spoiler visualizarMonica.Pires 23/09/2023
IT Caramuru
Li o primeiro livro e nesta continuação já estava familiarizada com os personagens o que facilita e deixa fluida a leitura.
Nesse segundo conto, a autora mantém o ritmo, de forma que a curiosidade pelo desenlace se mantém.
Para quem já tem carga literária com o King o final lembra um pouco o embate dos meninos crescidos do IT, misturado com o caos urbano do Trocas Macabras, temperado com Stranger Things, X-Men, e guerreiras amazonas, numa espécie de angu do Gomes literário.
Se o leitor já passou pela coleção Vaga-Lume, Medo Imortal (coletânea da Dark Side) ou outras obras de horror e terror, não verá nada apavorante na narrativa, que como o próprio nome da obra já diz.
Para mim o que mais me deu medo, ou seria horror (?) foi a militância explícita do politicamente correto, as incorreções históricas, a misandria disfarçada, o idealismo rousseauniano de bom selvagem (selvagem bom, branco urbano mau), a desinformação religiosa, uma raiva (velada) ao cristianismo; principalmente do catolicismo, e uma idéia de que os tempos feudais foram tempos de terríveis trevas.
Na página 109 escreve a autora:
"Upiara sentira, desde que se entendera por gente, a força nefasta que se instalara naquela terra, na terra dos seus antepassados. Não vivenciara a paz, porque seu nascimento coincidira com as primeiras manifestações do espectro de Naldo. Trazia, contudo, memórias da serenidade de outros tempos, de outras vidas, de eras distintas nas quais seu povo fora detentor de conhecimentos capazes de preservar a coexistência pacífica da humanidade e seus pérfidos deuses. Tempos marcados por uma espécie de acordo, um tipo de encantamento, uma magia poderosa a ponto de manipular os elementos grotescos que, milênios antes, estabeleceram morada naquele solo, naquelas águas e naquelas matas."
É risível esse bom mocismo ameríndio, posto que na região aonde é nascida a autora a fama de canibais dos índios Goytacazes, é conhecida, embora os livros do MEC, sempre omitam esse detalhe dos referidos silvícolas.
Mais à frente na página 171 (que sugestivo, hein?) leremos: "Cabeças arrancadas a foice, troncos espetados por ancinhos, crânios esmagados a marteladas, abdomens estourados a golpes de chaves de fenda e vísceras extraídas a facadas e tesouradas, numa farra brutal de redenção camponesa que trazia à memória, sem nada dever, as célebres e violentas revoltas feudais, resultantes de séculos de opressão e exploração senhorial."
Não seria mais justo a autora relacionar o massacre literário ao invés de revoltas medievais, ao massacre promovido pelo PCC em 1989?
Ou aos massacres promovidos por Fidel por ocasião da resistência ao regime castrista? Esses relatos estão disponíveis em depoimentos do professor cubano Carlos Moore, basta um clique na internet!
Continuando. Poderia também relacionar o massacre distrital, ainda aos tenebrosos e medonhos massacres perpretrados por Stalin, tão bem relatados por Alexander Soljenítsin.
Mas, nanani, nananão. Tudo de ruim relacionado no livro, é sempre direcionado ao "macho, branco, patriarcal, misógino, ocidental, opressor".
Daí e de outros, que o leitor desprevenido, a cada página virada virá martelar em sua leitura chavões dignos de livros didáticos de 7*série ou de militância de diretório acadêmico de unidade de ensino pública.
Neste sentido, o livro nada mais é do que uma história literária a serviço da agenda 2030 da ONU, onde uma miscelânea de conceitos ideológicos vêm, empanados em personagens pueris, perfeitamente adaptável ao QI do brasileiro atual, moldado pelo paulofreianismo.
Para quem tem conceito de vida embasado fora da bolha revolucionária frankfurtiana, recomendo ler a obra antes de oferecer aos filhos, porque hoje temos ação da agenda onusiana, mas no passado Nelson Rodrigues já alertava:
"Eu sou um anticomunista que se declara anticomunista. Geralmente, o anticomunista diz que não é. Mas eu sou e confesso. E por quê? Porque a experiência comunista inventou a antipessoa, o anti-homem. Conhecíamos o canalha, o mentiroso. Mas, todos os pulhas de todos os tempos e de todos os idiomas, ainda assim, homens. O comunismo, porém, inventou alguém que não é homem. Para o comunista, o que nós chamamos de dignidade é um preconceito burguês. Para o comunista, o pequeno burguês é um idiota absoluto justamente porque tem escrúpulos."
E o leitor verá muito dessa (teoria crítica) crítica frankfurtiana, nos discursos politicamente correto dos personagens.
Fique desperto, mas não numa postura woke. ;>)