Luiz Pereira Júnior 26/04/2022
Mais do mesmo, mas nem por isso menos divertido...
Na verdade, não sei se as diferentes edições de “Os três ratos cegos”, de Agatha Christie, contêm os mesmos contos e, por isso, estou especificando a edição em capa dura da editora Altaya, que demorei anos para conseguir todos os volumes.
Nessa edição da Altaya, temos os contos: Os três ratos cegos, Estranha charada, O crime da fita métrica, O caso da empregada perfeita, O episódio da caseira, Os detetives do amor, O sinal vermelho, O quarto homem, O rádio, Testemunha de acusação, O mistério do vaso azul, A última sessão, S.O.S.
Divertidos, gostosos de ler, relaxantes (mas ao mesmo tempo que nos deixam doidos para saber o assassino(a)(os)(as)), apresentando ambientes e personagens muito parecidos uns com os outros, tramas nem sempre absurdamente originais (afinal, imagine quebrar a cabeça para arranjar soluções originais para as centenas de obras que a autora produziu – é difícil...), pouca profundidade psicológica (os personagens de um conto são facilmente intercambiáveis com os de outros), chavões do romance policial (alguns deles inventados pela própria autora)... Sim, os contos são tudo isso e mais um pouco. Não espere uma leitura-cabeça, mas seu cérebro será exigido – o que é ótimo, sem dúvida alguma. Dizem que quem lê uma obra de Agatha Christie leu todas elas (dizem o mesmo em relação a ouvir Vivaldi), mas talvez seja esse o segredo do produto agathacristieno: é impossível comer (ops, ler) um só...
Também diga-se de passagem que, por ser uma leitura de entretenimento, depois de algum tempo, esquecemos os contos que não tiveram algo a nos dizer, mas não é assim em toda leitura que fazemos? Não me lembro onde li que, feita a leitura de uma simples frase em um livro qualquer, ela já terá passado para o nosso esquecimento. Bem, a não ser que você seja daqueles leitores viciados em uma única obra, muito do que lemos já se obnubilou (homenagem a um querido colega falecido, que adorava usar essa palavra)...
E esse é um dos segredos do conforto: a repetição. Voltar a ler uma obra de Agatha Christie é como voltar um pouco à nossa juventude, à descoberta de que um livro pode nos fazer esquecer da realidade. E isso é um baita de um elogio!