Taci.Souza 12/01/2024
O potencial da jovem Charlotte!
Para mim, na condição de fã e admiradora de Charlotte Brontë, poder ler uma obra escrita em sua adolescência, nos primórdios de sua jornada literária, é um prazer privilegiado e um privilégio prazeroso.
Já nesses primeiros contos de sua juventude, é possível observar o grande potencial e talento promissor, daquela que viria a fazer parte do roll dos grandes nomes da literatura inglesa e mundial. Claro que, por se tratar de uma mente juvenil, os escritos de sua juventude não trazem a profundidade, força e perspicácia observadas nas obras de sua maturidade. Ainda assim, proporcionam ótimas experiências literárias.
No caso de O Enjeitado, a trama é ambientada em um país fictício, imaginado por Charlotte e seus irmãos, localizado no continente africano. Ao mesmo tempo em que evidencia a ingenuidade da autora em relação às questões políticas, culturais, sociais e territoriais da África - à época em que foi escrito - , afinal trata-se da visão de uma adolescente que nunca saiu da realidade social na qual estava inserida, destaca o alcance e a flexibilidade de sua capacidade imaginativa.
Trata-se de um conto fantástico e fabuloso, no sentido literário dessas palavras, uma vez que a jovem Charlotte, através de sua pena, derrama no papel a essência e o poder da sua imaginação. Ao longo da leitura, conseguimos identificar vestígios das referências que, possivelmente, a influenciaram. Obras como As Viagens de Gulliver, as lendas do Rei Arthur, entre tantos romances de cavalaria e fantasia, que podem ter servido como lenha para alimentar a chama criativa da mais velha das irmãs Brontë.