Tati Iegoroff (Blog das Tatianices) 15/08/2023Para todos aqueles que acreditam em fantasmas, mas acham as pessoas mais assustadorasGael, o protagonista e narrador desta história, consegue conduzir a narrativa de maneira que nos sentimos praticamente mergulhando em sua mente, nos tornando uma pessoa muito próxima a ele.
Ao longo dos primeiros capítulos temos a oportunidade de nos ambientar à história: conhecemos Gael e Sabrina — sua melhor amiga e camerawoman —, passeamos um pouco por São Paulo e, claro, descobrimos o Assombrasil, o canal para o qual Gael e Sabrina filmam em casas mal assombradas.
Numa tentativa de salvar o canal, que fica claro o quão importante é para eles, Sabrina consegue algumas diárias na casa dos Gonçalves, abandonada há 10 anos, após a morte de seus donos: Marcos — candidato à prefeitura de São Paulo que estava subindo nas pesquisas —; Damares, sua esposa; e Jéssica, a filha perfeita. Mas será que perfeição realmente existe quando falamos de seres humanos?
Ao lado de Gael e Sabrina, a cada página, vamos buscando entender o que levou àquelas mortes, enquanto visitamos cada cômodo dessa casa aterrorizante.
Aos poucos, também vamos conhecendo um pouco mais de Gael e logo estamos embarcando na busca dele para entender a relação entre Eloá, sua irmã mais velha que morrera no mesmo dia que Jéssica, os colares idênticos que ambas tinham e alguns mistérios que rondam a sua vida.
Tentando fazer as pazes com sua infância, Gael narra um pouco de seu passado, sempre de forma muito intimamente relacionada à irmã. E é por meio de tanto mistérios, alguns belos sustos e um bom número de piadinhas infames que Rafael Weschenfelder nos conduz por este livro, que consegue unir ficção e realidade de maneira surpreendente e natural.
A história também nos faz refletir sobre algumas questões importantes, enquanto nos faz elaborar mil e uma teorias de como tudo isso irá terminar (e olha que somos capazes de imaginar de um tudo, viu).
Quando menos esperamos, mais uma lição bate à nossa porta. Além de atualidades e reflexões, Rafael consegue inserir algumas críticas interessantes, como a exploração de riquezas em terras que não deveriam ser destruídas pelo capitalismo.
O que nos deixa de queixo caído, no entanto, é o desfecho da história. Que, claro, você só vai descobrir após garantir o seu exemplar (físico ou digital). Mas já deixo um alerta: se comprar o livro físico e não quiser spoilers, não folheie as últimas páginas!
Por falar nisso, a diagramação dele é ótima: leitura confortável do livro físico e detalhes que não escapam aos olhos mesmo quando estamos imersos no texto.
E te garanto: a dedicatória faz cada vez mais sentido depois de concluída esta leitura.
"O mistério da casa incendiada" vai agradar gregos e troianos (ou místicos e céticos) e vai te garantir bons momentos de leitura.
site:
https://blogdastatianices.com/2023/08/15/misterio-da-casa-incendiada-rafael-weschenfelder/