Thiago275 31/07/2023
Interessante, mas mediano
Publicado pela primeira vez em 1932, A Morte do Adivinho é um romance policial de Rudoph Fisher inédito no Brasil, ao qual finalmente tivemos acesso graças ao Clube do Crime, nova coleção da @harpercollinsbrasil
Na trama, N'Gama Frimbo é um rei africano que, depois de se formar em Harvard, vai morar no Harlem novaiorquino e se torna um adivinho, uma figura misteriosa capaz de ler o passado e o futuro das pessoas, mediante um pagamento.
Certa noite, em que meia dúzia de clientes estavam buscando atendimento, o adivinho é encontrado morto e o inspetor Perry Dart terá que descobrir o assassino, auxiliado pelo Dr. Archer, um médico que era seu vizinho.
Uma das coisas mais interessantes do livro é que o autor mescla características do romance policial inglês clássico (o esquema whodunnit - quem matou? - em que você tem um número limitado e conhecido de suspeitos; e a figura do "parceiro" do detetive, com o qual ele pode externar a sua linha de raciocínio, e, por extensão, deixar o leitor a par dela) com elementos do que viria a se tornar o romance policial americano ou noir, como a violência urbana e o linguajar nem um pouco cortês.
Além disso, o livro é considerado o primeiro romance de mistério de autoria afro-americana, assim como o primeiro com um detetive e protagonistas negros. Entramos em contato com a cultura afro da época, as gírias, o modo de se portar, sem estereótipos. O médico não se porta do mesmo jeito que o gangster, e o detetive não se porta do mesmo jeito que o agente funerário.
O final da história é um pouco corrido demais, mas não deixa de ser surpreendente. Rudolph Fisher demonstra que sabe usar a técnica do "jogo de espelhos": ele faz o leitor olhar para um lado enquanto a verdade está na outra direção. É necessário ser mais que um bom adivinho para acertar quem foi o culpado. Nada mal para um autor que, infelizmente, não teve tempo de escrever mais mistérios.