A Ilíada

A Ilíada Homero
Frederico Lourenço




Resenhas - A Ilíada


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Katita2013 10/11/2013

Um amor que define uma guerra
Ler a Ilíada é vislumbrar um mundo muito distante de nossa civilização. Um mundo que foi anterior mesmo à Sócrates,Platão e Aristóteles. O interessante, ao meu ver, além e claro do próprio enredo da Guerra dos Gregos contra os Troianos, são as pequenas nuances daquelas civilizações que emergem à medida que lemos o Épico de Homero. Temos o prazer, e também desprazer, de acompanhar entre uma ação e outra o "fazer" prático daquelas civilizações. Acompanhamos o fascínio dos brilhos do ouro e da prata reluzentes das armaduras que os guerreiros endossavam; Homero descreve como as vestiam e como as manejavam.Renasce diante dos nossos olhos os rituais de oferenda aos Deuses,dos sacrifícios de animais e às vezes até de humanos, como quando Aquiles oferece 12 soldados Troianos capturados em batalha,aos quais degola sobre a pira funerária de Pátroco,seu companheiro e amado.
Homero usa uma linguagem muito detalhada para descrever as cenas de mortes e de sacrifícios, que soam muito cruas e cruéis, e as vezes até aviltantes para o nosso gosto de cidadãos contemporâneos, para os quais esse mundo parece bárbaro e cruél. Mas Homero o faz de uma maneira que tudo o que lemos parece natural. E na verdade o era; não devemos nos esquecer que Homero se comunica com uma sociedade acostumada à Guerra e a Morte, à virtude viril e a virtude resgatada a golpe de lanças e espadas. Homero nos descreve e narra essas cenas de uma forma tão singela como pura. Sem fazer juízos de valores quando narra, ele coloca na mesma posição de beleza lírica tanto as mortes, as batalhas e sacrifícios, quanto quando descreve o amanhecer na planície de Tróia, ou quando descreve o ferreiro usando seu martelo e bigorna forjando as armaduras dos guerreiros, ou ainda quando descreve o tear das mulheres Gregas e Troianas.
Uma outra característica que me chamou a atenção foi a sensualidade embutida nas entrelinhas dessa Epopéia. A Ilíada exala sensualidade por toda a sua extensão. Sentimo-la quando, por exemplo, um personagem toca as próprias coxas "musculosas", quando seus corpos viris e maciços estão em batalha corpo a corpo. Mas essa sensualidade eu não notei somente quando ele descreve os guerreiros de corpos perfeitos, mas também quando está descrevendo uma cena brutal de uma lança que perpassa o soldado de um lado sou outro fazendo saltarem fora as víceras. Mesmo ali Homero o faz de uma forma que se sente, digamos assim uma sensualidade inata na forma como relata.
E para terminar, como último ponto, gostaria de ressaltar um ponto,ao meu ver menosprezado por muitos críticos da Ilíada. Me refiro ao relacionamento entre Pátroclo e Aquiles. Na minha opinião, pelo que eu pude alcançar na minha leitura, existia sim um legame de amor entre os dois. Um amor muito profundo e puro, que faz com Aquiles, na sua imensa dor pela perda do companheiro, morto em combate por Heitor, filho do rei de Tróia, Príamo, desrespeitar até as regras mais sagradas por homems daquele período quanto ao respeito ao culto fúnebre dos mortos.
Desesperado que está, na agonia da perda do seu amor, arrasta o corpo de Heitor já sem vida para junto das Naus dos Aqueus Gregos, privando o pai de Heitor, Príamo, de preparar o corpo do filho para passar pelos portais da Morte rumo a viagem ao Ades; e não ainda satisfeito disto, na penumbra do alvorecer dos dias, ainda corroído pela dor e pelo ódio que teima em não o deixar, e nesses momentos de maior agonia diante do mar, ele amarra as pernas de Heitor morto, atrela aos cavalos e o arrasta em volta do sepulcro de Pátroclo, buscando consolação para a dor da perda.
As evidencias desse amor são muitas claras na Ilíada, mas mesmo assim muitos críticos tendem a ameniza-la, outros a não dar a devida atenção, quando não a negam completamente. Mesmo porque se analisamos bem, veremos que a virada à favor dos Gregos, com a morte de Heitor, e a posterior conquista de Tróia, foi unicamente devida a morte de Pátroclo pelas mãos de Heitor.
Episódio este que faz com que Aquiles decida deixar de lado o seu rancor para com Agamênon, comandante das Naus Gregas, e voltar a combater ao lado dos Gregos.
Ao meu ver um dos episódios mais comovente da Ilíada é aquele que vemos Aquiles, homem brutal, tão cruel quanto violento, se jogar sobre o corpo do querido companheiro, banhado em lágrimas e gritando de dor.
Eu acho que se deveria dar sim a devida importância à esse aspecto da Ilíada.
Dar uma minima importância, ou até mesmo o negar, ao meu ver é mutilar a Ilíada de um dos pilares no qual se sustenta. Porque o amor entre os dois está lá sim, e é bem explicito por Homero.

PS. Recomendo, para aqueles que querem ter um primeiro contato com a Ilíada, lerem uma versão em Versos Brancos, quase uma Poesia-Prosa. Tem uma versão muito boa da Penguim-Companhia das Letras com tradução de Frederico Lourenço, autor e literato Português. É mais fácil e mais prazeroso a leitura
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Peter.Molina 16/08/2022

Uma epopeia vigorosa
O que mais podemos escrever sobre a Ilíada que não já foi escrito? Bom, aqui irei relatar as minhas impressões como leigo e sobre a edição. A tradução da Penguin de Frederico Lourenço é bastante fluida e a leitura seguiu muito tranquila e a narrativa muito ágil e com ritmo constante. Leiam os textos introdutórios, apesar de longos foram essenciais para uma melhor compreensão da história, sobretudo do contexto e personagens mitológicos. O texto é poderoso, com muito vigor, as cenas de luta são bem gráficas e as passagens dramáticas são intensas. Não se assuste com o tamanho da obra. Uma leitura obrigatória para aquele que quiser adquirir maiores conhecimentos sobre os clássicos da Antiguidade.
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