Anne 06/09/2022
Terra do Sol
Samarcanda é um livro dividido em quatro partes, sendo as duas primeiras dedicadas a contar a história de Omar Khayyam, poeta e astrônomo persa de uma relevância histórica enorme; e as últimas duas para contar o destino do seu manuscrito.
Para fazer uma boa resenha, precisaria de muito mais conhecimento da história política persa, e até da atualidade. Mas me limitarei ao pouco que sei, e o pouco que sei se deve ao livro.
Em sua época, Khayyam se vê enrolado na política de sua terra, mesmo a detestando. Um juíz que o admira como sábio quando ainda é muito jovem, dá de presente a ele um livro em branco para que faça um manuscrito com suas poesias. A única coisa que pede em troca é que dedique esse livro a ele, uma tentativa esperta de se eternizar. Khayyam aceita então o desafio e se lança a escrever o manuscrito que hoje já inspirou Fernando Pessoa e Manuel Bandeira, para citar os mais próximos.
Enquanto se empenha nessa tarefa, Khayyam vive a vida a seu tempo. Se apaixona, se casa, faz amigos.. um deles que virá a se tornar o maior pesadelo do seu povo, Hassan Sabbah, líder de uma seita islâmica e considerado o fundador da ordem dos Assassinos, responsável por uma futura reviravolta na vida de Kayyam.
Até que isso aconteça, no entanto, leva a sua vida da forma mais próxima àquilo que aprecia, olhando o céu, bebendo vinho, ao lado de sua amada quando esta não está envolvida com a vida no Palácio, pois sua esposa é ninguém menos do que a conselheira da Sultana.
As últimas duas partes do livro são dedicados a contar a história da Pérsia em meados de 1900, a luta por uma constituição, pela democracia, e para não ser esmagado pelos pés gigantes dos poderosos tradicionais. E ainda, ao supremo e infeliz destino do valioso manuscrito após tantas turbulências em sua história.
A história é profunda e educativa. Para quem gosta de panoramas históricos é um prato cheio. Para quem gosta de um romance, também é recheado de vida cotidiana e amores impossíveis.