Lucas
01/02/2017FantásticoEu conheci esse livro em 2014, pela nova edição da Alfaguara, que ocorreu por causa da morte do autor (e eu nem sabia que ele havia morrido! *desinformadíssimo*).
Fiquei receoso de não conseguir ler as quase 657 páginas do romance. O início foi bem difícil, o jeito que o autor descreve as cenas, e narar a história. Ele utiliza palavras antigas, da época de 1800, algumas deles procurei no google para me ajudar, porém não achei significado. Mas nada que comprometa a leitura.
A forma que os personagens falam também me trouxe dificuldades. Porém, ao mesmo tempo, gerou uma admiração pelo capacidade do autor de relatar as diversas formas de se falar. É verdade que eu me senti ali, naqueles terreiros, naquelas senzalas, naquele espaço, tão vívido e rico a forma que o autor narra.
Superando esse início mais complicado, a segunda metade do livro comecei a ficar viciado, não queria mais largar. E essa curiosidade me levou até o fim do livro, me fazendo pesquisar outras fontes para tentar entender mais a história.
Encontrei esse artigo (http://publicanto.com.br/central/dicas/arquivos/arquivo_1_2013_02_12_20_16_07.pdf), que foi baseado em uma dissertação, que explica muita coisa do livro, inclusive os nomes dos personagens (Perilo Ambrósio, que traz um pouco da sua luxúria; Amleto Ferreira, baseado no Hamlet, "ser ou não ser", pois o Amleto negava de todas as formas a sua origem negra, comprando até um sobrenome inglês).
A realidade da vida dos negros na senzala, a forma que eles são bizarramente tratados pelos senhores, as guerras, a religião camdomblé (o capítulo da conversa entre os orixás achei fantástico), o verdadeiro nacionalismo levantado por Maria da Fé, a aristocracia hipócrita e corrupta, tudo faz você esquecer que é uma ficção. Pois todas essas histórias puderam muito bem acontecer, se não dessa mesma forma, muito mais intensa.
Enfim, foi um livro que valeu muito a pena, daqueles que se leva para o resto da vida.