lurpsee 16/06/2024
Um pouco sexista, machista, e gordofobico??
Pedro Bandeira é um escritor brasileiro que atua na área desde 1983. Escreveu diversos livros, como A Marca de uma Lágrima, O Fantástico Mistério de Feiurinha e também uma coleção de livros sobre um grupo de adolescentes, Miguel, Crânio, Calú, Magrí e Chumbinho, que resolvem mistérios como ninguém, são Os Karas.
O quarto livro da série se inicia com um conflito entre o próprio grupo, onde todos os meninos, exceto Chumbinho, estão apaixonados por Magrí. O melodrama exagerado e esse "quarteto amoroso" (no lugar de triângulo amoroso) acaba ficando cansativo e hipócrita, já que no início o autor declara que Magrí já tem um escolhido, mesmo assim ele insiste em fazê-la ter dúvidas.
A cura da praga do século, apelidada de Droga do Amor, foi sequestrada juntamente com seu criador, e a ação acontece na frente de Chumbinho e Magrí. Para completar, o Doutor Q.I., um vilão derrotado pelos garotos em livros anteriores, foge da prisão mais segura do país. Com o apoio do detetive Andrade, apenas Magrí e Chumbino buscam resolver o mistério, já que os outros ainda estão com raiva uns dos outros, mas posteriormente, quando Chumbinho é sequestrado, os outros Karas se juntam na busca. É incrível a inteligência e coragem do grupo, especialmente de Magrí, que fará de tudo para encontrar a Droga do Amor.
O livro se torna um pouco irreal quando permite adolescentes participarem ativamente da investigação, e até tem permissão para entrar na prisão de segurança máxima. Outra questão a se levantar é a tendência do autor à gordofobia, que assim como faz em sua obra A Marca de uma Lágrima, quer deixar tão evidenciado quando um personagem é gordo que essa palavra vem acompanhada de seu nome em quase todas as vezes, quase como um traço de sua personalidade e não aparência. O problema não é a palavra "gordo" em si (já que ela apenas é um adjetivo como outro qualquer, que foi transformado em uma coisa pejorativa pela sociedade), mas sim o uso repetitivo dela, que faz o personagem ser reduzido a isso.
No início, duas cenas me chamaram atenção, quando Miguel diz lembrar do cheiro do "corpinho de Magrí" e quando Magrí "corre nua para o banho", não são escolhas de descrição estranhas para uma personagem que tem no máximo 16 anos? E todos se apaixonarem pela única menina do grupo é um clichê um pouco machista.
Apesar de tudo, o mistério é muito interessante, e a reviravolta na história pode deixar qualquer um surpreso! É um livro curto, ideal pra ser lido quando se quer algo simples porém viciante.