O Jogo da Amarelinha - I

O Jogo da Amarelinha - I Julio Cortázar





Resenhas - O Jogo da Amarelinha


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Coluccipedro 14/10/2016

Comecei pelo livro errado
Acho que peguei o pior livro do autor para conhecer o seu trabalho de primeira; narrativa não linear, descrições que mais parecem delírios escritos de forma isolada e juntados ao acaso, como o próprio prefácio define: um caleidoscópio de ideias. Eu entendo a extrema importância de Cortázar para a literatura mundial e principalmente a latino-americana, e que todos esses recursos que ele criou deram um tapa na bunda na forma arcaica de se escrever romances na época, porém, é o mesmo problema que tenho com autores beats: uma enxurrada de referências pessoais e datadas que encharcam a leitura e não a deixa fluir como deveria; mais uma vez: entendo que Cortázar é um gênio além do seu tempo, mas para mim essa lírica desvairada acaba resultando em uma masturbação intelectual sem fim. Ou eu que não tenho saco mesmo pra isso.
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Gahcardozo 06/07/2016

Hipertexto, construção em conjunto e antiromance: o jogo de criança que alterou o curso de um gênero que pedia por reinvenção.
Respirei fundo, durante muito tempo, antes de encarar essa leitura.
Será que é possível lê-la sem ter nas costas o peso de um clássico que influenciou o gênero do romance, e representa até hoje muito bem a literatura latino americana?
Comecei pelas beiradas. Meu primeiro contato com Cortázar havia sido em seus contos, mais especificamente, na reunião incrível deles em "O Bestiário". Seu realismo fantástico já me mostrara que a originalidade andava junto de um surrealismo sutil, como vemos em "Casa tomada", que além de tudo traz traços dignos de Allan Poe.
No entanto, "O jogo da Amarelinha" consegue ir além. Enquanto história, deliciei-me com momentos que foram do humor a conversas existenciais sobre tudo, e sobre nada: Horário, Maga e o Clube da Serpente, convidam o leitor para construírem a história em conjunto, visto que o livro oferece duas formas de ser lido - uma indicada pelo autor, e outra sequencial.
Em suma, o que me chamou atenção foi execução da hipertextualidade na obra. Não sou dotado de muitos conhecimentos no campo da literatura, no entanto, basta que nos aventuremos em saltos pelo jogo proposto por Júlio para que viajemos pelo destino dos personagens, até colagens, citações e capítulos ironicamente chamados de "prescindíveis".
Ora, nada aqui é prescindível, diria eu. Enquanto romance, consideraria uma obra completa, mas enquanto metáfora da modernidade e suas redes de conexões, auto-reflexões e novos caminhos a serem seguidos, definiria que, para todo aquele que procura grandes clássicos na europa, a América Latina não deve ser esquecida, pois traz autores e obras, como esta, que, sem dúvida, entraram para a história.
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Felipe 22/03/2015

Livraço! (não é resenha! É só um comentário..).
Livraço, sem duvidas...Não da pra explicar a sensação pós termino, uma melancolia estranha que foi aumentando junto com o definhar da sanidade do Oliveira. Há uma entrevista do autor em que ele diz que esse livro se iniciou no capitulo da tábua e que tem fortes traços autobiográficos, acho que esses dois conceitos sintetizam a historia: Oliveira (Cortazar parisiense), Traveler (Cortazar argentino) sustentando cada um com sua tábua a Talita/Maga (aqui cabe um poço de interpretações), Mas a historia é o de menos, é um livro pomposo, exuberante, com uma quantidade impraticável de referências, cheio de debates filosóficos na primeira parte (alguns bem niilistas, outros exagerados, mas vale a pena) inclusive o Cortazar da umas debochadas na mente super questionadora e filosófica do Oliveira em alguns momentos kk, cheio de técnicas que provavelmente nunca haviam sido usadas até então (já parou pra pensar que aquele cápitulo em que há dois textos misturados ou intercalados foi feito numa máquina de escrever? pqp incrível). Eu acho que ler a versão física desse livro deve ser insuportável (vai ter que ficar catando os capítulos), se tivesse que usar um livro pra definir as vantagens de um kindle eu usaria este, cápitulos todos linkadinhos direitinho, foi um diferencial... Ah e preciso, assim que tiver animo e disposição porque o autor demanda, ler "o homem duplicado" do Saramago..

Esse é sem dúvidas, um livro multi interpretativo, cabe muitos pontos de vista aqui. Se tivesse que dá uma dica a futuros leitores diria para não se incomodar caso não entenda algumas partes (principalmente alguns textos "técnicos" que aparecem pós capitulo 56 e alguns wtf do Cortázar), talvez nem se você for um Umberto Eco da vida iria conseguir compreender tudo, então relaxe e tire proveito do que conseguir e certamente isso já será o suficiente para reter a grandiosidade que é este livro ;)
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@livreirofabio 17/01/2015

Era amargo aceitar que se pode dançar na escuridão.
Horácio conhece as ruas de Paris. Horácio conhece as esquinas e becos de Paris; os mendigos de Paris. E tem amigos e amantes em Paris. Horácio não tem terra e tenta sombrear sua origem portenha. Cidadão do mundo que divaga e que prende-se entre dois pólos. Infinitos pontos de referência o trariam prazeres orgiásticos metafísicos guiados por Morelli.

O jogo da Amarelinha é difícil e vai se abrindo aos poucos em pequenas frestas com considerável dificuldade. Eu o li saltando o jogo, entre os capítulos "do lado de lá", "de cá" e os "de outros lados/prescindíveis" - respectivamente em Paris, Buenos Aires e uma mescla de citações e alguns capítulos extremamente chatos, aliás, esses capítulos quase levam a desistir da leitura, aqui se testa a perseverança. Em compensação há outros capítulos lindos, tão bem construídos que poderiam facilmente se destacar como contos isolados (por exemplo o que Horácio acompanha Mme. Berthe Trépat até em casa, desenhando uma Paris de submundo e chuva, linda), mas que ainda assim se encaixam perfeitamente na continuidade do livro.

Os personagens do Clube da Serpente parecem mais apagados e apesar de todas as discussões e inseguranças, não conseguem transmitir muito de seu debate ao leitor. A atração desse lado está em Maga/Lucía, é ela que se sobressai porque preserva autenticidade e dentro das circunstâncias é incrivelmente honesta. Pra cá, na Argentina, a honestidade se transfere para Traveler e Talita.

Parece que longe da efervescência e das possibilidades de Paris, e sem o clube, Horácio baixa a bola, parece que a convivência com o casal de amigos (Traveler e Talita) diminui a marcha embora aumente seu cinismo. Isso toma forma com o livro caminhando para o fim. Horácio se humaniza e Cortázar o despe de pedantismo, pelo menos em parte. Horácio
constata que as indagações caem quase sempre em inutilidade e histeria, e embora não dê sinal de abandoná-las, diminui a dose.

a.J.C. - d.J.C. E no fim não há céu. é no fim que se percebe que Cortázar não prometeu céu nenhum. A pedrinha sai fora do jogo, para no 6 ou no 4 ou sobe para o 7. Não há céu, não se alcança. Só a caminhada, essa é uma promessa que é cumprida. Cortázar desenha o tabuleiro e organiza a fila de um só. A esperança de chegar ao céu fica por conta de sua criatividade e equilíbrio.

"Para consolar-se, passava em revista as coisas boas de sua vida. Por exemplo, uma das boas coisas da sua vida tinha sido entrar, em certa manhã de 1940, no escritório do seu chefe, na Repartição dos Impostos Internos, com um copo de água na mão. Saíra despedido, enquanto o chefe absorvia com um mata-borrão a água que recebera no rosto." pg. 251.
Arsenio Meira 17/01/2015minha estante
Fábio, a resenha leva sua assinatura: sincronia, densidade e criatividade. Além do lembrete dado ao leitor, qual seja, com Cortázar, não há moleza. A gente tem que participar. Já li quase todos os contos do mestre Argentino. Logo, vou percorrer este jogo um tanto quanto penoso e recompensador. Abraços.




Paulo 09/12/2014

Angústia
Senti muita angústia ao terminar este livro. Sensacional, denso, bem escrito, auto-referenciado. Excelente. Livro é momento.
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vortexcultural 18/09/2014

O Jogo da Amarelinha - Julio Cortázar
Por Cristine

Há livros que marcam a sua geração. Há livros que se tornam marca dessa geração aos olhos das seguintes. E há livros que nascem para ser eternos. Este, como poucos, pertence às três categorias. Publicado nos já míticos anos 60, O jogo da amarelinha teve imediatamente uma recepção extraordinária nas mais variadas línguas e latitudes, Ari Roitman, que assina o prefácio da obra.

Com um prólogo assim, não é de se estranhar que leitores atuais entre os quais me incluo peguem a obra para ler com uma expectativa estratosférica. E isso é um de seus problemas. Todo o folclore criado ao redor do livro, incitam no leitor inúmeras ideias preconcebidas, indo da dificuldade da leitura ao deslumbramento com a obra. E iniciar a leitura com essa carga emocional acarreta basicamente dois sentimentos:

Frustração: o leitor, mesmo apreciando o texto, sente-se um pouco desiludido pois queria ter gostado mais do livro (parafraseando aqui Calebe, do blog Os Espanadores).

Logro: e esse mesmo leitor, sente-se enganado por tanta propaganda enganosa, com a certeza de que a obra foi valorizada em excesso, aclamada em excesso, analisada à exaustão; enfim, concluindo que não era aquilo tudo que falam por aí. Acrescente-se aí a ideia erroneamente disseminada de que a leitura não-linear sugerida pelo autor daria origem a uma história complemente diferente daquela resultante da leitura linear indo do capítulo 1 ao 56, sem ler os capítulos prescindíveis. Na verdade, é indiferente, dá na mesma ler de um jeito ou de outro, pois a história permanece a mesma, apenas com mais divagações filosóficas.

Há motivos para ser assim. E acredito que mesmo aqueles que deram a ela 5 estrelas no Goodreads concordem com o fato de que o livro ficou datado sob alguns aspectos. Não há como negar a criatividade estilística do autor. Contudo, há 50 anos certamente o impacto no leitor era exponencialmente maior que nos dias atuais. Nem mesmo o conceito inovador de seguir uma outra ordem de leitura dos capítulos deixou de ser novidade há muito tempo, desde o advento dos livros-jogo, uma febre nos anos 80, cujo melhor exemplo (IMHO) são os da coleção Give Yourself Goosebumps, de R.L.Stine, um spin-off dos Goosebumps regulars. Vale lembrar que, nestes, a sequência de leitura dos capítulos altera, sim, o rumo e o desfecho da história.

No romance, o leitor segue as andanças de Horácio Oliveira. A obra é dividida em três partes: Do lado de lá, Do lado de cá e De outros lados (Capítulos prescindíveis). Na primeira parte, ambientada em Paris (onde o livro foi escrito), acompanhamos o casal Horácio e Maga, e as reuniões com seus amigos, regadas com muita bebida, cigarros e jazz. Na segunda parte, Horácio está de volta a Argentina, onde reencontra um amigo, Traveler, e passa a conviver com ele e a esposa, Talita. A terceira parte é constituída pelos capítulos prescindíveis, aqueles que não fazem parte da leitura linear.

Mesmo lendo de forma direta, os capítulos oscilam entre eventos, digressões do protagonista e papos filosóficos entre os amigos, principalmente na primeira parte. Apesar de a segunda parte ter a cena que mais me chamou atenção depois do plot twist na primeira parte a cena da tábua, que sei que desagrada a muitos -, ela é bem mais insossa. Tem-se a impressão de que foi escrita às pressas e sem muito empenho por parte do autor. Não é o nonsense, nem o absurdo de algumas situações, tampouco a (quase) certeza de que o narrador não é confiável que incomodam, mas sim a nítida sensação de que há história de menos para tanto texto ou, em bom português, muita encheção de linguiça. O excesso de capítulos que não acrescentam nada à narrativa quase obriga o leitor a fazer uma leitura superficial, o que causa um certo desconforto e até um pouco de remorso: Eu deveria estar me dedicando mais.

Uma enorme quantidade de citações a autores, filósofos, músicos, e outros não chega a atrapalhar a fluidez da leitura caso o leitor não faça ideia do que se trata, mas deixa a impressão de que talvez a história pareceria mais interessante se quem lê-la souber do que se trata. Em outras leituras, eu eventualmente até paro a fim de procurar as referências. Mas, neste caso, são tantas que passaram batidas todas as que não fizeram sentido para mim. Possivelmente, muitas dessas referências eram assuntos da moda na época em que o livro foi escrito, sendo facilmente identificadas e contextualizadas pelos leitores de então.

Exceto pelos personagens principais, todos os outros parecem ser variações do mesmo. É quase impossível diferenciá-los, já que todos parecem ter a mesma voz narrativa. Se a intenção de Cortázar foi de construir personagens que deixassem o leitor incomodado por sua insipidez, sua falta de complexidade e sua chatice, seu objetivo foi atingido. É bastante tentador, quando conversam entre si, fazer uma leitura dinâmica até encontrar um parágrafo que volte a ser interessante. Em vários trechos, senti-me o próprio Charlie Brown em sala de aula, ouvindo sua professora: Uon uón, uon uón uon, uon. Nenhum deles consegue gerar muita identificação no leitor, pouco importando a este qual o destino dos personagens, o que certamente também dificulta a imersão na história.

Enfim, é inegável o valor da obra como experimento formal. Mas ter envelhecido mal atrapalha a apreciação dos leitores de hoje, além de sua fama de ser uma leitura difícil. Não é difícil, apenas perdeu seu poder de arrebatamento no passar dos anos.

site: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-o-jogo-da-amarelinha-cortazar
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Gláucia 26/08/2014

O Jogo da Amarelinha - Julio Cortázar
Publicado em 1964, foi recebido como romance extremamente inovador devido às inúmeras possibilidades de leitura: pode ser lido de forma contínua, onde a trama se desenvolve em 56 capítulos ou da forma pulada sugerida pelo autor. Fazia uma ideia diferente e foi um pouco decepcionante perceber que de qualquer forma a trama será lida de forma contínua, do capítulo 1 ao 56. Os capítulos aleatórios são inserções variadas, como citações, poesias, textos metalinguisticos, etc e, a meu ver, não teriam feito muita diferença no todo. Muitos desses capítulos foram lidos por mim sem que eu tivesse compreendido seu propósito.
Sobre a trama: Horácio Oliveira, seus amigos intelectuais e sua amante Maga (todos exilados) perambulam por Paris e formam o Clube da Serpente, onde bebem, fazem sexo, ouvem jazz, debatem os grandes problemas existenciais. E no fim das contas, nada realizam de concreto. Posteriormente, Oliveira retorna à Argentina e tenta se reintegrar com o auxílio de seu amigo (e duplo?) Traveler. Ao invés da ruas de Paris temos agora um circo e um hospício.
O livro deve ser realmente excelente e toda a maravilha que afirmam ser, certamente não sou leitora para apreciá-lo. Não consegui me envolver com nenhum personagem e seus grandes dramas.
Pretendo conhecer o autor por seus contos, elogiados por quase todos, incluindo os leitores que não apreciaram esse romance, tido por muitos como sua obra-prima.

site: https://www.youtube.com/watch?v=vjb_DMoumQ4
GilbertoOrtegaJr 07/04/2015minha estante
Aquela parte de ela se equilibrar em cima de uma tábua é hipnotizante né ? Fora isso li ele aos 16 17 anos, mas nem sabia que era tudo isso que dizem li pq gosto de livros compridos ( li de forma normal mesmo)


Gláucia 07/04/2015minha estante
Demorei pra entender o que estava acontecendo naquela parte da tábua rss. De tão absurda...


GilbertoOrtegaJr 07/04/2015minha estante
hahahhaha, amo/sou livros estranhos


larissa dowdney 08/04/2015minha estante
Também não me envolvi nada com os personagens, mas fui enlevada pela(s) história(s). Na época, gostei muito.


Dafne Takano 12/04/2018minha estante
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Lala 01/05/2014

É Cortázar testando os limites (ou seria ultrapassando-os?) da literatura e da arte de contar histórias. Como não amar?
Toni 17/02/2016minha estante
#] te encontrei entre as resenhas!




Bárbara 19/10/2012

resenha tardia
na verdade, não vai ser uma resenha.
é só q toda vez q me lembro desse livro, eu fico automaticamente melancólica. ou mais especificamente, eu me sinto levemente embriagada, com aquele cheiro de álcool velho impregnado, sentada num canto de algum apartamento escuro e úmido, com algum disco supostamente significativo tocando no fundo. sei lá, uma letargia na alma. e daí tdo parece mto errado e sujo.

eu não sei pq esse livro me deixava com um clima tão pesado. metade do tempo eu ficava pensando que o narrador era um bestinha pretensioso, imaturo, e dado a divagações falsas sobre a vida e tdo o mais, e enfim, não gostava mto dele. e nem acreditava nele. mas ainda assim, sei lá, a coisa é toda mto lúgubre, de algum jeito. eu talvez já nem me lembre tão bem da história, envolvia Paris, Buenos Aires, cartas, romances desastrados, os clochards na margem do rio Sena... nada mto definido, se vc me perguntar. mas essa sensação ruim q me vem toda vez q olho para essa capa e me lembro dos dias em q li esse livro (nos quais eu fiquei de repente mto sensível) é tão misteriosa pra mim q eu simplesmente senti a necessidade de vir escrever isso aqui. so, there you go...
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vero 17/05/2012

Sobre folêgo.
Exasperante. Impossível não perder o fôlego nos longuíssimos e corridos fluxos de consciência de Horácio.
Cada palavra puxa a próxima, é necessário parar e respirar. Algumas vezes os capítulos prescindíveis dão conta deste respiro, mas em grande parte da leitura, chegar neles é como vencer uma maratona. Como chegar à outra margem da piscina, em competição.
Sugiro a leitura na ordem aleatória então, porque proporciona mais momentos de pausa e mais tempos simbólicos e mais conteúdo, enfim. Na ordem, talvez seja preciso ser um maratonista para chegar ao meio do livro, para então se atirar a textos sem sentido ou com sentido demais.
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Paulo Renato 08/02/2012

Componha a história como desejar
O texto da capa que divulga O jogo da amarelinha diz que se trata da história de Oliveira e Magda, os amigos do Club da Serpente, das caminhadas por Paris em busca do céu e do inferno. Em contrapartida, temos a aventura simétrica de Oliveira, Talita e Traveler numa Buenos Aires marcada pelas recordações.
O surgimento de O jogo da amarelinha em 1963 foi uma verdadeira revolução dentro da novelística em língua espanhola. Pela primeira vez levava-se às últimas conseqüências a vontade de transgredir a ordem tradicional da história e a linguagem para contá-la.
São no mínimo dois romances dentro do romance. Cortázar convida o leitor a escolher uma das duas possibilidade que o livro oferece: a primeira, ler a história de forma linear até o capítulo 56, quando termina o romance. A segunda, ler a partir do capítulo 73, seguindo a orientação indicada ao final de cada capítulo. A segunda possibilidade tem a ver com o jogo da amarelinha. Você avança, retrocede, avança novamente e assim sucessivamente. É um jogo de leitura deveras interessante.
O Jogo da Amarelinha é uma espécie de anti-romance, sem enredo convencional, sem suspense, sem comentários psicológicos, quase desprovida de uma descrição e cronologia, elementos que captam a descontinuidade e a desordem da vida. A jornada de Oliveira, o protagonista, começou em Paris, onde sua amante Magda e seu filho mais novo, conversam na sala que se torna o centro da reunião do grupo de amigos, artistas e intelectuais que, juntamente com Magda e Oliveira são os parceiros no diálogo que completa a maior parte do texto.
Em Buenos Aires, no decorrer da hstória, Oliveira trabalha com seus amigos, o casal Talita e Traveler, primeiro em um circo e em seguida num asilo, onde Oliveira é considerado, possivelmente, um louco suicida.
A novela termina de forma ambígua, mais hipotética que real. Faz os leitores mergulharem numa tentativa de encontrar outra maneira de enxergar o que seja nossa realidade.
===================
Julio Cortázar. O jogo da amarelinha. 6ª Ed. Civlização Brasileira, 1999, 640p.
__________ Rayuela. 2ª Ed.,Buenos Aires,Punto de Lectura,2008, 734 p.

Visite meu blog: www.sobrelivrosecronicas.blogspot.com
Paulo REnato Soares
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Marcos Faria 02/11/2011

A primeira tentativa de ler “O jogo da amarelinha” tinha sido mais de vinte anos atrás. Na época não consegui por vários motivos. Um deles foi a incapacidade de entender tantas referências espalhadas. Mas esse problema nunca pode ser totalmente resolvido, no máximo atenuado. Não acredito que alguém consiga captar todas as piscadas de olho que Cortázar distribui pelas seiscentas e tantas páginas. O problema maior era a inadequação: não era o livro que eu esperava que fosse. Dessa vez, com uma atitude diferente, deu para, se não compartilhar, pelo menos entender a devoção de tanta gente por Rayuela. Além de ser um monumento do ponto de vista de forma, estrutura, e tal, tem o texto, que é impressionante. Nos primeiros capítulos, eu me peguei lembrando frases que tinham ficado guardadas no meu cérebro desde aquela tentativa anterior. E isso não é coisa que qualquer autor consegue.
(Publicado também no Almanaque - http://almanaque.wordpress.com/2011/11/02/meninos-eu-li-16/)
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Jéssica 22/09/2011

É possível que eu não goste de um livro onde um grupo de pessoas se encontram em Paris para ter conversas metafísicas?

O Jogo da Amarelinha é sim um livro denso, onde os pintores, escritores e musicos, citados pelas personagens, são igualmente personagens. Mas ao invés de me afligir, de me incomodar com a análise e a discussão sobre pintores, escritores e músicos que não conheço, eu me deixo levar, como quem contempla o mar e esquece de tudo o mais diante daquela infinitude de pensamentos.

Cortázar te apresenta um absurdo e linhas depois, você esta aceitando com a habitualidade de um café da manhã.
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