Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos

Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos Ana Paula Maia




Resenhas - Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos


89 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Hugo 09/09/2020

Com escrita violenta, Ana Paula Maia reflete sobre grupos negligenciados
Tem gente que mergulha nos livros para fugir da realidade. Mas existe escritores que usam da ficção para nos fazer lidar com um realismo indigesto. O livro 'Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos' traz personagens acostumados com o submundo que a sociedade os relega.
São duas novelas. A primeira reserva as aventuras de uma dupla de homens que trabalham em um abatedouro ilegal de porcos. A segunda narra as reflexões de um coletor de lixo sobre a hipocrisia da sociedade. Todos se tornam invisíveis aos olhos dos outros no meio do sangue e da sujeira.

Ana Paula Maia, escritora e roteirista carioca, que nasceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, tem uma escrita violenta. É fácil se chocar com algumas passagens do seu livro. Tem de tudo: zoofilia, roubo de órgãos, pedofilia, homicídio. E não falo isso para te assustar ou para te afastar do trabalho de Ana Paula. É um incentivo torto. Porque todos esses temas são relacionados a personagens que não se importam mais com o lado feio da vida. Porque foram brutalizados por suas escolhas ou por simplesmente terem trabalhos que eu, você, nem ninguém quer ter.

É com essa premissa que as novelas tentam agarrar a nossa atenção. Como a sociedade deixa que parte dela se desumanize ao ponto de não ligar mais para as leis, julgamentos, o próprio corpo, a saúde. Na primeira novela, em seu primeiro capítulo, o personagem Edgar Wilson assassina uma pessoa, mói a sua carne e a vende como se fosse de porco. Ele faz isso tudo sem pestanejar, como se fosse um gesto natural. Como coçar os olhos, beber um copo d’água, respirar.

A segunda novela, ‘O trabalho sujo dos outros’, nos leva a vida em cima do corrimão de um caminhão de lixo. Escorregadio, já causou muitos acidentes. Garis que caem e morrem, ou ficam inválidos, desempregados. Erasmo Wagner é um deles. Ele sobrevive refletindo sobre a decadência do seu serviço e de como ninguém se interessa com suas mazelas. As pessoas o evitam como se ele fosse o lixo que ele recolhe.

Os momentos finais do livro lançam uma crítica a uma sociedade consumista que descarta toneladas de lixo todos os dias. O conteúdo da lixeira diz muito sobre quem a pessoa é e de onde ela vem. Em um cenário apocalíptico, uma cidade engolida por ratos e sujeira é observada por Erasmo. Toda a barbaridade aconteceu porque pessoas como ele deixaram de trabalhar.

Para mais resenhas acesse o link abaixo.

O ‘literato’ é uma plataforma que busca relacionar temas atuais à literatura, apresentar dicas de escrita criativa e compartilhar minhas histórias. É o diário de bordo de um aspirante a literato nascido em 1997.

site: https://medium.com/literato
comentários(0)comente



Re Vitorino 29/08/2020

Chocante, incrível, assustador, perfeito
Nenhuma palavra é desperdiçada em duas histórias narradas com fluidez e sem poupar o leitor da crueldade dos ambientes dos personagens. Minha primeira obra da autora e definitivamente quero mais, quero tudo.
comentários(0)comente



Júlia 28/08/2020

Brutal. Marcante. Cru. Livro difícil de digerir, com muitas cenas fortes, mas que levanta reflexões importantes. O que constrói o nosso caráter e determina nossas atitudes?
comentários(0)comente



Perolitzzz 17/08/2020

Que paulada...
A escrita de Ana Paula Maia é crua, áspera, ferina, acre, agreste, cortante e não alivia em nenhum momento dessas duas histórias.
Queria poder explicar mas eu me sinto confusa em perceber que gostei da leitura... e que vou buscar outras histórias da autora.
Um livro curtinho que eu não aconselho pra quem busca algo pra ler em 1 dia... eu não consegui.
No início achei afetado e gratuito mas de repente a narrativa foi me entregando cada analogia, cada metáfora... coisa afiada.
Fui impactada mesmo.... real!
Quem tiver com o Kindle Unlimited ativado, verá disponíveis esta e mais 2 ou 3 outras histórias.
Recomendo mas, é pra quem tiver estômago, ok?
comentários(0)comente



Peleteiro 10/08/2020

Excelente!
Lembrou-me de John Steinbeck, com o seu ?Ratos e homens?. Não pela caracterização dos personagens a partir dos diálogos, mas pela condição tratada. Pela degradação dos homens que exercem funções basilares, mas invisíveis, promovida pelas sociedades. Sem dúvidas, há aqui uma narrativa dura, crua e surpreendente. Grande obra!
Stephanie.Franco 24/10/2020minha estante
Que definição incrível! ?Pela degradação dos homens que exercem funç?es basilares, mas invisíveis?. Resume muito bem a aspereza e pungência do livro.




Vellasco 28/07/2020

Duas histórias incríveis.

A primeira sobre um abatedor de porcos a segunda sobre um coletor de lixo.

Ambas parecem ser tão distantes porém estão o tempo todo ocorrendo próximo a nós.

O estilo da leitura é bem fluido e intenso, lembra me muito o estilo de Rubem Fonseca.

Está disponível no Kindle unlimited, no dia que li. 28/07/2020
comentários(0)comente



mdudalivros 15/07/2020

Histórias amargas que são enfiadas goela abaixo e que fazem refletir sobre os trabalhos ingratos que ninguém quer fazer.
comentários(0)comente



azuldeamanda 25/05/2020

Como medir o fardo dos trabalhos que ninguém quer fazer?
Lendo esse livro, você será capaz de sentir o cheiro e o clima dos locais por onde os personagens passam. A ideia de hierarquia social me lembrou muito o filme O poço, já que na narrativa as pessoas não se importam com quem está acima ou abaixo nas camadas sociais.
A história conta, de maneira brilhante, que os protagonistas se camuflam tanto em seus "serviços que ninguém quer fazer" - matador de porcos, lixeiro, desentupidor de esgotos - que eles acabam se diminuindo e passando a ser apenas o próprio trabalho, carregando interna e externamente o cheiro e a textura daquilo que fazem.
Essa última parte me lembrou O cheiro do ralo (Lourenço Mutarelli), quando o personagem sente que faz parte do próprio ralo.
comentários(0)comente



jacquelinands 22/04/2020

Mórbido e tangível
"Esta cidade não faz acepção. Tudo se transforma em lixo.Os restos de comida, os colchões velhos, a geladeira e um menino morto. Nesta cidade tenta-se disfarçar afastando para os cantos o que não e bonito de se olhar. Recolhendo os miseráveis e lançando-os às margens imundas bem distantes."

O livro tem dois contos e retrata além a desigualdade, os protagonistas - que sonham em sair dessa cidade para enfim morrerem soa como um tipo de paraíso para eles - e os cenários são muito bem construídos e criam uma densidade durante a leitura, alem disso os momentos de humor funcionam muito bem para a quebra do peso causado pela reflexão das historias dos trabalhadores.
comentários(0)comente



Edianne.Novaes 13/04/2020

Impactante
Brutal, arrebatador, violento, despudorado, direto, cortante...
Não há preparo ou antecipação capaz de aliviar o impacto causado por essas duas novelas num mesmo livro.
Apesar da violência do texto tão cru, acho que ele fala sobre sobrevivência e amizade
comentários(0)comente



João Vitor Schulte 02/03/2020

A sujeira do homem
Por dentro da vida dura de quem faz o trabalho que ninguém quer.
comentários(0)comente



Yasmim 29/02/2020

Porcos, cães, bode e cabras..
Leitura curta e intensa com um tanto de realidade misturada ao exagero. Senti a sensação de estar vendo o filme O Alto da Compadecida, e me perguntei se realmente coisas citadas no livro acontecem por aí (mas é claro que acontecem) e tive pesadelos no primeiro dia de leitura, fiquei impressionada.
comentários(0)comente



Adriano 01/11/2019

"Erasmo Wagner remói em silêncio o quão importante é o seu trabalho. Importante para manter a ordem, a segurança, a saúde. Importante para os ratos e urubus. Importante para quem o despreza por cheirar azedo."
Certas obras nos fazem nos dar conta do quão pouco nós compreendemos as relações humanas, e o quanto ignoramos realidades diferentes da nossa. É isso o que faz "Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos" de Ana Paula Maia. Com uma escrita violenta e arrebatadora, a autora nos traz reflexões sobre essas e muitas outras questões, em uma obra composta de duas novelas, e que traz personagens aos quais não estamos acostumados, homens brutos e até animalescos, mas que ainda assim demonstram inocência em certos momentos, seres humanos que fazem os "trabalhos sujos" da sociedade. Um abatedor de porcos que tem como hobby assistir cães se estraçalharem até a morte em rinhas e um coletor de lixo que se vê em uma situação de greve, pessoas marginalizadas e que estão em todos os lugares, mas que preferimos ignorar, enquanto elas fazem o trabalho que nós não faremos.
comentários(0)comente



Vinny Britto 24/06/2019

Que bela surpresa foi essa leitura. Primeiro que leio da autora e com certeza irei ler tudo quanto possível!

Linguagem nua, crua e pesada, mas com uma pegada reflexiva e sentimental. Diferente de tudo que já tinha lido, essa pequena obra me surpreendeu bastante. Se pudesse usar somente duas palavras para classificar o livro, acho que seriam "desgraça filosófica".

Recomendo!!!
comentários(0)comente



Marcos774 10/04/2019

Incrivelmente Cruel.
Que surpresa! É tão bom encontrar algo nunca visto antes(nesse caso, por mim), leitura leve e ao mesmo tempo chocante, descreve as vidas que ignoramos, trabalhos que ninguém quer fazer, mas, tem gente que faz.
Cruel, triste e arrebatador, e o mais interessante escrito por uma mulher, como retratar um universo tão inóspito, sujo e predominantemente masculino?Difícil dizer, Ana Paula Maia é fenomenal, com certeza vou ler mais livros dela.
comentários(0)comente



89 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6