Fernanda631 31/07/2023
O caso do Hotel Bertram
O caso do Hotel Bertram foi escrito por Agatha Christie e foi publicado em 15 de novembro de 1965.
Conta com a participação de Miss Marple.
Miss Marple decide tirar umas férias. E ela escolheu um lugar bem inusitado para isso: o Hotel Bertram em Londres. Esse hotel é diferente de todos os outros, ele simula o passado, um ambiente muito familiar da infância de Miss Marple. Tudo lá é extremamente tradicional, inclusive os funcionários e os hóspedes.
Pensado nos mínimos detalhes para agradar e satisfazer a nostalgia dos admiradores dos tradicionais hábitos ingleses, o Bertram, um hotel bastante prestigiado pela velha aristocracia britânica, remonta o início do século XX e tudo nele: mobília, alimentação, funcionários e até mesmo os hospedes remetem à Era Eduardiana.
Passar um tempo neste hotel leva qualquer um ao século XIX. Era essa experiência que Miss Marple procurava, mas afinal não foi bem assim.
Para recordar sua infância, Miss Marple, a simpática e observadora personagem bastante conhecida das histórias de Agatha Christie, decide passar ali suas férias e tudo o que ela espera é por alguns dias de descanso e boas recordações, mas é claro que nós, leitores esperamos mais do que isso. Evidente que, em se tratando de um livro da Rainha do Crime, vem confusão por aí.
Miss Marple encontra todo o tipo de pessoas de diferentes idades, personalidades e índoles: desde a adolescente que de santinha só tem a cara, ou um clérigo totalmente distraído e desmemoriado, até um competente mordomo à moda antiga de nome Henry
Durante sua hospedagem, Miss Marple começa a perceber coisas estranhas. Apesar de tudo ser feito de forma extremamente correta, algo no hotel causava estranheza, soava artificial. Ela não sabia o que, mas alguma coisa estava errado. E, claro, suas suspeitas começam a tomar forma quando um dos hóspedes desaparece.
Em “O Caso do Hotel Bertram”, Miss Marple hospedou-se no referido hotel para tirar uns dias de férias. Tudo o que ela quer é apreciar a atmosfera do local, que permanece a mesma desde os tempos em que ela era menina, e descansar. Mas como sempre, coisas acontecem quando ela está por perto e desaparecimentos, roubos e mortes cercam o charmoso hotel.
Enquanto isso, a polícia de Londres está em busca de uma quadrilha criminosa que tem feito diversos roubos pela região. Um crime organizado que tem dado muito trabalho encontrar os responsáveis. Mas quando eles começam a investigar o desaparecimento no Hotel Bertram, talvez uma coisa possa estar ligada a outra.
A simpática velhinha de Saint Mary Mead que parece ter um dom especial para atrair problemas – e por problemas leia crimes e assassinatos - para suas proximidades. Miss Marple não é detetive, embora muitas vezes ajude a polícia, sendo até fundamental, na resolução dos crimes. Ela é simplesmente uma pessoa atenta, que repara nos menores detalhes e é, acima de tudo, uma grande conhecedora da natureza humana – como na maioria das vezes é descrita.
Agatha não tem pressa em apresentar os personagens que viverão essa aventura. Introduz cada um aos poucos na trama, dando tempo para que o leitor os conheça com calma. E quantas personalidades distintas podem ser encontradas no Bertram. O velho e desmemoriado vigário que desaparece sem deixar rastro, a jovem e rica herdeira que insiste em querer saber quem ficará com sua fortuna caso ela venha a morrer antes de se apropriar do dinheiro – algo que só acontecerá quando fizer 21 anos - e a mulher ousada, famosa por suas aventuras e indiscrições são apenas algumas das figuras que Agatha Christie coloca nesse cenário fazendo o que sabe fazer de melhor: deixar o leitor ter noção o suficiente do que está acontecendo – a ponto de se sentir inteligente – ao mesmo tempo que tem consciência de que não sabe exatamente o que está acontecendo, de forma que quando a autora revela o mistério, o leitor se surpreende. Mestre!
Pode se dizer que “O Caso do Hotel Bertram” apresenta duas histórias paralelas: os curiosos roubos, com o mistério das placas semelhantes, e o assassinato – que em se tratando de um livro da dama do crime não poderia faltar. Com tantos elementos em mãos, Agatha lança várias interrogações ao leitor e é hábil o suficiente para que chegado o momento das explicações consiga dar duas respostas plausíveis, mesmo que erradas, antes de dar a resposta correta. Tudo isso nas últimas 15 páginas.
Quando você acha que sabe o que está acontecendo, a autora mostra que está tudo errado e quando você se convenceu a abandonar a primeira teoria porque, obviamente, a segunda é a correta ela vem e diz: errado de novo! Repito: Mestre!