eibarba 24/08/2012http://www.restaurantedamente.com/"Na minha cabeça, mastigo dez vezes cada frase, corto uma palavra, acrescento um adjetivo, e decoro o meu texto, parágrafo a parágrafo."
O Escafandro e a Borboleta é um livro “diferente”, mas, o que ele tem de tão diferente que chama a atenção de tanta gente? A forma como ele foi escrito. O autor sofreu um acidente, acordou em um hospital em Paris sem conseguir mexer nenhuma parte do seu corpo a não ser o olho esquerdo. Ele sofria de “síndrome do encarceramento”, ou seja, estava preso em seu próprio corpo. Mas você pergunta, e como ele conseguiu escrever um livro? Através do olho. Sua fonoaudiologia interessada em criar algum artificio para que o Jean pudesse se comunicar, desenvolveu um sistema que parece ser bastante complicado, e que se tornou a única ferramenta que Jean encontrou para se comunicar com o mundo e nos dá esse livro maravilhoso, que é uma lição de vida.
“O escafandro já não oprime tanto, e o espírito pode vaguear como borboleta. Há tanta coisa pra fazer. Pode-se voar pelo espaço ou pelo tempo, partir para a terra do fogo ou para a corte do Rei Midas”.
Tomei conhecimento do livro através do filme, que é belíssimo, assim como o livro. Fiquei morrendo de curiosidade de ler as palavras desse homem que parecia não ter nada mais na vida, mas, que tem tanta coisa para nos falar, tanta lição para nos apresentar. Como falei no inicio, o Jean sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou em coma profundo, quando acordou, todas as funções motoras estavam deterioradas. Sem poder fazer qualquer movimento, e só tendo um olho para se comunicar com o mundo, Jean, que antes era jornalista e editor-chefe da revista Elle, através de sua fonoaudióloga, conseguiu desenvolver o sistema que possibilitou a escrita desse livro. Separando as letras mais usadas do alfabeto francês, e escrevendo cada uma em um papel, quando chegasse à letra desejada, ele piscava. Foi através desse processo lento e cansativo que o Jean deixou sua última mensagem ao mundo.
Acho que não tem uma pessoa que leia este livro e não chore. É uma lição de vida. Cada capítulo Jean apresenta sua rotina no hospital em que está internado, conta um pouco de sua antiga vida e de seus sonhos antigos que agora não poderão ser mais realizados. Ficamos íntimos do autor a cada página lida. Mergulhamos na mente dele, por isso é difícil não se envolver.
Esse livro me fez pensar muito sobre a vida, como nós temos muitas oportunidades e muitas vezes não damos a devida importância. Somos abençoados com o dom da vida e estamos com a saúde perfeita, se não perfeita ao menos temos os movimentos dos membros, e se não tivemos o movimentos de um dos membros ainda temos outro que “preencherá o vazio deixado por aquele”, diferente do Jean que só podia movimentar um único olho, e mesmo assim mantinha sua esperança sempre preenchida.
Como já disse antes, o livro é maravilhoso, recomendo a leitura a todo mundo, aliás, é um ótimo presente para dá aquela pessoa que não valoriza a vida.
“Haverá neste cosmo alguma chave para destrancar meu escafandro? Alguma linha de metrô sem ponto final? Alguma moeda suficientemente forte para resgatar minha liberdade? É preciso procurar em outro lugar. É para lá que eu vou.”