Dublinenses

Dublinenses James Joyce




Resenhas - Dublinenses


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Francesca 12/02/2021

Meu primeiro contato com James Joyce e diria que foi decepcionante. Sempre tive vontade de ler o autor e resolvi começar por seus contos. Infelizmente não me cativaram e não consegui compreender a mensagem que queriam passar. Nunca tive problemas com finais em aberto mas esses me incomodaram bastante
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jota 08/02/2021

BOM (histórias joyceanas publicadas antes de Ulysses, mais palatáveis do que as desse complexo e caudaloso romance)

Ano passado finalmente li Ulysses, de James Joyce (1882-1941), de quem já havia lido antes Retrato do Artista Quando Jovem (1916) e Dublinenses (1914), obras menos volumosas e mais palatáveis do que o revolucionário clássico de 1922. Agora trata-se, na verdade, de uma releitura do segundo, porque não me lembrava de quase nada dessas histórias dublinenses, exceto um pouco de Os Mortos. É o conto que fecha o volume e que virou um bom filme em 1987 sob a direção de John Huston (no Brasil recebeu o título de Os Vivos e os Mortos). São vários personagens a circular pela católica capital da Irlanda e alguns deles aparecem nas páginas das três obras, interligando-as todas...

Nessa cuidadosa edição da Penguin – Companhia, com tradução de Caetano W. Galindo, que atualiza certos termos usados por Joyce (é possível, entre outras coisas, encontrar personagens falando “conversê”, em vez de papo, conversa etc.), temos não apenas quinze narrativas curtas, também um apêndice com um conto de Berkeley Campbell, O Velho Vigia. Que um editor, George Russell, enviou uma cópia, em carta datada de 1904, ao autor irlandês como modelo literário para que ele escrevesse para sua revista uma história que não “chocasse os leitores”. Isso vários anos antes de Ulysses...

Na Nota do Tradutor, bastante útil, especialmente para quem lê Joyce pela primeira vez, Galindo informa que todos os contos foram escritos entre 1904 e 1906, exceto Os Mortos (que por sua extensão pode ser classificado como uma novela), que é de 1907. Depois, durante os contos propriamente, Galindo introduz várias notas no final de cada história, tudo muito parecido com o que encontramos em Ulysses, tradução dele mesmo para a Companhia das Letras em 2012, na tentativa de fazer o leitor sentir-se mais confortável (informado) a respeito do que está lendo.

Apesar de memoráveis por seu valor, porque permanecem modernos e dizem muito sobre a Irlanda do tempo de Joyce, nenhum conto de Dublinenses me pareceu empolgante, capaz de provocar alguma emoção mais profunda ou com reviravoltas que pudessem surpreender o leitor ou coisa parecida. Apesar de haver escrito uma odisseia, Joyce não era dado a ousadias, aventuras, apenas na forma de escrever, de narrar. Nem todo mundo tem uma vida aventurosa, como os personagens desse Joyce também não têm, são irlandeses comuns, dublinenses comuns. Mas alguns trechos podem comover um bocado o leitor, como o final de Os Mortos, que se é uma narrativa parecida com as demais do volume, tem a seu favor uma pequena, bela e triste história que a finaliza. Que não se parece muito com o que lemos antes, se me entendem. Da mesma forma, o final de Duplicatas é extremamente doloroso; foi assim comigo.

Bem, essa foi uma releitura, mas por suas características, pelo modo como Joyce as conta, as histórias desse volume, passados mais de dez anos da primeira vez que as li, soaram agora como se esse fosse meu primeiro contato com o livro. Ou seja, os contos de Dublinenses pertencem àquele tipo de literatura que pode ser relido de tempos em tempos e quase sempre parecerá novidade. Certamente o mesmo pode ser dito de seus demais livros...

Lido entre 25/01 e 06/02/2021.
Paulo Sousa 13/02/2021minha estante
Tb li esse, mas ano passado. Não foi nada empolgante. Não posso classificar o que acho do autor somente por um livro, mas acho mto difícil eu voltar a Joyce brevemente.


jota 13/02/2021minha estante
Concordo. As leituras de Joyce para mim foram mais um caso para conhecer sua forma de narrar e a fama de seus livros do que propriamente um caso de paixão literária cega. Sou mais ligado em narrativas e histórias tradicionais, sem dúvida.


Paulo Sousa 13/02/2021minha estante
Idem. Agora mesmo estou concluindo ?A pianista?, da Jelinek. Livro cru mas excelente, uma das melhores leituras que já fiz...


jota 13/02/2021minha estante
Ah, esse é ótimo. E o filme nele baseado também vale a pena ver, se já não viu.


Paulo Sousa 13/02/2021minha estante
Ainda não. Mas devo assisti-lo ainda esta semana! Bom domingo!




Daniel Cenachi 24/01/2021

Profundidade na trivialidade
Livro de 15 contos de James Joyce. Na minha opinião, excelente. Assisti a alguns videos sobre historia da Irlanda para entender um pouco melhor o contexto do autor e da própria obra e aconselho fortemente o mesmo para quem quiser se aventurar a ler. O texto é de fácil leitura no que tange as histórias mas a sutileza do que realmente importa nelas talvez seja mais difícil de ser percebido. São historias aparentemente triviais, banais, sem grandes aventuras. Os personagens parecem ser acometidos de epifanias um tanto mornas. Mas a chave da genialidade está na própria trivialidade do que é narrado, em como é narrado e de porque foi escolhido ser narrado. Alguns dos contos me marcaram profundamente e me fizeram pensar sobre minha própria vida por dias seguidos. Às vezes buscamos grandes historias com heróis e aventuras grandiosas quando na verdade tudo o que realmente precisamos é um encontro direto com o banal, com o mundano, com o entediante da vida comum, das pessoas comuns.
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ricardo 31/12/2020

desde a cabeça "literalmente" perdida (rsrs) da primeira frase até a neve caindo sobre os mortos que recém se haviam levantado em gabriel a partir de seu ciúme, "os mortos" é uma obra-prima em toda pujança de virtude, desde a escrita elegante e precisa até a entrelinha tão generosa que nos permite completar a idéia. dispenso o retrato e ulisses para ver em joyce um grande escritor
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Silvio 31/12/2020

É uma excelente introdução à literatura de um dos maiores escritores do século XX, começando bem pelo começo, seu primeiro livro publicado. É possível perceber a influência do realismo na temática e narrativa dos 15 contos, que retratam o cotidiano da cidade de Dublin, numa época em que a Irlanda tentava se afirmar enquanto Estado nacional e conquistar sua independência do Reino Unido.
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João 26/12/2020

A competição impossível contra Os Mortos
Dublinenses é um livro que traça perfis de personagens, obviamente, dublinenses, à medida que penetra pelas veias da cidade. São 15 narrativas, em sua maioria bem ordinárias, cujo triunfo é apresentar aos leitores desse clássico mundial costumes tipicamente irlandeses do início do século XX. Para um leitor que já foi apresentado ao panorama histórico da Irlanda naquele ano de 1904, as sutis críticas à soberania inglesa e à Igreja Católica são um tesouro à parte.

Em Os Mortos, conto que fecha esta coletânea ? que James Joyce literalmente lutou para conseguir publicar, em 12 anos de autocensura, reescrita e persistência ? o escritor consegue trazer um pouco de todos os elementos que permearam as narrativas anteriores.

O conto, que inicia num festivo jantar de natal e finaliza numa lúgubre realização, explora como os fantasmas do passado têm poder místico de alterar o humor do presente.

O fantasma do passado de um amor juvenil, em seu auge de beleza e potencial, que é interrompido pela finitude da vida, permanecerá melancolicamente belo, ornado pelas indagações do que poderia ter sido, pelas expectativas de que tivesse sido aquele, o amor. Para o amor presente, competir com a virtualidade nostálgica desse passado pode ser frustrante, poderia a sua concretude competir com a imutável essência desse amor, que é engatilhado pela neve, pela música e por todas as coisas belas?

Mais 116 natais passarão sem que possamos responder a essa pergunta.
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Lara 07/12/2020

Primeiro contato com James Joyce
Há meses venho me preparando para ler Ulysses, e esta é a penúltima etapa, sendo que a última antes do objetivo final será Retrato do Artista Quando Jovem.

Achei a experiência deste livro muitíssimo interessante, e gostei da maioria dos contos. Apesar de o objetivo da narrativa seja trazer o cotidiano dos dublinenses, muitas das situações acabam sendo típicas de quase qualquer cidadão do mundo ocidental. Entretanto, algumas questões são muito específicas daquele lugar e daquela época, sendo até difícil de entender para quem não conhece Dublin e sua história. Existem alguns pontos muito fortes no livro, que distinguem essas narrativas de narrativas genéricas, para ambientá-las na Dublin do início do século XX, como a questão do catolicismo vs. protestantismo, o nacionalismo e a política.

Me atrevo a dizer que o fatalismo, o niilismo e o desprezo à religião de Joyce permeia todo o livro. Os episódios abordados pelos contos são banais, e praticamente todos terminam abruptamente. A narração é simples e normal, sendo totalmente diferente de Ulysses e Finnegans Wake, que são muito difíceis de se ler. É interessante refletir sobre o que cada conto aborda após a leitura, e até procurar na internet por análises, que são mais facilmente encontradas em inglês.
Evelize Volpi 22/08/2022minha estante
Bom dia Lara.
Você poderia me dizer quais livros boce leu antes de Ulysses.( você gostou?)
Ainda quero enfrentar esse desafio também.
Obrigado.




Carlos Padilha 21/10/2020

Leitura agradável, mas...
O resultado de meu primeiro contato com James Joyce ficou um tanto aquém do esperado. Lendo algumas resenhas muito bem escritas, fiquei com a impressão de que, ao final da leitura de cada conto, é necessário refletir durante um longo tempo para buscar o que o autor pretendeu nos transmitir. De fato, em minha percepção, diversos contos terminam de forma absolutamente abrupta, e confesso não ter tido paciência (ou capacidade...) para buscar o significado contido ali. Não há dúvida sobre a qualidade da escrita, mas, sem a reflexão de que falei acima, a grande maioria dos contos foi rapidamente esquecida. Apenas "Um caso doloroso" me agradou de imediato, sem a necessidade de esforço complementar.
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Kapri 07/09/2020

Adquiri esse livro anos atrás, depois de uns amigos terem comentado sobre ele como uma boa preparação para quem quer ler Ulysses. Confesso que comprei por comprar (pois estava bem na prateleira da fila do caixa).

Com a pandemia e decidindo tirar poeira dos livros que estavam esquecidos ao longo dos anos, resolvi encarar a leitura (ah! Finalmente lerei James Joyce), já prevendo que seria chata. Doce ilusão.

Dublinenses é um livro de contos, e com livros desse tipo já sabemos que sempre existe um tema em comum, apesar das histórias diferentes. Como o título indica, o tema em comum é a cidade de Dublin e seus habitantes, sua vida no cotidiano carregada de realismo, ás vezes trazendo dilemas morais, passeando por personagens da fase da infância até a velhice. Alguns contos são bons, outros são muito bons, e isso se deve a narrativa brilhante de Joyce (que não é surpresa para ninguém). Dá pra acreditar que ele só tinha 22 anos quando escreveu a maioria dessas histórias?

Enfim, estou rendida!
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Maria4556 28/08/2020

Mais ou menos...
Nao me marcou muito não. Escrita mt complicada e contos que você esquece rápido, menos o último.
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Cinara... 22/06/2020

"Gabriel sentiu a alma desfalecer aos poucos enquanto a neve que caía suave por todo o universo e suave caía, como a descida ao derradeiro fim, sobre todos os vivos e os mortos." - Os mortos
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Rafael1146 04/05/2020

Quem tem medo de ler James Joyce?
Pois eu tenho. Tinha.

Comprei Ulysses porque tinha muita curiosidade, mas não tive coragem de começar. Decidi procurar obras anteriores, com o pé atrás e um medo quase infantil de ler o autor, e então encontrei Dublinenses. Como são menos de 200 páginas, pausei a leitura de Guerra e paz (na real eu já tinha parado para ler Aniquilição, qual eu me arrependo amargamente) para dar uma chance ao universo Joyceano.

E uau, acabei Os mortos e fiquei meio perdido, um tanto aéreo, chateado, pensativo, com vontade de conversar sobre... pena que meu marido (professor de literatura, brasileira e portuguesa) detesta o senhor James Joyce e não quis nem ouvir sobre minhas realizações ao terminar os contos de Dublinenses. São 15 no total, alguns bem curtos e outros mais longos, mas todos carregam uma precisão detalhista real sobre o cotidiano de moradores de Dublin nas mais diversas situações, divagando sobre vida, política, amores, morte. Joyce é um maestro construindo os personagens e detalhando os ambientes, criando nitidamente a imagem em nossas mentes. Sem falar no fluxo de consciência dos personagens, que nos coloca em seus devaneios e parece que estamos absortos em nossos próprios pensamentos. Alguns contos acabam de maneira brusca, deixando obscuro, de certa forma, suas intenções. Mas todos são ótimas peças reflexivas, principalmente Os mortos, ápice do livro.

Eu pretendo fazer outras leituras para ver o que mais extrairei dos textos, mas já imagino que eles só tem a melhorar. Por fim, achei uma boa introdução à escrita do autor, mas pela linearidade dos contos, acho que ainda preciso de um pouco mais de bagagem para encarar Ulysses. Talvez ler Um retrato do artista... antes, não sei.
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Codinome 22/04/2020

Um pouco sobre "Dublinenses"
Acredito que todos que queiram se aventurar na literatura de James Joyce, devem começar pelo seu primeiro livro publicado em prosa: o livro de contos “Dublinenses”, publicado em 1914. Contendo 14 contos e, ao meu ver, a novela final “Os mortos”; digo ao meu ver, pois a edição do livro o considera como conto também. Por falar em edição, essa edição da Penguin nos apresenta também as notas do tradutor Caetano Galindo, o que enriquece muito a leitura, pois Caetano conhece muitíssimo da escrita, da vida e do que estava em torno de James Joyce: é um brasileiro que fez um grande trabalho em se especializar na tradução e apresentação de James Joyce para o português. Atualmente (2020), me parece, que ele está trabalhando em traduzir “Finnegans Wake” e tentando não ficar louco.

Mais um detalhe dessa edição, é que ela possui um conto de Berkeley Campbell, “O velho vigia” (traduzido por Vitor Alevato do Amaral, pela primeira vez em português), que serviu de inspiração de Joyce para escrever “As irmãs”.

Agora, pensando no recheio do bolo, “Dublinenses”, como o nome revela, pretende retratar as pessoas de Dublin, os seus cotidianos e através de uma rica escrita de um Joyce ainda não tão experimental. Ou seja, não é uma escrita tão difícil de entender como o seu grande romance “Ulysses”: e aqui volto a minha frase inicial de que os leitores devem começar por “Dublinenses”, justamente por ser uma via mais fácil de conhecer James Joyce. Por exemplo: os seus diálogos, sempre ricos de material humano e que não se entregam a uma simplicidade, cada personagem, seja dublinense ou não, tem que ser respeitado pelo leitor em sua voz particular; e a caracterização da cidade de Dublin, que para nós, brasileiros, serve muito mais como uma caracterização bem inicial da cidade e um irlandês, muito provavelmente, aproveitaria bem mais essas partes através de seu valor imagético (ou seja, do leitor criar imagens na cabeça dele através de lugares que já ouviu falar).

Personagens masculinos que entortam de vez com bebidas (“Graça”, “Duplicatas”), jovens garotos que estão começando a conhecer a vida e a morte (“As irmãs”, “O encontro”), jovens garotas em situações de escolhas profundas (“Eveline”, “A casa de pensão”) e histórias profundas de amor que são permeadas constantemente pela morte (“Um caso doloroso” e “Os mortos”).

É difícil retratar como um todo um livro muito bom de contos: pois cada conto merece uma resenha. Mas, se não puder ler todo o livro, deixo a sugestão de leitura de “Uma mãe”, meu conto favorito nessa minha primeira leitura de “Dublinenses”. É incrível como Joyce cria uma atmosfera que parece que tudo vai decair para uma personagem e sua família através de dificuldades nos negócios e gente te passando a perna, mas a mãe sra. Kearney é de uma força incrível e que prende o leitor: um arco narrativo muito bem feito, em minha opinião.

Por fim, fica a sugestão desse grande livro de James Joyce.
Orochi Fábio 22/04/2020minha estante
Como adoro Ulysses, preciso ler ESTE!


Codinome 22/04/2020minha estante
:)




bobbie 25/12/2019

Contos sobre a vida
Dublinenses, obra de contos de James Joyce, nos presenteia com uma série de situações cotidianas, comuns, que podem acontecer com você, comigo, com nossos parentes, amigos e vizinhos. O que há de especial e em comum entre os contos? A vida. A vida simples e como ela se desenvolve. Um baile de Natal, que revela um amor perdido contra o qual não se pode lutar; a hipocrisia de quem não cumpre com seus deveres profissionais, porém exige que seu filho cumpra com os seus; conflitos religiosos tão comuns à Irlanda; como o homem comum lida com a morte quando está bem diante dela; até onde vai a intolerância de uma mãe para defender sua filha... Enfim, é um livro de histórias corriqueiras, de vidas corriqueiras, como se viu em Dublin no começo do século XX, como se vê em qualquer lugar, em qualquer época.
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Karamaru 30/11/2019

VIDAS DESOLADAS
“Dublinenses”, como o próprio nome já indica, é um recorte social da Dublin do início do século passado feito por James Joyce. Nessa coletânea de contos, os quais em determinados pontos guardam semelhanças com as crônicas de costumes, o autor irlandês apresenta um vasto painel das pessoas, hábitos e costumes de uma cidade conturbada.

Através das personagens, que reaparecem entre os contos, como também em “Ulisses” e em locais mencionados em “Retrato do artista quando jovem”, Joyce pôde dar vida a diferentes tipos de personalidades e identidades, como a Sra. Kearney, de "Uma mãe", e o intelectual Gabriel, de "Os mortos", os quais transfiguraram as inquietações que permeavam os irlandeses daquela época (como até hoje), entre as quais destacam-se o repúdio ao predomínio inglês (principalmente ao anglicanismo, cultura e literatura inglesa) em paralelo com os embates entre as tradições celtas e a religião católica.

É interessante pontuar, por exemplo, que, nos primeiros contos, há um predomínio das figuras e símbolos católicos. No primeiro conto (“As irmãs”), um padre, mesmo após ser liberado de seus deveres clericais, é admitido como mentor de um jovem. Joyce descreve a relação entre o pároco e o seu pupilo de forma sutil, e, devido à carga simbólica desse conto, o leitor pode tirar diferentes conclusões a respeito da religiosidade cristã daquela sociedade, inclusive.

Fato é que personagens de diversos contos, quando desesperançosas, ao invés de procurarem o seio da religião, refugiam-se na embriaguez. Há diversas cenas envolvendo bebidas. Desse modo, a religião católica, nessa Dublin e na visão de Joyce, convive lado a lado com os hábitos ébrios e “pagãos” de sua população – por diversos momentos o leitor se depara, por exemplo, com referências à cultura celta, sobretudo por meio do cancioneiro popular.

Na política, o povo de Dublin também está dividido, mas há uma tendência ao conservadorismo, já que os dublinenses se fecham sobre si mesmos e, como já foi dito, são nacionalistas e criticam as influências externas. Um conto que revela com clareza esse painel político é “Dia de hera na lapela” (qualquer semelhança com os dias atuais não será mera coincidência...).

Todos esses aspectos revelam uma sociedade de dublinenses cansados, angustiados, divididos e marcados pela melancolia, e que se veem comparados à condição de “mortos”: apenas sobrevivem; sabem que, por mais que estudem, defendam sua nação e suas tradições, sempre viverão como uma sombra do domínio cultural e ideológico inglês.

Leitura e microrresenha feitas em parceria com Carlos (IG: @o_alfarrabista).
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