Helder 18/12/2012Quase bomMuito difícil fazer uma resenha para este livro. O Nome do Vento, para mim foi um achado. Nunca tinha ouvido falar e li por recomendação de um amigo e fiquei maravilhado com a linguagem do autor e com aquele novo mundo criado por ele.
Algumas resenhas insistindo em compará-lo a Harry Potter, mas com certeza um livro não tinha nada a ver com o outro. Patrick Rothfuss era realmente um autor original!
Sendo assim, a ansiedade pelos próximos dias em que Kvothe conta sua saga para o cronista eram enormes, e qual não foi minha felicidade ao descobrir que o segundo dia tinha 960 paginas?!
O começo da leitura me trouxe novamente aquele mundo original criado pelo autor. Kvothe e suas aventuras para conseguir se manter na universidade. E assim foram 200 paginas que passaram rapidinho.
Depois disso nosso amigo Kvothe é convencido pelos amigos e “tirar férias da universidade” e acaba fazendo uma viagem para o outro lado de seu mundo, onde conhecer o Maer, um homem extremamente rico e quase um rei, que precisa de alguém para ajuda-lo a conquistar uma mulher para manter a genealogia do seu reino.
O livro continua bom? Com certeza sim. As estórias em que Kvothe se envolve são muito interessantes e divertidas. A descoberta da traição e a maneira como consegue comprovar sua teoria para o Maer, a procura pelos bandidos na floresta tendo que liderar um grupo, a cena incrível quando encontram os bandidos e o raio, o treinamento junto aos ademrianos. A única parte muito chata é a Feluriana, que deveria ser uma parte sensual, mas na verdade dá um grande sono e extrema vontade de pular páginas. E no meio destas peripécias ainda existem os maravilhosos diálogos dos encontros com a misteriosa Denna, que continua completamente arisca e fulgás. E o autor ainda teve a coragem de suprimir toda a viagem de Kvothe, tanto a ida quanto a volta, onde com certeza teríamos mais umas 200 paginas.
Porém quando deixamos a emoção de suas peripécias e a prosa poética de Rothfuss de lado e paramos para pensar um pouco, começamos a ter a impressão que a estória está perdendo um pouco o rumo.
Até onde sei,o que foi proposto a nós leitores que embarcamos nessa série são 3 dias que Kvothe terá para contar sua saga, ou seja, desde seu nascimento e infância junto aos Edenas Ruh, até ele se transformar no Hospedeiro, dona da Hospedaria onde se passa a estória. E não imagino que o hospedeiro seja um menino de 20 anos.
Ao fim das 960 paginas, termina-se o segundo dia com o cronista , e Kvothe ainda tem somente 17 anos e não adquiriu mais nenhuma informação relevante sobre o Chandriano. Aliás, em 960 paginas deve ter umas 10 que citam o Chandriano ou o Gris.
Além dessa perdida de rumo, ou diminuição de foco, ainda existem partes um pouco exageradas e inconvincentes. Kvothe aprendeu tudo sobre a “arte do amor” com a Feluriana e se tornou o comedor. Mas continua no seu amor platônico por Denna. Confesso que os diálogos entre os dois são pérolas de tão bem escritos e sacados, mas infelizmente ficam inconvincentes no livro após a Feluriana, pois com certeza Kvothe já não é mais um menininho virginal.
E além disso ainda ficam muitas pontas mal explicadas: Qual o real motivo da traição contra o Maer? Qual o segredo de Auri que a deixa tão arredia? Qual a reação função de Elodin? É só um maluco ou ajudará Kvothe em alguma coisa? E quem é o “mecenas” de Denna e porque tanto mistério? (Na minha opinião só pode ser o Gris). E a informação trazida pela menininha que se perde no meio deste calhamaço de paginas? Porque Kvothe levou aquela surra na hospedaria se no livro anterior tinha até matado um demônio?
Fica a duvida então: Será que Rothfuss vai conseguir terminar esta saga no próximo livro ou vai comer nosso dinheirinho nos avisando somente no final do 3º episódio que foi necessário escrever um 4º livro?
Isso aconteceu com a série do Eragon e achei uma grande sacanagem.
Sendo assim, esteja preparado para encontrar diversão e um bom texto neste livro que te deixa com gosto de quero mais, porém nos deixa frustrado em relação ao tema principal que é a Vingança, já que não nos traz nenhuma nova revelação.