Canoff 15/08/2023
No Brasil, não existem registros conclusivos de mulheres que tenham sido estupradas enquanto portavam uma arma de fogo. Por outro lado, há vários relatos de homens que atacaram mulheres armadas e foram parar no inferno. Autoexplicativo, não?
(SPOILER) ----------------------------
O livro aborda as falsidades difundidas pela mídia sobre a posse e porte de armas no Brasil, expondo as falácias de que o governo visa o desarmamento por preocupação, de que países sem armas são mais seguros e de que o desarmamento diminui a criminalidade. Os autores argumentam que o desarmamento é frequentemente uma estratégia de controle estatal, citando o histórico de ditaduras que começaram com a entrega de armas. Eles também destacam que a segurança pode ser alcançada de maneiras diversas e que o monopólio estatal da força não é a solução. Além disso, os autores apontam que a criminalidade no Brasil não diminuiu com o Estatuto do Desarmamento, sugerindo que a falta de acesso fácil a armas coincidiu com um aumento na violência.
Uma das melhores características do livro é o respaldo estatístico contido nele. A princípio, acreditei que seria um livro mais baseado em opiniões sobre as políticas desarmamentistas, mas ao iniciar a leitura, percebi que era algo vigoroso e bem estruturado. Os tópicos são bem distribuídos e um complementa, de certa forma, o outro. Os autores também utilizam contextos históricos para construir seus argumentos, o que facilita muito a compreensão. Um dos primeiros contextos apresentados pelos autores foi a derrota de Lampião após a tentativa dele de tomar a cidade de Mossoró, na época uma das cidades mais ricas do sertão nordestino. Com esses e outros dados históricos, os autores tornam o livro cada vez mais fluído e estruturado.
Assim como as pessoas estão mencionando nas resenhas que pontos importantes foram omitidos, também acredito que isso ocorreu. Senti falta de dois pontos: a) a problemática por trás das possíveis brigas de trânsito, em bares e nas ruas (um problema que é facilmente explicado); e b) como introduzir a cultura das armas no Brasil, uma vez que grande parte do preconceito com armas advém da percepção de que os brasileiros não estão preparados para tal. Esse segundo ponto também é facilmente explicável, mas, para mim, por ser a espinha dorsal do problema, não deveria ter sido omitido. Os autores deveriam ter abordado o aspecto cultural subjacente ao problema. Resolver o problema cultural automaticamente influenciaria os outros aspectos. Uma das razões pelas quais países como os EUA são altamente armados é a presença de uma cultura relacionada ao manejo das armas.