Mari 09/03/2011Romance ou aventura? A trama deste livro é bem interessante, três irmãos, Megan, Shelma e o pequeno Zac, filhos de uma escocesa com um lorde inglês, ficam órfãos e estão sendo maltratados pelos tios, que odeiam elas por serem “escocesas selvagens”. Para fugirem de um casamento que a tia malvada arrumou com os inimigos do pai das moças, elas fogem para a Escócia, onde vive o avô delas. Lá, elas também não são muito bem recebidas pelo clã, por serem sassenachs (inglesas), mas o avô adora elas e as cria praticamente como homens. Detalhes: de ladys ricas elas passam a viver humildemente, praticamente como criadas do castelo. Mas aí o avô e mais um velho amigo da família conseguem enrolar dois lairds, que estavam caidinhos por elas, arrancando a promessa dos dois de que se algo acontecer com eles, vão cuidar das moças e arrumar bons maridos para elas. É por isso que o destino acaba unindo as duas irmãs com Laird Duncan e Laird Lolach. Shelma, que é a irmã mais calma, fica encantada em casar com Lolach, mas Megan quase surta, e acaba cedendo, desde que seja um daqueles casamentos temporários, de um ano e um dia. E aí começa a confusão, com dois cabeçudos tendo que se entender.
Desejo concedido é um livro bem diferente do históricos que a gente costuma ler. Primeiro, porque acho que Megan é a mocinha mais corajosa, teimosa, cabeçuda, valente, brigona e metida a heroína. Melhor, a super-heroína, já que ela não só bate no mocinho, mata seus inimigos, luta com espada junto com os homens, salva crianças, doma um cavalo louco, é expert em ervas, como ainda desvenda um crime e impede outro. Sério, ela é a Mulher-Maravilha da Idade Média. Duncan é um escocês típico, um grande guerreiro, machista e que adora mandar. O problema é que Megan não admite ser mandada, e aí começam as brigas homéricas, as discussões chegam a ser cômicas, porque eles batem boca o tempo todo, e pelas coisas mais tolas. Isso porque o Duncan é meio grosseiro e basta ele falar meio atravessado pra Megan não só retrucar como ainda puxar uma discussão maior ainda. Pior que a Megan é do tipo meio cega, meio surda, o Duncan é louco por ela, e ela não acredita, nem quando os amigos dizem que ele a ama, e nem quando o próprio Duncan se declara. Ela continua sem acreditar, vai entender né.
O Duncan passa o livro surtando e correndo atrás de Megan, tentando salvá-la das encrencas que ela se mete, mas claro, nem precisa, porque assim como ela entra nelas, ela costuma sair praticamente sozinha. O livro também é diferente no quesito personagens secundários. Tem tanta gente nesse livro, que vai aparecendo no decorrer da história, que parece uma novela. O irmão de Duncan, Niall, é uma graça e pelo que vi no site da autora, vai ter continuação, com a história dele e Gillian, amiga da Megan e da Shelma. Eu não gostei muito do desenrolar da personalidade da Shelma, que no início é bem semelhante à Megan, e acaba virando uma daquelas bobinhas, que diz sim meu senhor para tudo, e achei que não tinha uma razão muito consistente para ela ficar assim, já que o Lolach era bem mais sossegado que o Duncan.
Outro detalhe que eu achei diferente é a idade de Megan e Shelma, já que nesses livros as mulheres geralmente são novinhas, entre 17 e 20 anos, e nesse elas tem 26 e 24, respectivamente. Esse livro não se aprofunda muito na parte psicológica dos personagens e no desenvolvimento do amor entre eles, mas por outro lado, acontece tanta coisa, mas tanta coisa, que a impressão que me deu é que eu estava lendo um roteiro de um filme de aventura e ação, e não um romance.
Para quem não está procurando um romance daqueles de suspirar, mas uma história divertida e de aventura, vale a pena ler.