nayanebrito 27/12/2022Boa sequênciaNa sequência de Sangue Dourado, seis meses após os acontecimentos do primeiro livro, Deka assumiu seu lugar como Nuru, a escolhida das Douradas, ficando entre as quatro deusas que prometeram derrubar os sacerdotes e trazer paz à Otera. Só que, se este foi um passo em direção à paz em Otera, porque Deka sente que parece tudo tão errado? Os poderes divinos que possui a afastam cada vez mais de seus amigos, além das mulheres e meninas que estão sendo mortas em resposta a revolução que ela começou, incluindo os Primogênitos que parecem desdenhar de qualquer um que não seja alaki. Pior ainda, uma força sombria está trabalhando para se opor às deusas, e parece que apenas Deka e seus amigos podem detê-la. No entanto, como sabemos, nada é o que parece, e Deka será confrontada com o impossível.
Apesar de seus dons divinos, Deka é muito jovem e não possui experiência como líder. Desde as primeiras páginas do livro, é constantemente lembrada de todos os seus fracassos. Mulheres ? mesmo aquelas que não são irmãs de sangue ? estão sendo feridas e mortas, sobretudo diante de um exército que está sendo formado pelos jatu. Hemaira, a capital, permanece firmemente sob o controle dos jatu, apesar de tudo que Deka e os alaki jogam contra ela. E mesmo que a batalha mal tenha começado, Deka já está cansada e sonhando com um momento em que pode ser ela mesma em algum lugar distante com seus amigos. As memórias da tortura que sofreu ainda a atormentam, e sua posição como Nuru a separa de seus amigos. A chance de ir em uma missão com todos eles, que esperamos revelar como conquistar Hemaira, é quase um alívio.
Há muita ação nessa continuação, mas também muito crescimento interno de Deka. Não há dúvida de que a líder das Douradas está tendo dificuldades com sua posição, seja dentro do seu grupo de amigos, ou com os Alaki, ou com as Douradas. Trata-se de uma história sobre traição e confiança, conexões com amigos e família, e resiliência. O crescimento de Deka em um curto período de tempo é difícil pra ela (e para o leitor também). Existe algo sobre a escrita da autora que nos faz entrar na cabeça do personagem, e torna as alegrias e os desgostos bem vívidos e profundos.
Encontraremos muitos personagens do primeiro livro. A amizade de Britta e Deka continua sendo uma das minhas partes favoritas da história, além do Mãos Brancas que está crescendo como personagem. Também temos o relacionamento de Keita e Deka, que não é muito bem explorado, já que há tantas outras coisas acontecendo que os personagens mal conseguem respirar. Alguns pontos da trama são um pouco previsíveis, mas acabei gostando deles.
Posso dizer que continuo interessada com o desfecho da trilogia.
Resenha originalmente publicada no IG @livroincena