Resenhas - Migrations

Ederson 16/03/2023

Livro é mais sobre a personagem do que o mundo apocalíptico
Migrações é descrito como um livro distópico. Se passa na Terra onde a maioria dos animais estão extintos, só restando os domésticos e os necessários para a alimentação humana.
Só que o livro é menos sobre esse mundo e mais sobre a psique da personagem principal, Franny, uma mulher impulsiva, selvagem e corajosa. Sua saga é acompanhar a migração das andorinhas do Ártico desde a Groelândia até a Antártida e nesta jornada vamos conhecendo suas motivações, seu passado e até um suspense sobre um crime no qual ela está envolvida.
É livro que tem uma narrativa cinematográfica, o que se justifica, já que a autora, Charlotte McConaghy, é formada em roteiro audiovisual. Assim encontramos no livro mais artifícios deste meio, para o bem e para o mal. Tem certos clichês, certa previsibilidade, mas ao mesmo tempo é uma história envolvente e que me fez querer continuar investindo o tempo nela.
Franny é uma personagem muito interessante que vai descobrindo que o mundo é mais complexo do que ela imagina. Pescadores que antes ela julgava como parte das pessoas que causam extinções de espécies, ganham espaço em seu coração e mostram que o contexto de suas vidas é bem mais complicado do que ela achava. Seus parentes também a ensinam sobre viver, e também sobre fugir e migrar para manter-se viva. O amor de sua vida causa nela a ambivalência entre o ficar em família e fugir para o mundo.
É através destes conflitos psicológicos de Franny que o livro se enriquece, mais do que o contexto apocalíptico do livro, que só fica como pano de fundo.

Rodolfo 16/03/2023

Num futuro distópico onde a maioria da fauna foi declarada extinta, Franny decidi acompanhar as andorinhas-do-ártico no que pode ser a última migração dessa espécie.
Mas para isso ela irá precisar encontrar um barco que esteja disposto a aceitá-la como tripulante.
Mediante esse cenário vamos acompanhando a aventura de Franny, mas também vamos sabendo um pouco mais sobre sua história e seu passado, esse amor que ela possui pelos pássaros e como essa viajem acaba sendo mais um sentido de buscar e rumo para sua vida do que um resultado científico.
A autora conseguiu intercalar com maestria o passado de Franny com sua busca pelas andorinhas, fazendo com que o leitor se sinta cada vez mais interessado pelo passado da personagem e em como ela irá se encontrar.
Essa foi uma das leituras que mais me surpreendeu e conseguiu me prender desde o primeiro momento.

Paula Brindeiro 15/03/2023

Quotes do livro
"Minha vida tem sido uma migração sem destino, e isso em si não tem sentido. Eu parto sem motivo, apenas para estar em movimento, e isso quebra meu coração em mil pedaços, talvez em um milhão. É um alívio finalmente ter um propósito. E eu penso como será parar, imagino para onde vamos, depois, e se alguém vai nos encontrar. Desconfio de que não vamos a lugar nenhum, nos tornamos nada, e a única coisa que me entristece sobre isso é a ideia de nunca mais ver Niall. Recebemos, todos nós, um período breve demais para desfrutar, não parece justo. Mas é precioso, e talvez seja suficiente, e talvez seja certo que nossos corpos se dissolvam na terra, devolvendo nossa energia a ela, alimentando as pequenas criaturas e fornecendo nutrientes ao solo, e talvez seja certo que nossa consciência descanse." (página 123)

"Levarei uma parte de você comigo, mãe. Você sufocou a vida de seu próprio corpo, assim como eu estou fazendo. Você me deu livros, e poesia, e a vontade de ver o mundo, e por isso eu lhe devo tudo. Levarei o som do vento uivando através da nossa pequena cabana de madeira, o cheiro do seu cabelo salgado e o calor de seu corpo me envolvendo. Levarei um pedaço de você também, vovó, pois você me deu tranquilidade e força, e sinto muito por não ter reconhecido isso antes. Levarei um pouco de você, John, levarei a foto que você guardou na lareira e todo o amor que depositou nela, guardado até muito tempo depois que elas se foram. Levarei cada um dos presentes que os corvos me deram, cada um dos tesouros. Levarei comigo o mar gravado em meus ossos, suas marés percorrendo minha alma. E levarei a sensação da minha filha na minha barriga, dela levarei tudo e guardarei para sempre. Mas de você não preciso levar nada, Niall, meu amor. Prefiro lhe deixar algo. A minha natureza. O ímpeto selvagem dentro de mim. Eles são seus." (página 331)

"Mamãe costumava me dizer para procurar as pistas. 'As pistas do quê?' perguntei na primeira vez. 'Da vida. Elas estão escondidas por toda parte.'" (página 337)

Maria.Eugenia 13/03/2023

Aquele livro que acalenta a alma?
Gostei muito da leitura do livros. É daqueles que te faz mergulhar numa realidade paralela e ao mesmo tempo gostoso de ler. Sobre sobrevivência, amor, esperança, abandono e redenção.

Melina21 13/03/2023

Gostei muito, não sei se amei.
Terminei este livro faz alguns dias e me encontrei com uma certa dificuldade de falar sobre ele. Acreditava que ele seria um novo favorito, por toda temática que aborda.

Mesmo não sendo o caso, acho que é uma história bonita, comovente, intensa e as vezes até um pouco exagerada. Sabe aquela sensação ?meu deus, tudo de ruim acontece com ela?? Então, me vi pensando muito nisso durante a leitura. Mas mesmo assim, ele tem notas de esperança e passagens muito lindas que podem te fazer pensar sobre o caminho e o papel que escolhemos ter no mundo.

Toda a atmosfera, tanto quando os personagens estão em terra firme, quanto navegando no oceano é muito bem feita. Você consegue sentir o frio da Groenlândia e a solidão de se estar no meio do oceano atlântico de uma forma muito clara.

Não acho que é um livro para todo mundo, mas acredito que tem a possibilidade de tocar o coração de quem estiver procurando.

Clarissa130 13/03/2023

?Não é justo ser o tipo de criatura capaz de amar, mas incapaz de ficar?

Migrações não foi uma escolha consciente. Fez parte do clube de assinatura e caiu em minhas mãos. O livro, logo no primeiro capítulo, entrega passagens poéticas que prendem o leitor. Quanta poesia cabe em seguir a última temporada de migração de pássaros prestes a serem extintos? Essa é a jornada que Franny, nossa personagem principal, assume de forma obstinada ao longo da trama.
Inicialmente franny aparenta ser uma ambientalista fascinada pela ornitologia, seguindo um ideal de forma solitária, sem grandes recursos financeiros. A mesma acaba negociando o trajeto com uma tripulação de pescadores, tendo que trabalhar duro e deixar de lado o desprezo a essas pessoas como forma de realizar seu intento. Por diversas vezes, o texto fala sobre a natureza selvagem e o ideal de liberdade inerente a esta, ao mesmo passo em que observamos sentimentos manifestos de culpa e incompletude. De onde vem essa necessidade de partir? Do que a personagem foge ou o que ela busca? Afinal, quem é essa mulher, que crime cometeu e onde está o seu marido?! Essas são as questões centrais que nos prendem e nos levam a devorar esse livro, que é realmente uma preciosidade. Excelente!

Jess 12/03/2023

A Franny personagem principal está sempre em movimento. Mas porque ela não consegue se curar dos passado e das suas dores. E é por isso que ela procura as andorinhas e compartilha com elas essa viagem, pra saber que ainda há esperanças e continuar.

vitoria.luisa 12/03/2023

Comecei sem ter ideia do que se tratava, do que poderia esperar e a cada capítulo ficava mais presa à história.

Eliana305 11/03/2023

Amei!
Uma narrativa sobre solidão e busca, permeada pela questão ambiental muito bem estruturada pela autora. Forte candidato a se tornar uma das minhas leituras favoritas do ano!

Campa0 08/03/2023

Lindo demais!
Uma história de aventura com uma carga dramática sem ser apelativa. É triste, mas tem uma boa carga de realidade. Me peguei pensando que essa distopia parece tão próxima de nossa realidade...
Vale a pena acompanhar a Franny em sua jornada e se emocionar muito!

Bitenca 07/03/2023

Andorinhas do Ártico
São os pássaros que fazem a maior migração dentre os animais, elas simplesmente vão do Ártico à Antártica para comer e transar. Todo mundo deveria saber disso.

Agora sobre a história da Franny, vocês devem ler.

oiamandah 06/03/2023

A liberdade é o que, no fim das contas?
Faz tempo que não me dedico a resenhas dos livros que leio, mas esse é mt especial:
Desde a primeira página fiquei encantada por Franny e sua luta entre a pulsão de vida e morte. O quão é difícil desejar amar e ao mesmo tempo querer explorar tudo o que existe? Até que ponto a intensa liberdade é uma fuga do mundo e de nós mesmos? Franny carregava tanta dor que o que lhe restava era o intenso desejo de voar e sentir-se leve.
Em 80% do livro eu praticamente senti o movimento do barco, das ondas e a frieza do ambiente (físico e emocional).
Tirei meia estrelinha da avaliação pq senti que os personagens poderiam ter ido até o fim hehe mas amei demaisssss. Me senti angustiada e acolhida pela história. Quase como Franny durante sua vida td. ??

Gláucia 06/03/2023

Migrações - Charlotte McConaghy
Livro do mês de fevereiro de 2023 da TG, sem curador específico dessa vez, indicado pela própria equipe.
Franny Stone, uma pesquisadora, procura um barco e uma tripulação que se disponha a levá-la a uma expedição do Ártico à Antártida, a fim de acompanhar aquela que poderia ser a última migração das andorinhas-do-mar, em risco de extinção.
À medida que os capítulos se desenrolam, sabemos, através de flashbacks, que Franny tem outra intenção. Sua expedição parece ser também uma fuga, de algum acontecimento ou de si mesma, e bem aos poucos vamos descobrindo o que ela esconde e o que pretende.
Ao mesmo tempo vamos conhecendo os outros membros da tripulação, suas vidas e tentamos especular o que as une, o que as motiva a optar por uma vida tão solitária e com tão poucas possibilidades de fincar raízes.
É um livro interessante, narrativa fluida mas não me empolgou tanto. Tenho lido mais contemporâneos ultimamente e noto que sempre falta um toque, um Q que me faça querer voltar ao livro e não fechar até terminar. Acho que faça melhor desenvolvimento dos personagens, nunca consigo sofrer tanto por eles, os autores parecem não se importar tanto em adentrar em sua psicologia e fica tudo muito superficial. Essa caracterização mais profunda sempre me liga mais à leitura, sinto falta disso.

madu 05/03/2023

Sem ar
Entre o começo e o meio do livro, eu não estava entendendo a que ponto a escritora estava querendo chegar. Estava bem confuso e a inconstância da personagem principal chega a ser chata. Mas quando chegou pro final MEU AMIGOOO que bagulho doido!
Me surpreendeu de maneiras absurdas, chorei em várias passagens que eu não esperava chorar. Me apaixonei por alguns personagens e algumas relações e tudo fica ainda melhor por conta do teor ecológico. Faz você pensar MUUUUITO sobre a natureza e qual é a nossa influência nela, já que esse livro trata em um mundo distópico onde vários animais já estão extintos.
Confesso que xinguei demais a Franny. Ela é o tipo de pessoa me irrita em níveis absurdos, não consigo levar a sério de jeito e maneira. Mas mesmo assim, depois de muito esforços, ela me conquistou um pouco (mesmo eu achando ela egoísta e maluca, alguém arruma um psicólogo pra essa menina). Só achei a escrita um pouco rasa; as cenas acontecem muito rápido.
Enfim, o livro é humano de um jeito muito profundo e frio. Não esperava muito no começo e me surpreendeu loucamente no final.