Paulo 07/06/2020
Poe
Conheci os contos de Poe por acaso há alguns anos - o primeiro que li foi O Gato Preto -, e desde então ele é para mim símbolo da literatura de suspense/horror. Se ele é o melhor ou não desse gênero, não sei pois me falta experiência.
Os contos desse livro são a essência do autor, o melhor de um contista como ele. Por mais que houvesse momentos em que eu ficava entediado com algumas descrições, reconheço que todas elas não são rodeios típicos de um romance, mas sim detalhes que constroem o ambiente perfeito para o que acontecerá. Poe sabia que um conto abria mão de detalhes irrelevantes para a obra, e que o conto tinha a vantagem sobre o romance justamente pelo fato de poder ter toda sua lida em um único fôlego, sem interrupções de leituras longas que quebram o clima do leitor com o texto (descordo em partes). Algo parecido já dizia Machado de Assis sobre a vantagem dos contos: "há sempre uma qualidade nos contos, que os tornam superiores aos grandes romances: é serem curtos", nisso eu concordo.
Outro ponto interessante dos contos de Poe é que, para mim, eles pareciam exigir um ambiente propício para serem lidos. Como dito acima, as descrições do ambiente foram a forma que Poe encontrou de trazer o leitor para dentro da obra; mas para isso acontecer, vejo que o leitor precisaria estar dentro de ambientes que tenham estímulos condizentes com os ambientes dos contos. Isso não quer dizer que devemos ler Poe dentro de uma casa abandonada, mas que a leitura seria incompatível, por exemplo, com um dia ensolarado no parque ou em pé dentro de um ônibus lotado e rotineiro a caminho do trabalho. Para mim, eu sentia mais prazer na leitura quando o meu entorno estava minimamente silencioso e calmo, pois aí era como se eu pudesse mergulhar na obra e sentir as descrições expostas pelo autor.