chuwanning 18/03/2024
Miau, miau, mais um livrão incrível da série Duskwalkers
Eu to tendo uma experiência interessantíssima lendo essa série porque costumo fugir correndo de projetos assim feito o diabo fugindo da cruz. mas Opal Reyne e seus duskwalkers trouxeram algo TÃO bom que, mesmo com os altos e baixos da história, A soul to touch não fica atrás em nada dos outros dois primeiros livros. confesso que até agora, para mim, nada vai superar Orfeus e Reia, porque eles vieram primeiro e me apresentaram ao universo, então eu tenho quase um afeto pelos dois. mas tanto Delora e Magnar quanto Faunus e Mayumi sem dúvida não deixam a desejar.
começo elogiando Opal Reyne pela excelente continuidade dos livros. lá no primeiro, quando o Orfeus descobre que o Jabez tem um mavka preso no castelo dele e tinha acabado de descobrir como matar um, eu já pensei: esse vai sem dúvida ter um plot de doença, tipo aqueles livros que um membro do casal tem câncer tá morrendo e eles aproveitam o tempo que resta. eu acertei, fiquei feliz com isso, mas fiquei ainda mais quando esse mesmo prisioneiro apareceu em A soul to heal murmurando o nome de uma tal de Mayumi, porque, de tanto estudar estrutura de romance, tava na cara que ele ia querer ficar com ela enquanto não morria. e não, descobrir qual seria o plot por ter lido bem as entrelinhas não diminuiu em nada a experiência de leitura, pelo contrário: só me deu mais vontade de ver no que ia dar.
nesse livro, temos Mayumi, uma caçadora que perdeu a credencial e vive numa cabana isolada, porque afinal são sempre cabanas isoladas, não é mesmo? ela cresceu com a sensação de que algo estava à espreita desde que encontrou uma criatura da floresta quando era criança, e é fascinada pelos monstros. desde o início já tá claro que nojo, receio e medo de dormir com um deles não partirá dela. e aí vem uma questão legal, porque a Mayumi, como outras resenhas apontaram, é detestável. ela é fria, muito, muito egoísta, não tem apreço, afeto ou respeito pelas pessoas, e se mantém distante delas ao máximo. ela não fica se lamentando por ser uma pobre menina órfã, na verdade, ela faz tudo menos se doer e vitimizar a história toda. e é isso que a torna muito difícil de gostar: ela é chata. chatíssima. chatérrima. além de usar o Faunus como um boneco que ela manda aqui e ali para fazer o que ela quer, Mayumi também o usa no secsu, muitas e muitas vezes, no puro instinto de alimentar esse fascínio, ou tara, que ela tem por monstros. e é por causa dela que a história é tão irritante, mas tão interessante.
Faunus, por outro lado, depois de ter salvado ela quando ela era menina, permaneceu à distância, observando. mas aí ela virou mulher e quando ele a viu adulta começou a sentir outras coisas. quando ela manda, ele faz. quando ela pede, ele dá. e não se engane, porque Faunus não é inocente como o Magnar: ele realmente quer dormir com ela, e uso esse termo porque o skoob censura palavrões k. Faunus é inteligente, levemente mais experiente sobre aspectos humanos que o Orfeus, por ex., e mais velho que o Orfeus e o Magnar. ele já andou por todo aquele mundo e viu os humanos fazendo de tudo, então, por ex., ele sabe o que fazer na hora do papapá, não tem experimento, não precisa de ensinamento, porque ele sabe como dar o que ela quer, e tirar dela o que ele também quer.
só que tem um problema, que não é spoiler porque tá literalmente contando isso nos primeiros livros: Faunus tá morrendo. como a gente já sabe, uma das poucas formas de matar um mavka é quebrando o crânio deles, e o Jabez rachou o do Faunus no livro um.
o conflito do livro 3 é esse: Mayumi fugindo da dependência emocional (já que fisicamente ela depende dele pra nada e isso fica bem claro no final) que sente por ele, e ele sendo arredio porque até duskwalkers aparentemente sofrem com masculinidade tóxica e ele não quer se sentir fraco, parecer fraco, então resiste até o último momento apesar da rachadura no crânio dele adoecê-lo bastante.
tem muitas formas de interpretar e avaliar esse livro, mas é inegável que, apesar do quão irritante a Mayumi seja, ela era leal a ele, e isso te leva longe lendo porque ela é a primeira humana que consegue proteger um duskwalkers e não o oposto, e a primeira que consegue matá-lo. ou seja, a força da Mayumi tem muitas nuances, muitos detalhes. eu gostei de acompanhar ela.
mas aí ela enviou aquele memorando pelo pombo, e eu descobri que ela só pensa que é esperta. na verdade ela é bem burra.
tipo, minha filha, ele compartilhou coisas íntimas sobre o mundo dele, e ela não pensou nem por um segundo antes de escrever num papel e enviar pros humanos, que caçam toda a espécie dele e dos demônios. assim, sendo sincero, foi de uma burrice, uma ingenuidade sem tamanho. ela se deu corda porque não tinha dito nada dos mavkas, só tinha falado sobre os demônios, mas é claro que iam associar uma coisa à outra, afinal, como uma doida que foi expulsa da guilda de caçadores de repente quem é Jabez?
nesse momento, deixei o livro de lado e li em parcelas, porque tudo que ela dizia pro Faunus depois disso perdeu valor. quando a guilda chegou, a surpresa dela em ver que os humanos queriam matar uma pessoa que tinha fornecido informações sigilosas a ela foi estupidez. ela ter traído a confiança do Faunus foi estupidez, ainda mais sabendo que a qualquer momento os amigos dela podiam descobrir sobre ele e entregar a relação deles pra guilda. ela foi tão descuidada, tão burra. e, mesmo assim, ainda tão fascinante.
não consigo gostar da Mayumi como gosto das outras, tenho problemas com lealdade. mas por mais irritado que eu estivesse eu li ainda mais depressa quando o Faunus começou a passar tão mal que nem podia dormir com ela, e quando a guilda chegou na clareira. é a complexidade da Mayumi que carrega a história, porque no intuito de se blindar do mundo e das pessoas, ela põe em risco a coisa mais pura e sincera que já apareceu na vida dela, e é esse tipo de erro que faz grandes, grandes personagens.
sem spoilers sobre o final, mas algumas observações: WALDIR, OLÁ. ele finalmente apareceu! finalmente tenho uma imagem na cabeça de como ele é, e algo pra pensar sobre a relação dele com a Lindiwe, a Corujona como eu chamo. gostei dele em todos os quinze minutos de fama em que ele apareceu todo-poderoso. gostei, também, que o Jabez foi um inútil de novo. sei que alguns leitores se irritam que ele só aparece e some, mas dado a linha do tempo da história e como algumas coisas parecem acontecer em intervalos de meses só, faz sentido. gosto de como nenhuma das noivas deita pro Jabez, troço feio e desprezível. e gosto, muito, muito, da cena em que o Faunus tinha decidido ir embora e revoga aquela coisa do útero que os duskwalkers fazem para caber vc-sabe-oq, porque mostra que ele levava em conta o futuro dela primeiro, e esperava que alguém a fizesse feliz um dia. foi altruísta e uma prova de amor que não sei se os outros irmãos mavka, bem mais possessivos, dariam.
adendo: finalmente falaram do Merich! já saber que ele é o primogênito, e os outros irmãos não gostam muito dele porque aparentemente ele é aquele irmão rico que banca o superior porque tem um apartamento no litoral (ou, no caso, comeu mais humanos que todos) me anima muito porque quero ver outras nuances dos duskwalkers. quanto mais humanos, eles não devem ser somente mais inteligentes, como também mais manipuladores e mesquinhos.
por último: ah, os gêmeos… como pode eles conquistarem você tão rápido numa única cena falando sobre brincar de pega-pega? e Delora? eu amo que a diva e a Mayumi se aproximam, tomara que a Delora ensine algo sobre gentileza pra Mayumi.