Diatribe de amor contra um homem sentado

Diatribe de amor contra um homem sentado Gabriel García Márquez




Resenhas - Diatriba de amor contra un hombre sentado


29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Flávia Menezes 19/01/2023

?? SEM SABER QUE O PARA SEMPRE, SEMPRE ACABA.
?Diatribe de amor contra um homem sentado?, publicada originalmente em 1987, e que permanecia inédita no Brasil até a sua publicação tardia em 2022, é a única peça escrita pelo escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano Gabriel José García Márquez, carinhosamente chamado pelos seus fãs por Gabo, um dos autores mais importantes do século XX.

Nesse relato sincero e íntimo de uma mulher prestes a completar 25 anos de casamento, Gabo nos coloca na primeira fila do teatro, para que de lá possamos ver cada mudança de cenário, cada troca de figurino, e possamos ouvir cada um dos pequenos detalhes de uma sonoplastia escolhida cuidadosamente para trazer ainda mais drama aos dissabores de uma mulher que (ironicamente!) se vê diante de uma comemoração tão importante de um relacionamento já falido.

Através dessa única voz, feminina, intensa, magoada, Graciela vai de uma única vez expondo cada uma das suas dores e humilhações, nesse monólogo angustiado, cujas mudanças de entonação vão falando diretamente com aquele que lê, como se estivéssemos mesmo na plateia, percebendo como ela se move aborrecida por entre um cenário que ora é passado, ora é presente, até chegar ao seu momento derradeiro, onde emocionados a aplaudimos de pé, numa ovação que não quer ter fim, mas que acaba por ter, quando as cortinas se fecham.

Bom...pelo menos eu realmente aplaudi, até porque essa foi uma leitura muito além de uma história sendo contada. É essa dor provocada por uma trama que ninguém gostaria de protagonizar, mas que contada como uma peça teatral, nos lembra que tudo não passa de uma ficção, nos permitindo chegar ao final mais fascinados do que chocados.

Eu ainda não tinha tido nenhum contado com uma obra desse autor, e confesso que essa experiência, apesar de tão curta, me deixou sem palavras, e completamente em êxtase. Tenho até plena certeza de que um dia, ainda voltarei a reler essa história, porque essa é uma escrita que nos reporta ao magnetismo das encenações teatrais, onde cada entonação, cada figurino usado é escolhido para que também nós possamos nos sentir parte dessa vida que observamos tão atentamente, como se estivéssemos olhando pela janela para dentro da casa de alguém. Para aquele universo secreto da intimidade que é velada, porque muito diferente dos contos de fadas, nem sempre os felizes para sempre serão para sempre felizes.

Ler esse livro me lembrou o mesmo deslumbramento que eu senti lendo ?Evidência de uma Traição?, onde a minha autora favorita da atualidade, Taylor Jenkins Reid, conta uma história apenas através de uma troca de cartas entre dois personagens. É fascinante ver como esses escritores são capazes de dizer tudo, de uma forma tão diferente, e com essa magia poética que me deixa tão maravilhada (e boquiaberta!).

Não há muito mais o que dizer sobre uma obra que precisa ser lida com entrega e muito respeito a uma maestria tão bela, trazida pelas mãos sábias de um homem que, em uma primeira tentativa, compõe uma peça com tamanha genialidade que me deixou completamente sem palavras.

E já que me faltam formas para expressar tudo o que sinto ao final dessa leitura, eu deixo aqui um dos mais belos quotes dessa obra, para (quem sabe?) te deixar também com esse gostinho de querer conhecer essa aventura desse gênio latino da literatura moderna: ?Você viu que eu enfrento bem os desastres irreparáveis da intimidade. Bom, eu desafiaria de novo tudo isso, até com grande alegria, só para te ajudar a envelhecer?.
Joao 19/01/2023minha estante
Eita, Flávia. Fico tão feliz em ver que você começou no universo de Gabo. Que venham mais obras e que bela resenha!


Dhewyd 19/01/2023minha estante
Que resenha magnífica!


Fabio 19/01/2023minha estante
Como sempre uma resenha maravilhosa!
Parabéns novamente Flávia, querida!
Apesar de eu possuir uma opinião meio contraria ao consenso quanto ao autor e sua obra "Cem Anos de Solidão", sei acolher a importância de tal autor e suas obras para seus leitores. Entretanto, como você bem sabe, tenho enormes criticas a tecer sobre a literatura Latino Americana como um todo( sendo abrangente, claro de forma proposital), que vive em um inverno há tempos e carece urgentemente de novas formas.




Mariana Dal Chico 19/10/2022

Eu já conhecia o Gabriel García Márques romancista (Cem anos de Solidão e crônica de uma morte anunciada), jornalista (notícia de um sequestro) e agora tive a oportunidade de conhecer seu teatro com o monólogo “diatribe de amor contra um homem sentado”.

Única peça escrita pelo autor, foi encanada pela primeira vez em 1988 em Buenos Aires.

Graciela está às vésperas das bodas de prata de seu casamento com um homem acomodado. Depois de anos de sentimentos reprimidos, ela resolve falar de assuntos, até então, proibidos.

Gabo não decepciona e mostra que é talentoso em múltiplos gêneros, não à toa, foi laureado com o prêmio Nobel de Literatura.

Sua destreza com as palavras, em algumas páginas, com poucos direcionamentos, me transportou para uma sala de teatro e senti toda a frustração da personagem que quer ter seus dilemas ouvidos e discutidos, mas encontra fechado os ouvidos do marido - que o autor recomenda representar com um manequim.

A excitação de um amor juvenil sofre com desgaste do tempo, interferências familiares, ascensão social, maternidade/paternidade, mas ainda assim, não deixa a infelicidade interior chegar à superfície para estragar a imagem de casal perfeito.

Além de indicar a leitura, aproveito para deixar a dica de sempre ler em voz alta uma peça de teatro, acredite em mim, essa experiência faz toda diferença.

site: https://www.instagram.com/p/ChdKrhpPcJg/
comentários(0)comente



Luciana Luz 19/03/2023

A reconstrução (ou desconstrução?) De uma vida a dois
Única peça escrita por Gabriel Garcia Marquez. Encenada pela primeira vem em Buenos Aires, em 1988.
Nesse monólogo, Graciela Jaraiz repassa a vida de casada (e a sua vida) ao completar bodas de prata: "Nada se parece tanto com o inferno como um casamento feliz!"
Diatribe = crítica severa/mordaz.
Graciela se dirige ao marido, que nada diz, sendo apenas uma presença silenciosa. De acordo com Gabo, trata-se de um manequim. A voz é de Graciela.
Vida esperada ou vivida, lembranças, rancores, amor. Estão aqui nessas páginas de Gabo.
comentários(0)comente



Vilamarc 23/06/2022

Gabo Inédito
Fiquei muito feliz com esse lançamento inédito no Brasil que atualiza as obras de Gabo, meu autor preferido desde que o descobri por ocasião da estréia de "O general em seu labirinto", em fascículos veiculados em jornal local pelos idos dos 80'.
"Diatribe de amor contra um homem sentado" é uma peça de teatro, mais especificamente um monólogo feminino de Ato único, com todas as indicações para montagem, como marcações e movimentações da atriz, iluminação, sonoplastia, passagem do tempo, objetos cenográficos, maquiagem... tudo isso muito bem sincronizado e que, ao contrário do que pode parecer, só enriquece a experiência de leitura, ressaltando a inventividade do autor que utiliza elementos próprios do gênero teatral para provocar no leitor nuances visuais não pertencentes ao texto escrito. O resultado é uma sequência de estímulos  burilados na imaginação do leitor.
E o texto é daqueles em que você tranquilamente confunde o autor com sua obra, ou dito de outra forma, traz a assinatura inconfundível da sua autoria.
Um texto em que se pode rir ou chorar ou os dois ao mesmo tempo. Que mergulha nos sentimentos humanos universais sem esquecer as pitadas de crítica social e política.
Trata-se de uma mulher na véspera das suas Bodas de Prata, conversando com seu marido ausente (o autor recomenda representá-lo por um manequim sentado numa poltrona) onde reflete sobre sua vida conjugal, a celebração iminente, os sonhos de juventude, as dificuldades iniciais, as interferências familiares, os amigos e amantes, os filhos, a atordoante rotina e a convivência com os hábitos e manias do outro.
Enfim... mais um pequeno grande livro em que se constata a genialidade de García Márquez. Mas eu sou suspeito. Confira por você mesmo.

#TodoGaboAtualizado
comentários(0)comente



V_______ 19/05/2023

Um monólogo intenso
Única peça teatral escrita por Gabriel García Márques, Diatribe de amor contra um homem sentado é um monólogo intenso, onde Graciela Jaraiz de la Vera destila todas suas angústias e frustração matrimoniais contra seu marido.
Em plena comemoração de suas bodas de prata Graciela cansada da vida que leva, de muitas tradições por parte do marido, por ser colocada de lado constantemente, e por não reconhecer mais no homem ao seu lado o que outrora amou, expõem todas suas insatisfações de forma a transbordar suas emoções, ira, mágoas e frustrações contra seu marido que permanece impassível sentado lendo o jornal de ontem e como se não passasse de um boneco e pano.
Gabo dispensa apresentações, assim como nos romances ele entrega aqui uma monólogo riquíssimo de sensações e que vez ou outra até nos arranca alguns risos mesmo se tratando de um texto um tanto dramático.
comentários(0)comente



Vê Lemes 15/01/2023

Desabafo
O livro é um breve relato, uma despedida da esposa ao marido que não foi um bom marido e que após anos de silêncio, decide desabafar suas amarguras.
comentários(0)comente



Jonathan Vicente 03/12/2023

Infelizmente de todos os livros do autor, esse foi o que não funcionou para mim. Pode ser que seja diferente a escrita das demais, mas reforço a importância de trabalharmos diferentes escritas e conhecimentos.
comentários(0)comente



Ophelia.0 16/07/2023

Nada se parece tanto com o inferno como um casamento feliz!
?Diatribe de Amor Contra um Homem Sentado? é um daqueles livros em que você não sabe exatamente o que pensar, apenas sentir? Foi a primeira e única peça escrita por Gabriel García Márquez ? o que é uma pena, porque o teatro (e o mundo) só teriam a agradecer por mais obras grandiosas e sensíveis como esta!

Gabo constrói um monólogo extremamente forte, repleto de detalhes sobre o passado de Graciela e sobre seus sentimentos mais obscuros, sem jamais esquecer de integrá-lo com o cenário, o figurino, a iluminação e a plateia. Suas falas são tão intensas e sinceras que, em algum momento da história, o leitor sempre acaba por se identificar com a personagem e com sua dor. Além disso, ao desafiar as convenções narrativas tradicionais, em uma abordagem não linear ? mesclando memórias, sonhos e realidade ? o autor nos faz refletir sobre a natureza da memória e da condição humana, bem como sobre os desgastes do amor perante o tempo.

Uma obra-prima teatral, que combina a poesia e a emoção com uma maestria extraordinária. Eterno Gabo!
comentários(0)comente



Rodrigo.Macedo 14/12/2023

Diatribe: crítica excessivamente rigorosa, severa e mordaz
Por que demorou 25 anos para Graciela desabafar?
Relacionamentos são complexos. É muito fácil julgar quando se está olhando de fora (reflexão). Provavelmente a forma como Graciela recebeu amor de seus pais (pouco afeto ou demonstração de amor) tenha feito ela acreditar que, mesmo o marido sendo desprezível com ela, tenha sentido amor da parte dele ou que ainda era possível ele amá-la do jeito dele.

Outro ponto é o medo das consequências. Pra dizer tudo o que ela pensava deveria estar disposta a se separar. Mas no início ela ainda não estava pronta. O filho pequeno, o medo do que a sociedade ia pensar.

Por que ela permitiu/ suportou todo esse sofrimento emocional?
Apesar de Graciela ser uma mulher forte e instruída ela, ainda sim, permitiu esse sofrimento. Não por que ela não refletia sobre os atos do marido. Mas por que ela demorou pra perceber que estava sendo amada de um jeito errado. Por exemplo, ela comparou a forma que o francês demonstrou afeto com a forma que o marido demonstrava.

Outro ponto: Graciela era uma mulher vaidosa. O status social, as joias e as viagens eram coisas importantes para ela. Sem o marido ela perderia tudo isso.

Quais foram as principais causas para esse casamento infeliz?
- Falta de comunicação entre o casal: durante a narrativa vários assuntos, por iniciativa do marido, foram proibidos. Ele não abria espaço para conversa e, quando tinha diálogo, era unilateral (só da parte dela).
- Indiferença: a princípio, Graciela manifestava sua indignação com as coisas que vinham acontecendo no casamento, mas a indiferença do marido era tanta que acabou tornando-a conformada e indiferente também. Apenas aceitando os absurdos. Contudo, esses problemas foram, gradativamente se acumulando, até estourar com o pedido de divórcio.
- Falta de sexo.
- Falta de confiança e mentiras.
- Traição.
- Colocar as aparências ou a opinião dos outros acima de suas próprias.

Epicuro, o filósofo do prazer, sugere 3 pilares para uma vida feliz: amizade, reflexão e liberdade. Graciela abdicou de pelo menos um dos três pilares, visto os 25 anos de infelicidade de seu casamento.

Liberdade: não por que ela não podia ir de um lugar a outro, ou estava impedida de pensar. Mas sim, por que suas ações estavam limitadas ao se tornar dependente da vaidade. Ou se tornar dependente do que os outros pensarão dela.

Reflexão: faltou reflexão da parte dela. O caminho a se seguir não era esse. Os fatos eram evidentes. Ela estava sofrendo. Tentar enxergar os seus problemas sob a ótica de um terceiro é um bom exercício de reflexão e ela não fez isso.

Amizades: tinha os literatos dela. Aparentemente amigos.
comentários(0)comente



Wellington.Pimente 18/04/2024

Uma mulher em diatribe de amor
A obra possui uma prosa poética e com profundidade emocional que o autor conseguiu transmitir através de um monólogo teatral. Explorando temas como amor, solidão, memória e tempo de uma maneira única e envolvente. Além disso, Marquez aborda questões sociais e políticas em sua obra, utilizando metáforas e alegorias para transmitir mensagens sobre a condição humana e a realidade de mulheres latino-americana em época antiga. O livro ao falar da natureza do amor e da solidão analisa suas complexidades e as contradições desses sentimentos, quando os personagens são confrontados com a busca pelo amor verdadeiro e a solidão que pode acompanhar essa incessante busca. Outro ponto quando mostra a importância da memória e sua relação com o esquecimento, questionando como as lembranças moldam nossa identidade e como o esquecimento pode afetar nossas relações e nossa compreensão do mundo.

O tema do tempo é explorado de forma sutil mostrando como o passar dos anos afeta os personagens e suas relações e como pode gerar decepções e frustrações. A reflexão da mortalidade também levanta questões sobre a finitude da vida e a busca por significado, uma vida de propósito, em face do inevitável fim. Examinando portanto a condição humana de maneira profunda, explorando a natureza dos desejos, dos sonhos, das frustrações e dos medos. Os personagens enfrentam dilemas existenciais e buscam compreender o sentido da vida.r

Curti muito ler essa peça teatral, uma pena ser a única escrita pelo grande escritor latino americano Gabriel Garcia Marquez.
comentários(0)comente



Fernanda.Felippi 24/01/2023

"Nada se parece tantocom o inferno como um casamento feliz!"
Uma caixa de livraria me recomendou. Me apaioxonei pelo livro e principalmente por Graciela, enquanto lia senti suas emoções, foi fantástico. Conheci este livro quando comecei a me interessar por teatro e acho q foi um ótimo começo. Tambem me fez refletir sobre relacionamentos e casamento.
comentários(0)comente



Heidi Gisele Borges 04/02/2023

Gostei dessa peça de 1987, tradução inédita no Brasil.

A história é o monólogo de uma mulher amargurada, que desfia todas as suas frustrações e tristezas de 25 anos de casamento. Enquanto o marido, representado por um manequim, fica o tempo todo largado numa poltrona no canto lendo o jornal. Sempre o mesmo jornal.

Uma leitura rápida.
comentários(0)comente



mdoria1315 18/05/2023

Da solidão
Tenho como verdade absoluta que ninguém foi e será capaz de articular as palavras e dar tanto poder a elas como Gabo. Mais uma vez ele explana a condição de solidão inerente a todo ser humano e nos mostra as infinitas faces do amor, nem sempre positivas, nem sempre saudáveis, e muitas vezes doentes. Vemos nesse trabalho como a infelicidade no casamento é algo tão comum e aparentemente tão simples de resolver, basta ir embora, mas que no fundo é permeado de nuances de apego e dor que nos prendem e nos marcam até o fim de nosso dias.
comentários(0)comente



Onassis Nóbrega 24/04/2023

Um teatro de Gabo!
Gabo foi, há pouco mais de 20 anos, um autor recorrente nas minhas leituras, revezando com Saramago e Ariano Suassuna. Fiquei um tempo sem lê-lo. Um crime!
Fui surpreendido por este livro até então inédito e em um estilo não habitual para o autor (que me lembre é o único teatro dele).
Sempre considerei Gabriel Garcia Marques um autor que consegue fazer obras primas mesmo com temas simples do cotidiano, devido a qualidade de sua escrita.
Neste monólogo, uma esposa amargurada por um casamento ?socialmente feliz e perfeito?, mas disfuncional no âmago da vida intima, faz um resumo de sua vida desde um pouco antes da união sobre desconfiança de ambas as famílias até momentos antes da festa de 25 anos de casados. Muitas verdades relacionadas aos casamentos de tempos de outrora com pitadas de sarcasmo. O final representa fortemente a crescente da percepção que a personagem tem de sua vida. Leitura rápida. Demorei 3 dias por outros motivos, mas claramente pode ser lido em um dia.
Quanto a edição, mantém a qualidade da série, com bom projeto gráfico, capa com abas com resumo. Apresentação explicando como a obra foi montada e folhas amarelas com boa gramatura.
comentários(0)comente



suellen 01/09/2023

Gabo será pra sempre meu escritor favorito e duvido que alguém ocupe seu lugar. Graciela é pura emoção, paixão e sentimento a flor da pele, que delícia de livro, curto porém essencial.
comentários(0)comente



29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR