Gustavo 22/01/2013
Platão e o amor
O amor, eis o tema central da obra O Banquete, nele Platão mostra as concepções diferentes e os elogios alternativos de homens de altas posições, como poetas, no cenário da Grécia Antiga a respeito de Eros. Percebe-se também o caráter imortal e difuso dos discursos socráticos, que mesmo em sua época eram contados de uns aos outros, onde Sócrates acabava criando mais admiradores e também inimigos.
Apolodoro é quem nos conta a narrativa de Aristodemo sobre o banquete oferecido pelo poeta trágico Ágaton, que o organizou em comemoração ao triunfo de sua primeira peça no dia anterior. O banquete, logo em seu início, toma um caráter diferente do normal, pois Erixímaco propõe que todos ali aproveitassem de tal convívio para discursarem, e sugeri com base em um comentário de Fedro, que o tema seja um elogio ao amor, começando então um duelo de palavras, porque um vai sempre contradizendo ou acrescentando algo ao outro, tentando estabelecer o melhor elogio. Os discursos vão acontecendo desde Fedro até Aristófanes. Após o maior comediógrafo da época, segui-se então a vez do anfitrião, Ágaton mostra o amor como um grande deus e o mais jovem de todos, dotado de justiça, coragem e sabedoria, excedendo a todos os outros deuses em beleza e virtude. Ao terminar seu discurso, Ágaton é parabenizado por todos, inclusive, com aplausos, acreditando-se que havia se saído muito bem. Contudo, para finalizar, é a vez de Sócrates que fala que não irá elogiar o amor como os outros fizerem, mas demonstrará primeiramente a verdade sobre ele. Assim Sócrates desde o começo de sua fala derruba, como de costume, muito do que havia sido dito e com um diálogo curto com Ágaton, faz com que ele próprio (Ágaton) se contradiga mostrando claramente os equívocos que todos os que discursaram tinham cometido, pois eles apenas falaram do amor com todas as qualidades que quiseram, sem levarem em consideração a verdade. O discurso de Sócrates é, portanto, o mais triunfante e a sentença vem junto com o elogio feito por Alcibíadis. O triunfo pode ser considerado, inclusive, muito mais poderoso que o de Ágaton no dia anterior, visto que Ágaton foi aplaudido por muitos tolos, enquanto Sócrates se destacou em meio aos ditos mais sábios. Sócrates faz até o seguinte comentário a Ágaton: Tenho até a certeza absoluta de que, se desses pela frente com algumas dessas pessoas que são, a ter ver, entendidas na matéria, te importarias muito mais com a opinião delas do que com a do vulgo.
Além de tudo, pode-se também perceber certa relação entre os dois escritos de Platão, o Banquete e a Apologia de Sócrates, já que no Banquete, Sócrates advoga a posição de que o amor não é um deus e contradiz, principalmente, a Ágaton, um importante poeta. Não obstante, na Apologia, Sócrates é justamente acusado por um poeta, que entre outras coisas o acusa de não acreditar na existência dos deuses.