spoiler visualizarAm'oonchild 02/03/2024
Uma conversa da expectativa e da realidade
Eu sinto que terei dificuldade em expor todos os sentimentos que experienciei ao concluir essa jornada de leitura, mas vou tentar bastante, principalmente porque queria ter gostado mais desse segundo e último livro.
Grande parte do que me agradou foi estar novamente com personagens tão queridos que me cativaram ao longo do primeiro livro, ler suas interações, sentir a vibe família e estar inserida de novo nesse mundo mágico. Em meros dois capítulos lidos eu já estava me roendo para finalmente ter respostas, ver WonGguk evoluir e a guerra se desenrolar com tudo.
Porém, foi a partir disso que minha expectativa se estraçalhou um pouco, porque o livro cai no mesmo erro do anterior: Ser muito extenso. Só que aqui o erro se dá em ser extenso em partes que não devia e curto no que seria essencial.
Por umas 250 páginas nada muito concreto é realizado, nada avança, nós vemos o protagonista se repetir em indecisões, inseguranças e estaria tudo bem, até porque nunca gostei como em algumas histórias os protagonistas aprendem tudo rápido, mas aqui o livro já começa sinalizando que houve uma pequena passagem de tempo e no decorrer da narrativa há avanço de meses, mas era como se não tivesse, pois o protagonista continuava rodando nas mesmas coisas.
Exemplo, a forma como teve o retorno da investigação sobre a morte de Zeus, me soou tão desconexa àquela altura, podia ter ocorrido antes e a ameaça dos espíritos também, demora muito para acontecer algum ataque brutal, a falta do sentimento de urgência tirou o arrepio do perigo, não me fez ter temor pelo bem-estar dos personagens.
Nisso, para completar, o WonGguk continuou um personagem principal muito passivo até o final, esse detalhe foi o que mais me doeu, porque eu esperava ver ele confiante, liderando, planejando ataques e lutando bravamente. A cena em que pessoas atacam o Templo de Eros me quebrou, porque era uma ótima oportunidade dele ter tentado agir, ter tentado falar em pró dos deuses, mostrar que ele é um porta-voz entre humanos e deuses do c4r4lho, sabe? Aí não. Ele fica quieto e isso se repete e se repente.
Cadê a evolução dele? E, quando as travas vão sendo removidas, memórias vão voltando com mais força, nós perdemos o precioso ponto de vista dele, tendo apenas uma perspectiva rápida do TaeHoon. Precisei de um dia inteiro para lidar com minha frustração, porque, caramba, estava á mais de 500 páginas querendo ver meu menino vencer o trauma de água para ter apenas uma cena dele com os pés na piscina, sem ter noção do que rolou até chegar ali.
Aí, em seguida, WonGguk demora a reagir na luta dentro do Templo de Artémis, percebo que não houve tanta evolução assim, fico confusa com o que sentir sobre a sequência toda e nas duas batalhas finais, então... Eu tinha imaginado tantas coisas... Aqui era a parte que poderia ter se estendido por páginas e páginas, mas a captura de Sarga é rápida, quase uma piada e ele ainda recua na hora de matar a Sun, como se o mundo não estivesse em jogo, WonGguk, por favooor, e se Sarga tivesse feito algo ali? Se libertado já que era tão forte, o sacrifício da Sun poderia ter acabado em nada! Sinceramente, prefiro nem me estender sobre Orin, porque com ele esperando por 3 dias um ataque? Caramba, que ele levasse a guerra até Orin, que provocasse, que usasse a concha de forma mais grandiosa.
Dito tudo isso, a única parte verdadeiramente proveitosa para mim e que acho que foi bem feita é quando temos a explicação do que o WonGguk é, como tudo foi arquitetado, o vislumbre da outra vida e as memórias da fase inicial dessa. Foi tudo muito bonito, de verdade, incrível. A satisfação que me trouxe é o que me fez não ser mais dura com os problemas do desenvolvimento do livro, a amargura diminui consideravelmente toda vez que penso "Uau tudo fez sentido, essa autora conseguiu conectar muito bem esses detalhes e, nossa, como eles eram uma família bonita".
Meu último comentário é o desejo de que o que foi revelado no epílogo tivesse sido inserido no meio do livro, quem sabe num momento pré decisivo, para deixar todos balançados, confusos e com raiva, sem entender o que diabos o universo quer deles. No final, foi muito anti climático e tirou a beleza de "Flechas de um velho universo".
Ter finalizado o livro na cena com o retorno das flechas teria sido lindo, poético. Eu teria ficado feliz em fechar o livro após aquilo, com um bom pensamento de "Terminei essa jornada, cheia de altos e baixos, uau, que experiência!". Mas, posso afirmar que, independente dessa vontade, o pensamento permanece, é claro, porque por mais longas que minhas críticas pareçam, eu não me arrependo de ter lido a duologia, eu gostei muito de ter conhecido esse mundo, os casais e a grande família formada.