devorados pelos vencedores.
Criar algo original com um tema bastante explorado é um grande desafio. O escritor Cormac McCarthy não se intimidou. O resultado é um romance comovente cujo ponto forte reside na relação entre os dois protagonistas, pai e filho, que lutam para sobreviver em uma América pós-apocalíptica.
Com a proximidade de um inverno bastante rigoroso, os dois personagens principais decidem seguir por estradas abandonadas em direção à costa, mesmo não sabendo o que encontrarão por lá. Para essa perigosa jornada, pai e filho contam com um carrinho de compras, uma pequena quantidade de alimentos, cobertores em farrapos e um revólver com poucas balas para se defenderem dos grupos de assassinos e canibais que vagam pelas estradas.
O autor fornece poucas informações sobre o que aconteceu com a Terra. Através das memórias do pai, é possível deduzir que houve uma guerra mundial, embora não seja revelada a causa. Também é dito o que aconteceu com a mãe do menino. Para não estragar a diversão dos que forem ler a obra, nada será dito sobre o destino da personagem.
Doente e atormentado por pesadelos, o pai se esforça para passar segurança ao menino e não demonstrar fraqueza. O amor que sente pelo filho é o que o impele a seguir em frente, além de não o deixar enlouquecer ou se entregar à selvageria.
Mesmo crescendo num cenário hostil, o menino é capaz de atos de bondade e compaixão. Quando encontra um outro menino, ele pede ao pai que adote a criança perdida. Em outro momento, o garoto insiste para que o outro protagonista dê um pouco de comida a um velho que encontraram na estrada. A maior demonstração de bondade acontece quando o filho implora ao pai para poupar a vida do ladrão que os havia roubado.
Apesar de gerar alguns pequenos desentendimentos, o protagonista adulto aprecia e incentiva o lado humanitário do filho. O pai sempre afirma que eles são os “caras do bem” e que “levam o fogo”. Esse fogo simbólico é o amor, sentimento que os mantém unidos e os impulsiona a prosseguir em sua jornada em busca de salvação. Enquanto houver um ser humano capaz de amar o próximo, haverá a possibilidade, mesmo pequena, de que a humanidade abandone novamente a barbárie e crie uma nova sociedade.
Apesar de triste, o final do livro traz uma mensagem de esperança, além de mostrar o quanto o menino amadureceu. Os mais sensíveis irão derramar algumas lágrimas. Os mais resistentes sentirão um nó na garganta.
O uso de termos gastronômicos não é a maneira mais original de atestar a qualidade do romance de Cormac McCarthy, mas é uma das que melhor expressa o valor do livro. O autor é um grande chef, consegue criar um prato saboroso e sofisticado. Usa um ingrediente tão batido como o tema do mundo pós-apocalíptico e adiciona como tempero a relação entre pais e filhos.

Veja mais resenhas em http://www.literatsi.com/category/resenha/
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Vitor 12/02/2011

Numa terrível estrada que parece nunca ter fim, os dramas de toda a humanidade estão transparecidos num pai e seu filho
Há histórias nos que fazem chorar e se emocinar, por motivos diversos. Outras nos marcam, ou chocam, ou tocam, ou aterrorizam. Sabe de uma coisa? A Estrada fez comigo tudo o que falei até agora. Seja pouco a pouco nos detalhes, seja na trágica jornada de pai e filho, seja por apresentar-nos um mundo devastado e assustadoramente possível, o livro me marcou de um jeito que poucos fizeram até então. Até o fim da resenha vocês entendem o porquê.

A trama do livro é basicamente bem simples: um homem e seu filho estão por sua própria conta num mundo cheio de pó, cinzas e recordações terríveis de uma civilização que um dia existiu. Com um carrinho de mercado quase vazio e um revólver com duas balas, eles percorrem as estradas que restaram rumo ao sul, aonde decidem arriscar a sorte mesmo sem saberem ao certo o que encontrarão no fim do caminho.

E é isso. A partir daí somos jogados pouco a pouco nesse terrível mundo cinzento pelo ponto de vista dos dois, que estão constantemente passando fome e risco de vida. E as questões morais que são discutidas ao longo do livro são atemporais ao mesmo tempo em que são sutis e cruéis. Vale a pena viver num mundo sem esperança? Deve-se fazer de tudo para sobreviver, até mesmo condenar alguém a morte? Sem juízes para apontar o bem e o mal, o que é considerado bom ou ruim? Até aonde vai a maldade do ser humano e seu senso de justiça? É, são discussões fortes… E que permanecem sem resposta até o fim da leitura. Até porque, quem é o autor para responder perguntas tão terríveis?

Página após página vamos nos comovendo e temendo pela vida do pai e do filho, que falam pouco, mas quando falam transmitem muito de suas características. O homem é uma pessoa arrasada pela vida e completamente exausta, mas que tem que se convencer a cada dia de que está fazendo o certo por seu filho; a criança é ao mesmo tempo inocente e madura, por vezes questionando coisas como se os dois vão morrer, chorando em noites de tempestade… Ele tenta se convencer de que ainda estão fazendo as coisas certas, embora esses conceitos tenham caído por terra há muito tempo.

Ao longo da estrada que parece nunca ter fim os dois não estão sozinhos, e os momentos em que encontram outros sobreviventes são muito bem bolados. Cada encontro é bem diferente do outro e traz à tona novamente as perguntas fundamentais que continuam sem respostas. Algo notável é o sentimento de alegria que se mistura com a tristeza em certos momentos, como quando eles encontram algo bom, como uma fonte de alimentos. Sim, eles vão sobreviver. Mas e depois? Morrerão lá na frente? Para que então continuar vivo? Tudo é exposto de forma brilhante e sutil pelo autor.


"A Estrada" é uma leitura mais do que recomendada, é uma experiência linda, triste e tocante, que mostra que até mesmo os maiores Best Sellers atuais podem ter conteúdo de verdade (admitam, a lista de mais vendidos hoje em dia tá cheia de porcaria…). É um livro que nos faz refletir, temer e agradecer por ainda termos nossas vidas do jeito que são. Cormac MacCarthy tornou-se um dos meus autores preferidos depois dessa primeira experiência de sua obra, pois poucos livros conseguiram me comover como esse A Estrada.

Resenha DUPLA completa no meu blog literário Litteris Mundi, falando sobre o livro E sobre o filme:


http://litterismundi.wordpress.com/2011/02/07/resenha-duplaparte-1-o-livro-a-estrada-de-cormac-mccarthy/
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Aguinaldo 02/02/2011

A estrada
Em "A estrada" Cormac McCarthy nos conta uma história terrível, mas não inverossímel. Em um mundo pós-apocalíptico, um mundo totalmente transformado, um sujeito e seu filho vagam pelos destroços tentando sobreviver. O céu e o sol estão permanentemente escondidos por nuvens de poeira. Os dias são vagamente cinzas, uma penumbra permite que se enxergue o que vem de longe. As noites são negras como eram antes da presença dos homens e da invenção do fogo. Das cidades, das florestas e dos campos cultivados, das rodovias e dos portos pouco resta, destruídos que foram por explosões, incêndios e saques. Não há mais eletricidade, sinais de telecomunicação, organização social, regras de conduta. Em sua jornada, pai e filho, tentam evitar outros sobreviventes, alguns deles organizados em milícias barbarizadas, que matam quem encontram para canibalizá-los. McCarthy não explica a origem deste caos, nem explica a origem do mal nos sobreviventes. Ele foca na relação pai e filho, no papel do primeiro em instigar no filho alguma ética, algum juízo de valor, que se contraponha ao que ambos têm, o absoluto instinto de sobrevivência de que fazem uso para continuarem juntos e ilesos. A construção do romance é por si só sufocante, as situações que os personagens experimentam repetitivas. McCarthy oprime sem dó o leitor, apresentando a ele uma situação que pode acontecer conosco se explosões nucleares destruíssem o planeta. Ele não faz concessões baratas nem usa truques para contentar o leitor. Preciso ler mais coisas deste sujeito. Em tempo: soube deste livro por indicação do Marcos Barreto (as dicas insuspeitas e francas são mesmo sempre as melhores). [início 12/03/2010 - fim 15/03/2010]
"A estrada", Cormac McCarthy, tradução de Adriana Lisboa, editora Alfaguara, 1a. edição (2007), brochura 15x23,5 cm, 240 págs. ISBN: 978-85-60281-26-8
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doc leão 29/01/2011

Ô Estradinha Monótona
Repetitivo, monótono e nada original. Procuro ainda entender como alguns críticos ingleses consideraram este como o melhor livro da última década. Um mundo cinza com a humanidade quase extinta são o cenário para uma jornada de pai e filho enfrentando as dificuldades oferecidas por um ambiente desolado em que a busca por alimento torna-se o objetivo principal. Nota de 0 a 10= 4,0
Vitor 12/02/2011minha estante
foi mal, mas vou ter que discordar... como assim repetitivo? Que outro livro aborbou o assunto de forma tão intensa? Acho que você infelizmente não captou o espírito do livro...




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