Danilo Barbosa Escritor 24/02/2012Vingança BrutalVeja mais resenhas minhas no Literatura de Cabeça:
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Assumo que sou apaixonado pelo mistério. Principalmente pelos livros que envolvem um cruel e inteligente serial killer... Aqueles crimes violentos criados pela mão de um assassino que parece desafiar os nossos limites.
Já li muitos livros assim e sei que para conseguir manter os olhos do leitor preso a trama tem de ser muito bom.
E Ricardo Ragazzo, em seu primeiro livro, consegue dar conta do recado. 72 horas para morrer (Novo Século, 254 páginas), nos apresenta o delegado Júlio Fontana, um cara que, para mim, vai entrar com certeza na posição de anti-herói. Grosso, mal educado e sempre se achando o dono da razão, ele vê sua vida virar de pernas para o ar quando o carro de sua namorada é encontrado vazio, jogado em uma esquina.
A partir daquele instante, uma onda de mortes hediondas cerca o delegado. As pessoas que ele mais ama começam a morrer e ele não sabe onde começar a procurar pistas. Será que esse maléfico vingador seria um dos homens que ele já prendeu ou a verdadeira resposta está em fatos do passado que ele não quer se lembrar?
Começa então uma corrida frenética em busca do verdadeiro culpado? Antes que a morte o encontre ou pior ainda, alcançar sua filha adolescente, a coisa que ele mais preza no mundo.
Numa trama alucinada, vamos chegando com Júlio cada vez mais perto da verdade. Nada é o que parece ser. Mocinhos se tornam vilões, segredos são desvendados e o rastro de sangue aumenta a cada página. A violência das mortes não poupa ninguém e te choca muitas vezes pelo toque macabro que as vítimas são tratadas. Tiveram cenas que fiquei de cabelo em pé:
O corpo da mulher havia sido estripado. Estômago, instestinos, pulmões, coração, rins, tudo havia sido arrancado de dentro dela. E no lugar, o corpo tinha sido preenchido com o corpo do filho em posição fetal. Só que os braços e as pernas do garoto haviam sido esquartejados e colocados juntos a ele. Uma sórdida paródia de uma gravidez.
Por isso, não recomendo aos literatos de estômago fraco. É sério...
Júlio, para mim, foi um personagem complexo para lidar. Sua mania de agir sem pensar e tentar resolver sua dor com os punhos me irritava em certas horas. Mas com o tempo vamos vendo que são as únicas formas que ele podia lidar com seus próprios demônios. Aqueles que, graças as páginas do livro, por um momento também se transformam nos nossos.
O livro me surpreendeu em vários trechos, pela criatividade do autor em criar uma obra rápida e tensa. Os gêneros literários se fundem durante o correr da trama, criando as mais diversas situações e atingindo o clímax com um desfecho completamente diferente de outras obras do gênero.
Real e fantástico. Vida e morte. Crimes brutais e um assassino que parece estar onipresente.
As dicas perfeitas para um bom livro de suspense.
E ai? Vai correndo pegar o seu ou vai esperar que as 72 horas acabem?