@vcdisselivros 03/04/2021Um livro cruelSabe quando você se senta para ouvir alguém contar uma história, não faz ideia de como ela será e quando percebe já está envolvido? Pois é, foi assim que me senti lendo O mal nosso de cada dia, mas o melhor de tudo é que essa foi uma história que eu gostei de ouvir até o fim.
O COMEÇO
Willard Russell é um bom homem, que vive com a esposa e o filho em uma cidade esquecida no interior de Ohio. De modo inesperado, a vida da família é abalada quando Willard descobre que a esposa está à beira da morte.
Por ser um homem de fé, ele acredita que irá salvar a amada se rezar com afinco e de coração aberto, implorando junto ao filho em um tronco de reza no meio da floresta, dia e noite, ou até a voz falhar.
Vendo que a saúde da mulher não está sendo restaurada, Willard acredita que será atendido se fizer sacrifícios e passa a oferecer o sangue e os corpos que consegue como oferenda.
O FUTURO
Mesmo com o passar dos anos, Arvin Russel não esquece o período traumático que viveu ao lado do pai na época em que a mãe estava sucumbindo à doença. Diferente de Willard, Arvin cresceu um homem sem fé e apesar de por fora parecer cruel, ele é amável e atencioso com aqueles que ama e conhece como família.
PECULIARES
Na mesma cidade circula um excêntrico grupo de moradores, como um xerife corrupto, um casal de assassinos em série, um pastor infiel e muitos outros que revelam o pior do ser humano com fetiches, práticas e costumes bizarros.
Ainda que estejam próximos, a vida dessas pessoas segue diferentes caminhos, mas o que será que acontece quando o destino do grupo acaba entrelaçado?
QUASE PERFEITO
A criação de Donald Ray Pollock seria perfeita, não fosse alguns detalhes. Em determinados momentos os acontecimentos se mostram repetitivos e o leitor anseia por um desfecho onde o mal tenha um fim.
POR FIM
É incrível a forma como o autor cruza os caminhos dos personagens e por mais que consigamos saber para onde ele irá depois daquilo, queremos ler e ver essas pessoas horríveis pagando por todo o mal que fizeram. Não espere uma leitura feliz, esteja preparado para um verdadeiro banho de sangue e pronto para acreditar na absoluta lei do carma, afinal, aqui se faz, aqui se paga.