Sté 21/08/2022
Nunca houve morte mais anunciada
"Nesse dia compreendi... como nós, mulheres, estamos sozinhas no mundo", p. 84
Gabriel García Márquez dispensa apresentações, colombiano, Nobel de literatura, dentre outros prêmios é digno de está entre os maiores.
Tive contato há uns anos quando comecei 'Cem anos de Solidão', mas não conclui, até onde li gostei muito, outras circunstâncias me fizeram abandonar, próximo ano pretendo ler. Acho até legal citar que na p. 45, Aureliano Buendía é citado brevemente como tendo tido sua fuga frustrada por San Román, tentei decorar a estirpe dos Buendía há alguns anos e na hora me recordei do nome. Acho fantástico essas analogias a personagens de outros livros, torna as coisas quase reais.
O livro podia facilmente ser lido em um dia. A diagramação com letra grande e espaçamento igualmente grande faz o livro parecer maior do que realmente é, além da leitura ser tão fluida quanto posso descrever.
Esse sentimento que tive lendo apenas uma parte de 'Cem anos de Solidão', tive por completo agora. Uma sensação de familiaridade, uma atmosfera de cidadezinha, todos se conhecem, tem alguma ligação, são amigos, primos, namorados... acho isso fantástico, parece que fazemos parte da história.
"? Sinto muito, Bayardo ? disse o viúvo ? mas vocês, jovens, não entendem as razões do coração", p. 49
A narração funciona assim: o narrador que também é personagem secundário na história, reúne os relatos de várias pessoas anos depois do ocorrido do Santiago Nasar, vai colocando a própria impressão em algumas partes e construindo uma narrativa crescente até o fim que é anunciado na primeira linha do livro. Não podia ser mais perfeito...
"'São perfeitas', ouvia dizer com frequência. 'Qualquer homem será feliz com elas, porque foram criadas para sofrer'", p. 43