Vilamarc 14/12/2020Culinária transgressoraPela primeira vez leio um livro que me instigou a imaginar, com todos os sentidos, olfato e paladar, além da experiência tátil.
Como água para chocolate é uma celebração sensorial, além de seu caráter reconfortante e inspirador.
Ambientado em plena Revolução Mexicana de 1910, Laura Esquivel nos presenteia com esse romance latinão que não dispensa o triângulo amoroso, o peso opressor das tradições familiares e os segredos do passado, narrado em cenas tropicais e calientes. Assim, temos Mamãe Elena voltando do além para impedir o romance de Tita e Pedro, esposo de sua irmã Rosaura.
Mas óbvio que o destaque são as cenas culinárias intercaladas ao romance. Como o capitão revolucionário lendo receitas para descobrir o ponto de bola da calda de açúcar sob as ordens ameaçadoras da generala Gertrudis. Muito bom!
As receitas são como as regras sociais que confrontadas as vidas individuais, ganham sabores diversos, e chamam a transgressão.