Abner47 05/04/2024
"Ele havia nutrido por Anne uma grande afeição, e desde então nunca havia encontrado outra mulher que julgasse igual a ela;[...]"
Publicado em 1818, "Persuasão" marcou o último romance concluído por Jane Austen antes de sua morte em 1817. A obra é enriquecida pela linguagem refinada característica da época, que foi habilmente transmitida na tradução para o português. Uma das características que mais aprecio em Austen é sua habilidade em descrever os pensamentos e emoções dos personagens. Em "Persuasão", a autora apresenta com perspicácia as nuances de uma mulher madura: Anne, uma personagem moralmente íntegra, equilibrada e observadora. Sua simplicidade e caráter cativam, e muitos podem se identificar com seu exemplo.
Além disso, Austen destaca-se ao enaltecer homens virtuosos e colocar os vilões em seus devidos lugares, evitando os estereótipos dos libertinos ridículos tão comuns em romances de época contemporâneos.
Considerando o contexto da vida da autora enquanto escrevia, lidando com doença que eventualmente a levaria à morte, "Persuasão" parece ter um significado ainda mais íntimo para Austen. O romance transmite uma mensagem de encorajamento, fé em Deus e confiança em si mesma, especialmente através da figura da Sra. Smith, personagem ligada à protagonista Anne. O enredo simples, porém habilmente elaborado, é um testemunho da maestria de Austen na escrita.
Além disso, "Persuasão" oferece uma visão fascinante da sociedade em transformação da época, onde o mérito e a sorte podiam elevar ou rebaixar indivíduos na escala social. Os personagens como o pai e a irmã de Anne exemplificam o lado fútil dessa sociedade, que se orgulhava de títulos de nobreza e se considerava superior aos que não pertenciam ao seu círculo social.
Em suma, "Persuasão" é uma leitura enriquecedora, oferecendo insights valiosos sobre personagens, narrativa e a sociedade do século XIX. É uma obra que vale a pena ser explorada, mantendo-se relevante e instigante mesmo após tantos anos de sua publicação.