Alanna.
09/01/2017Um jogo mal desenvolvido. Sabe aquele clichê de presente de amigo oculto, quando alguém que não te conhece muito tira você e descobre que você gosta de ler e te dá um presente? Então, disso tudo surge esse livro. Porém, como não conhecia nem autor nem história, e a premissa me pareceu bastante interessante, resolvi ler logo, e me vi diante de uma narrativa honesta, porém com vários pontos pra se pensar.
A premissa, como eu já havia dito, era bastante interessante. O/A assassino/a monta um quadro no qual só é possível um sobreviver, de fato como um Uni-Duni-Tê. A protagonista, Helen , uma policial bastante competente e dedicada, tinha tudo para ser uma protagonista forte, independente e que que usasse tudo isso ao seu favor. O que não ocorreu, é claro. A policial tem traumas do passado, e encontra um jeito de se punir pelos mesmos (sem spoilers). Essa carga emocional toda é muito mal utilizada pelo autor, que além de cair no clichê da boa policial traumatizada, não se aprofunda nesse trauma, não dá qualquer explicação descente sobre isso, deixando tudo muito superficial.
Posso chamar de superficial também a história toda dos cativeiros das vítimas. Beleza que ficar preso é desesperador, e tudo mais, mas em apenas dois dias de fome você já mata um rato para comer, tamanho seu desespero de fome? Você já começa a comer larvas de insetos que apontam em cortes na cabeça? Parece que o autor não pesquisa muito sobre essa temática, e não emprega a profundidade que esse assunto pede, sabe, falta o desespero da fome, frio, solidão, dos medos, da difícil escolha entre matar e morrer. O autor deixa muito a desejar nesse aspecto.
Quando ao/à assassino/a, acho que é outra parte bem mal resolvida. O autor acha um jeito de inserir sua narrativa na trama, o que de fato é bem interessante, e com o desenrolar da história consegue-se entender os 'motivos' da conduta do/da serial killer. Porém, no ponto em que esse personagem é inserido na narrativa principal, mais uma vez não traz esse aprofundamento necessário, dado seus traumas e etc, e mais uma vez falta. A maioria do livro é assim.
O final do livro é bastante honesto com a trama. Acho que não existia um final completamente feliz diante do que o autor apresenta. A narrativa toda, como eu disse, é honesta com a história principal, porém falta um desenvolvimento aprofundado sobre o que cerca tudo isso. O autor deixa pontas soltas ou mal resolvidas, de questões e personagens que mereciam um desfecho. Tinha tudo para ser uma boa história, mas infelizmente falta muito para isso.