Ronnison 18/02/2012
Verso a (Re)Verso
Inegavelmente um afiadíssimo jogo de palavras, nessa obra d'O Poeta de Meia-Tigela que mescla palavras de várias épocas e regiões fazendo delas acentuadas notas que transmitem àqueles que lerem uma sensação reflexiva em cada verso. O livro, além de ótimas instigações trás também textos diversos, um deles é uma interessante forma de ver a influencia do escritor russo Dostoievski, resgata também a beleza requintada de ilustrações trazendo de volta o aspecto das xilogravuras. Gosto muito da forma como o autor se posiciona perante a expectativa do leitor, alguns versos têm efeitos ópticos muito interessantes que são reforçados com os desenhos que perambulam livremente pelas suas páginas. Um dos desenhos que sem dúvida me prendeu a vista está na página 79. Mas, de todos os versos, o que mais gostei foi esse:
"Avantesmas e esqueletos
Deixarão as catacumbas
Sairão de suas tumbas
Os cadáveres infectos
Crucifixos amuletos
Relegados ao desdém
Pesadelos sobrevêm
Ao que dorme e ao que acorda
Vêm zumbis vêm em Hordas
E com eles eu também."
(Livro 3, 1. As Aparições, 1. Canto Negro, 3º Estrofe, página 170).
Não são apenas versos líricos, são tigelíricos!
Li, gostei e lerei novamente.
Recomendo à todos!
A. F. Ronnison