Dueto dos ausentes

Dueto dos ausentes Fernando Rinaldi




Resenhas - Dueto dos ausentes


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@retratodaleitora 10/05/2024

Imperdível
"Dueto dos Ausentes", de @fdavinorinaldi (@editorareformatorio) é um livro espetacular sobre o luto de um pai que perde o filho de forma trágica e prematura. Um pai que arde em saudades. Um pai que tenta, por meio da escrita, resgatar seu único filho dando a ele uma narrativa sua. Uma voz.

E acompanhamos essa narrativa brilhante do pai, o psicanalista Hélio, e a narrativa criada por ele para Heitor. E são nessas tramas paralelas que conhecemos Élio e Eitor, sem o H, mas com muita emoção e muito cuidado.

Que livro intrigante! Original, complexo, muito bem escrito e envolvente do início ao fim. E tão emocionante! É impossível não se apegar aos personagens, não sentir um pouco do desespero, da dor que eles sentem.

Fernando Rinaldi elaborou essa estória com tamanha destreza que pareceu uma dança, onde ele conduz o leitor em meio a um turbilhão de emoções e significados.

Que escrita bonita, sensível e forte também. Escrita que deixa uma marca no leitor. É um livro tão curto mas gigantesco em sua execução. Fiquei impressionada.

Leiam!
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Lucas Rabêlo 24/08/2024

Ou a ausência de si mesmo
Como Benjamin Braddock na cena inicial de “A primeira noite de um homem”, apresentado num desembarque mecânico na longa esteira do aeroporto, incerto do futuro, tem-se aqui Hélio, psicanalista, que após perder o filho em um acidente, decide reescrever sua história e a de seu rebento, partindo para não outro país, ou adentrando filas aéreas, apenas, mas também a uma viagem pessoal inconsciente, estática, análoga à referência fílmica.

O desalento parental reverberará na tomada definitiva de Hélio formar, a partir de um diário, texto reconstituinte das muitas vidas entremeadas na existência sincrônica entre os seres reais, diante do vazio que a filiação genealógica e sentimental lhe engendrou.

O duo pai e filho passará a transitar por entre as duas narrativas metalinguísticas perpetradas, e reviradas, por Hélio e sua caneta: primeiro, ao se conduzir como um outro eu reanimado, sem o H, apenas Élio, partindo à França e experenciando o capítulo das descobertas sexuais inimagináveis; em seguida, a de Heitor, seu filho, que reinventado passa a se chamar Eitor, especulado à infância e juventude na São Paulo febril e materna, porém de figura paterna ausente, onde Hélio busca sanar a motivação (houve falha? houve?) para a morte verossímil do garoto, neste caso, com o H.

Fernando Rinaldi, meu amigo!, em expressiva estreia literária, escreve o que deve ser escrito, tateando-nos à prosa melancólica da trajetória de ambos os protagonistas – a mecha universal que os une, a congênita, invoca memória e invenção do que possa ser verdadeiro ou suposição, e, ainda que terminemos no escopo do léxico das incertezas de seus relatos, uma coisa é certa, a solidão nos é latente, mas se perder é encontrar-se também. Esta falta insuperada determinará o quebra-cabeças de Hélio, e o nosso - um turbilhão bonito.
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tavim 06/09/2024

Dueto dos Ausentes, de Fernando Rinaldi
Como em corpos, a falência para com os vínculos vem em implodir do silêncio; aquela incômoda e existente rachadurazinha, crucial em se tombar a vista pra notar, é surrupiada ao aspecto de escombro. então, com as unhas se arranca um a um os cacos, compulsão em romper corredores, alcançar a pedra fundamental do sofrimento. ao cerne desse ser, a ausência, e tudo o que cabe dentro dela: gente, muita gente — e sempre uma em especial. se conquista assim a herança da perda, o direito de se culpar, e volta a assentar os cacos nas feridas, enfiadas agora com mais força.

é turvo o movimento na sala de estar da morte. da poltrona ao choque, se vê em voltas até bem se perceber a finitude de quem se foi. passado ao próximo cômodo é que se nada contra si mesmo. nesses vaivéns a casa se transfigura, sufocada. assim se depara hélio, no romance dueto dos ausentes. após perder heitor, pai e filho se despem de seus agás para, enfim, dialogarem como omens. se toma tanto as letras quanto presenças, é como suas identidades se reencontram. roubam de suas próprias partes para se darem afeto. de uma escrita extremamente refinada e bonita, fernando rinaldi propõe a melancolia como interação. no livro, élios e eitores constroem pontes entre si para, nesses elos, recuperarem suas umanidades. só assim, sabem, se tornarão homens. não ilesos, mas agora com um pouco mais um do outro.

livro maravilhoso, que figura entre as ótimas surpresas do ano. agradeço demais ao fernando pelo carinho e por me enviar sua obra.
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