spoiler visualizarisadorampelotti 10/07/2024
Primeiro livro que leio do Dostoiévski:)
Ok... demorei um tempo exorbitante para ler este livro, e não é porque seja um livro cansativo ou difícil de ler. Na verdade, fiquei até embasbacada, porque uma pessoa leiga como eu estava conseguindo entender plenamente um livro como este.
Mas o problema não é entender a história em si, é saber interpretar e entender que o livro é muito mais do que uma trama genérica policial, em que se tem um crime, um assassino e um herói que vai acabar desvendando tudo isso.
Como um grande romancista, Fiódor não se preocupou em abusar de palavras na construção da história. Cada trecho foi muito bem descrito e, assim, trouxe uma representação bem clara dos cenários na minha cabeça. Bem como o impecável desenvolvimento dos personagens, trazendo assim um caráter concreto aos mesmos.
Existem certos personagens, com os quais senti maior afinidade e até um certo tipo de carinho... outros me deram uma repulsa nojenta.
Mas o Raskolnikov, ele foi um misto de sentimentos... Uma hora não aguentava mais ler esse russo surtar, outra hora me via concordando com o tipo de pensamento desse maluco, e logo depois uma compaixão, ódio, e assim por diante.
Boa parte do livro foi um espetáculo. Houve partes em que eu estava atormentada de ler, principalmente quando se foca em um pensamento/fala de apenas um personagem, e ele não para mais de falar, e fica páginas e páginas de pura falação do cujo qual...
Sendo assim, a história começa a tomar rumo, se desenrolar e a surgir plot twists/ momentos de clímax, precisamente na metade do livro.
Mas devo admitir que, de todos os momentos da trama, o que mais me interessou foi os diálogos entre Raskolnikov e Razumíkhin (que se tornou o meu favorito). Os dois são uma dupla incrível, ao meu ver. Boa parte das falas entre os dois estão grifadas no meu livro. São tópicos e assuntos um tanto "aleatórios", mas que refletem muito na sociedade antes da Revolução que viria a acontecer.
Aliás, fiquei extremamente aliviada em saber que Razumíkhin ficou ao lado de Dúnia. Os dois são bons e se merecem.
Quanto a Raskólnikov e Sônia, foi de derreter o coração... esse amor puro e genuíno entre os dois (que é até irônico de se dizer, já que são considerados profanos). Assim como Ródia se amoleceu todo para sua mãe e irmã no fim do livro.
Esse amor, apesar de todas as diferenças de cada um deles, prevaleceu e me fez terminar Crime e Castigo em lágrimas.
Ao meu ver, Crime e Castigo é um tipo de leitura que te dá um baque e te faz sair da bolha em que estamos acostumados a viver, abrindo portas para novos pensamentos. Creio que isso seja fundamental em algum ponto da vida, então, recomendo, caso esteja aberto a isso.