Zattinha0 13/04/2024
Ando sentindo saudades do mar, sobretudo de Yemanjá.
Como é difícil ler sobre o Amor, ainda que seja nos braços da Bahia.
Recentemente me apaixonei pelo Brasil. Descobri tardiamente que há um mundo de beleza por nossas bandas e que a desvalorização de nossa cultura é uma doença crônica que nos atinge ainda quando criancinhas. Bom, "antes tarde do que nunca".
Jorge me traz muito disso: da beleza do nosso povo, da nossa cultura, de nossas paisagens. Ele traz visibilidade para causas que muitas vezes são esquecidas, histórias que lidam com minorias e que mostram que, apesar dos pesares, a vida ainda pode ser bela. Ainda bem que há quem conte os detalhes desse mundo, os detalhes do Brasil.
Existem milhares de temas que decorrem ao longo do livro, mas eu gostaria de registrar dois deles aqui, a Religião do Cais e o Amor.
Para quem não sabe, o auge da minha espiritualidade se deu em um centro de Umbanda, do qual minha mãe frequentava. A religião de matriz africana, que com a Bahia tem tudo a ver, foi quem me trouxe meus momentos mais íntimos com meu próprio Deus. Infelizmente, essa parte de mim minguou, e atualmente resta pouco da minha espiritualidade, creio eu que por culpa dos homens e do desencanto que é amadurecer. Ainda assim, as vezes que me emocionei nesse livro, umas cinco, tinham relação com uma saudade de me sentir como os marinheiros se sentiam em Mar Morto. Há uma beleza naquela religião que era muito distante da que eu vivi. Havia liberdade, havia espaço e havia compreensão. A espiritualidade deles era mundana e alcançável, e eu realmente aprecio isso.
Sobre o Amor, esse foi meu ponto fraco. Me deixou dois meses com o livro parado, porque esse é um tópico dolorido no momento em que estou escrevendo. Apesar disso, é lindo ver como o Amor se apresenta de várias formas e, mesmo que faça sofrer como a Lívia sofria, Ele ainda proporciona a graça da vida. Histórias de amor nem sempre são bonitas ou como a gente gostaria, mas há muita força nelas. Talvez essa seja a única certeza que tenho sobre esse Salafrário, ando mudando muito meus pensamentos sobre Ele. Inclusive, amo que o autor não esconde Suas sujeiras, Jorge o retrata como Ele é, e todo seu poder destrutivo. Dito isso, meu capítulo favorito foi Água Mansa.