Tasha 20/01/2023
"Pois a atualidade não tem esperança, e a atualidade não tem futuro: o futuro será exatamente de novo uma atualidade."
"É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo."
É interessante observar quem era Clarice na época de estreia desse livro. Ela estava frequentando muitas sessões de psicanálise e acabou experimentando LSD, e atráves dessa experiência ela escreveu "A paixão segundo G.H". O livro é resultado de um profundo transe de Clarice.
Basicamente a história vai narrar a protagonista em primeira pessoa, a G.H. Quem é G.H? Não sabemos, em nenhum momento seu nome é revelado. Pesquisei um pouco sobre isso e tem algumas teorias que dizem que as siglas significam "Gênero humano". Pra ser sincera, ainda não sei se acredito muito. Bem, o que sabemos sobre G.H é que ela é uma mulher privilegiada, sem filhos e que mora na cobertura de um prédio. Ela mora sozinha e tem uma empregada, Janair. Certo dia, Janair resolveu pedir demissão, e G.H então resolve fazer uma faxina no quartinho da empregada. Ela imaginou que iria encontrar no quarto uma completa bagunça, mas ao entrar ela viu tudo limpo e ficou realmente surpresa.
Dentro desse quarto havia um ármario de madeira, e ao abrir G.H econtra uma barata, e a partir daí ela começa a refletir sobre si, sobre a existência e sobre “O Deus”.
Ao longo do livro podemos percerber que Clarice leu muito sobre ciência, sobre a história da humanidade. Clarice falava sobre o nosso lugar no universo, sobre todo o cosmos.
Nas resenhas em que li sobre essa obra, pouco se fala sobre Janair. A obra deixa bem claro que trata da exclusão do Outro – no caso, a personagem Janair. Esta é retratada pela protagonista G.H. como uma pessoa de “rosto preto e quieto, de pele inteiramente opaca, que mais parecia seu modo de se calar, com as sobrancelhas bem desenhadas, os traços eram finos e delicados que mal eram divisados no negror apagado da pele”. Janair parece ser, para G.H., mais uma mulher negra e pobre invisibilizada no Brasil onde convivemos intensamente com problemas de preconceito.
Admito que não foi uma leitura fácil, algumas vezes tive que ler o mesmo parágrafo cinco vezes para entender do que a autora estava falando. É um livro denso e profundo (O que é esperado, vindo da Clarice). É aquela famosa frase "Clarice não precisa ser entendida, ela apenas necessita ser sentida. E é isso que você deve se atentar ao ler suas obras."