Lelê
06/06/2014Resenha: Um romance epistolar como há muito tempo eu não lia. Na verdade acho que "Querida Sue" foi o melhor que li!!
"Se soubesse o que é correr atrás de alguém
por uma breve nesga de tempo, se soubesse
como o mundo para de rodar, só por um
instante, quando você o tem nos braços,
e em seguida recomeça com tanta rapidez
que você cai no chão, zonza."
Pag. 18
A primeira carta é endereçada Sra. Elspeth Dunn por David Graham. Nela DAvid diz que leu o livro de poesia escrito por ela e que gostou muito, agradece a beleza das palavras e sugere presenteá-la. David é na verdade um grande fã.
Emocionada e feliz com a primeira carta de um fã, Elspeth responde a carta com muito bom humor, o que logo de cara dá para perceber que é uma das principais características da personagem.
Essas cartas começam a ser trocadas em 1912, pouco tempo antes do início da Primeira Guerra Mundial.
No início é uma amizade bonita com direito a revelações de segredos e confidencias variadas, além de dividirem todo o cotidiano de cada um. Não tarda o amor começa a surgir em formato de frases, palavras encabuladas e medrosas no papel. Afinal estamos em 1912, não era nada normal uma mulher ficar trocando correspondências com um homem que ainda nem terminou a faculdade.
"Montar vacas não é um esporte arriscado em
si - já o pratiquei em inúmeras ocasiões -, mas
nós a estávamos fazendo subir a escada do
prédio de História Natural, em direção
ao escritório do reitor."
Pag. 26
Paralelamente vamos acompanhar as cartas de Margareth e Paul em 1940. O casal está apaixonado, porém Paul está indo para a guerra. Sim! A Segunda Guerra!
E é neste momento que a mãe de Margareth entra em desespero. Medo da guerra? Lembranças dos momentos vividos na outra guerra? Preocupação com o possível sofrimento da filha?
"Quando você desceu do trem e um
feixe de luz do sol atravessou o vidro
do telhado e a iluminou, até um ateu
teria visto naquilo o dedo de Deus."
Pag. 111
Todas essas perguntas só são respondidas lendo as cartas. Conforme a leitura vai acontecendo as cartas vão se entrelaçando, mesmo com tantos anos de diferença, a história começa a se cruzar e podemos desvendar todos os mistérios que envolvem os personagens deste romance.
Depois da leitura das primeiras cartas já tive ideia do que se tratava e de como terminaria, mas mesmo assim não tem como parar de ler, e em certo momento me vi torcendo para que o final que eu imaginava fosse o que a autora tivesse dado. Foi quase uma compulsão terminar este livro. Quando vai encaminhando para o desfecho e eu já tinha noção de que eram as últimas cartas, comecei a roer as unhas, foi inevitável, fiquei nervosa demais!! Que agonia me deu!
Ler essas cartas foi uma experiência maravilhosa, e posso até chamar de viciante. Mesmo esse vício tendo durado um dia e meio. Agora estou em crise de abstinência. Queria mais cartas pra ler!! Queria mais emoções pra sentir! Quero mais amor em forma de palavras!
No livro tem um único poema. Como eu disse no início da resenha, a Elspeth era poetisa, e a autora só deixou um poema! Adoraria colocá-lo aqui pra vocês lerem, mas como ele é único vou deixar para que seja apreciado na leitura do livro. Mas gente!! Já adianto que é lindo! Marquei o poema no livro e passei para o caderno. Quero guardá-lo com carinho.
Se você curte um bom romance, daqueles de fazer suspirar numa página e na outra roer as unhas, e depois suspirar de novo, "Querida Sue" é para você! Leia!!
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