RAFAEL 02/02/2018
Ditadura "À" Brasileira.
O livro tem um dinamismo fantástico característico da personalidade do Villa, que apresenta os acontecimentos "políticos" de 1964 (Com uma introdução desde 1960, com a eleição de Jânio Quadros passando por Ranieri Mazzilli e João Goulart) até 1985, sempre desnudando os interesses do Governo e da Sociedade Civil organizada, o dia a dia com o clima da tensão política, os impactos sociais e sempre por vezes descrevendo em breves passagens, alguma coisa do Estado e da organização Burocrática para auxiliar no entendimento. Mas o foco é sempre no círculo de poder.
Estudar este período da história brasileira é satisfatório para o entendimento de diversas lacunas que não serão respondidas pela opinião pública, moldada ideologicamente e que pouco ou quase nada sabe sobre o que opina categoricamente.
O interessante começa no título do livro com os termos "Ditadura", o tom irônico, jocoso, com a qualidade "à brasileira", estabelecendo logo de início que uma ditadura tupiniquim não pode ser equiparada com as descrições de nenhuma outra ditadura do passado ou do presente, tanto do próprio Brasil, como no caso de 1889 com o golpe militar que derrubou o Império, como na história das demais nações. Posteriormente, temos "1964-1985 a Democracia Golpeada à Esquerda e à Direita", vale ressaltar que, "à esquerda" e "à direita", no livro, é delimitado pela esfera política atuante, partidos, cargos, organizações etc. etc., e não em seu sentido terminológico que entendemos das correntes políticas e filosóficas que por vezes não têm o poder para exercer sua função de leitura da realidade e persuasão.
No final do livro o autor chega a conclusão que no Brasil, este período de 1964 a 1985, não foi uma Ditadura militar e sim, uma repressão (principalmente no período de 68 à 78 com o AI 5) contra e apenas, às forças políticas do período tanto da esquerda como da direita que mergulharam o país na crise institucional com as tentativas de golpe. Foram as políticas que levaram a supressão da Política, onde tivemos uma gestão de Estado, um Governo, tecnocrata e positivista, que ora avançava em políticas de cunho esquerdistas com as estatizações, ora utilizava-se do discurso de direita com o protecionismo e a defesa dos bons costumes, sempre prometendo o restabelecimento da democracia enquanto combatia os guerrilheiros e terroristas, subversivos.
Livro rico em detalhes. Indico peremptoriamente.