Resenhas - Orlando: uma Biografia

Evy 22/07/2022

Espetacular!!
Gostaria de começar dizendo que Orlando me conquistou com sua narrativa poética e abordagem de temas muito profundos, importantes, e extremamente atuais. Essa edição lindíssima da DarkSide inclusive vem celebrar e ressaltar a escrita sensível e belíssima de Virgínia Woolf que se tornou o meu favorito dela, até o momento (ainda não li todos), e traz textos de apoio maravilhosos como a introdução fantástica da tradutora Luci Collin e fatos e figuras históricas que aparecem na narrativa e que ajudam a compreender melhor o contexto da história.

A história de Orlando é narrada pelo seu biógrafo fictício e nos conta sobre sua vida partir de seus 16 anos. Orlando é um a rapaz nobre, muito bonito, que adora a natureza e é dado a escrever poemas e tem um talento especial para isso. É bastante orgulhoso do passado de sua família, composta por guerreiros, e participa de muitos momentos importantes da história dos países por onde passa no decorrer do livro. E aí está uma coisa fantástica e muito interessante que me dei conta tardiamente nesta história. Orlando nasceu no século XVI, mas quando faz 30 anos já é meados do século XIX e o livro termina no século XX. Temos então um cenário de fundo que se passa por mais de 300 anos de história, sendo que a vida de Orlando é contata até os seus 36!

Como se não bastasse, não é só esse fato que torna Orlando uma obra surpreendente! Quando está em Constantinopla, exercendo seu trabalho como Embaixador, Orlando dorme por 7 dias seguidos e quando acorda, se transformou numa MULHER!! E esse sem sombra de dúvidas é o momento mais impactante e importante do livro. A mudança não se dá apenas na troca de sexo (coisa que acontece de forma natural e é aceita por Orlando com uma tranquilidade assustadora), mas na percepção da personagem em relação a vida.

A partir desse ponto, muitos temas importantes e profundos são tratados quando Orlando, agora uma mulher, começa a perceber os dissabores e dificuldades que antes não tinha sendo homem. É possível notar isso em suas reflexões... "devo então começar a respeitar a opinião do outro sexo, independente de considerá-la monstruosa?", "Tudo o que posso fazer, assim que pisar no solo inglês, é servir chá e perguntar a meus senhores como eles o preferem.", "ignorantes e pobres somos nós se comparadas ao outro sexo, armados com todas as armas coo estão, enquanto nos privam até mesmo do conhecimento do alfabeto". Além disso trata de temas como: casamento, gravidez, questões de gênero, patriarcado. Simplesmente fantástica a forma como todas essas questões profundas e complicadas são tratadas no livro.

Sem mais, só posso dizer que me identifiquei muito com a personalidade de Orlando (tanto homem, como mulher) e seu amor pela literatura, pela solidão, pela natureza e os animais e seus questionamentos tão pertinentes.

Super recomendo essa leitura como porta de entrada ao mundo de Virgínia, em especial essa edição maravilhosa da DarkSide Books!

leiturasdaursula 22/07/2022

Precioso!
Esse é um romance histórico e biográfico que vai relatar a vida de Orlando desde o ano de 1500 até o século XIX. Virginia Woolf escreveu essa obra inspirada em sua amiga e amante Vita Sackville-West. A história gira em torno de Orlando, jovem aristocrático, belo e sonhador, que gosta de escrever e, no início do livro, tem 16 anos. Esse jovem inspira o amor da rainha Elizabeth I que o torna seu secretário particular. A partir daí ele irá viver no palácio, se apaixonar, se decepcionar, explorar outros países e até mudar de sexo.

O livro é um grande deleite e a autora traz muitas personalidades reais para a narrativa fazendo, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma crítica à literatura inglesa. Além disso, é importante frisar que se trata de uma obra do Romantismo e a Virgínia Woolf utiliza uma técnica em que foi pioneira: o fluxo de consciência. Neste tipo de texto, a autora tenta reproduzir como é a linha de pensamento, ou seja, não linear, cheia de divagações e devaneios.

Outros elementos interessantes que encontramos são os monólogos internos, já que Orlando debate muitos temas consigo mesmo. Há também a elasticidade do tempo, pois Orlando viverá 36 anos em 3 séculos e meio. Essa técnica foi influenciada pelas teorias físicas que ganharam popularidade na época em que Virgínia escreveu o livro, como a teoria da relatividade. Não se pode esquecer de dois ?personagens? interessantíssimos que são o carvalho e o narrador/biógrafo! Eu amei acompanhar as opiniões não solicitadas deste biógrafo tentando registrar a vida de Orlando.

Eu fiquei fascinada pela escrita da autora e, embora não tenha sido uma leitura fácil, foi gratificante! Recomendo muito, mas alerto que é um livro que precisa ser lido sequencialmente e que provavelmente exigirá uma releitura para conseguir captar todas as suas nuances que são muitas!

Ingrid 21/07/2023

Uma leitura importante e enriquecedora
Virgínia é brilhante, o contexto histórico que perpassa os séculos é excelente. Acho que, a escrita muito floreada pega um pouco. Na minha visão alguns parágrafos nem sequer precisariam existir, mas Virgínia escreve de forma tão bela e detalhada, que consigo compreender esse exagero poético de parágrafos inteiros com descrições que ao meu ver são desnecessárias.
A forma como Virgínia é sutil em suas críticas e ao mesmo tempo também certeira e as risadas que eu dava toda vez que a panturrilha de Orlando virava o tema valeu a pena kkkkkk.
A obra é, inegavelmente, boa. Talvez me falte uma releitura para elevar minha compreensão, porque algumas partes realmente me desfocaram e eu precisei de mais de uma página para entender onde estávamos no espaço da obra, pois embora eu goste de descrições e já tenha lido alguns outros clássicos, a escrita de Virgínia não foi das mais fáceis para mim.

Leila 17/05/2024

Orlando de Virginia Woolf, é uma obra literária que desafia as convenções tradicionais da narrativa. Publicado em 1928, o romance é muitas vezes descrito como uma biografia fictícia, acompanhando a vida do protagonista Orlando ao longo de quatro séculos e também transformações de gênero.
Esta foi minha segunda tentativa de ler Orlando. Na primeira, abandonei o livro por considerá-lo “viajado” demais. Decidi dar outra chance, e comecei com uma expectativa renovada (ainda mais porque estava escutando a narração maravilhosa da querida @adelia_partilhasliterarias , encontrando inicialmente elementos que me agradaram. Woolf é uma autora cuja habilidade literária admiro, e sua capacidade de manipular a linguagem e as convenções temporais é notável.
No entanto, à medida que a leitura progredia, fui sendo progressivamente distanciada pela narrativa. O que inicialmente parecia promissor, logo se tornou enfadonho em vários momentos. Woolf usa Orlando como um veículo para explorar temas complexos, como a fluidez de gênero, a relatividade do tempo e a crítica social. Ainda assim, a forma como essas explorações são realizadas muitas vezes parece dispersa e excessivamente fantástica para o meu gosto pessoal.
É inegável que Orlando é uma obra repleta de simbolismos e homenagens, especialmente à amiga íntima de Woolf, Vita Sackville-West. A autora cria um personagem que transcende as barreiras do tempo e do gênero, oferecendo uma perspectiva única e inovadora. No entanto, a execução desse conceito me pareceu desarticulada, resultando em uma leitura que perdeu sua coesão ao longo do caminho (pelo menos na minha experiencia de leitura).
Além disso, a própria estrutura do romance, com suas mudanças abruptas e estilo narrativo que frequentemente rompe com a linearidade, contribuiu para uma experiência de leitura fragmentada. Embora eu reconheça o valor literário e a ousadia de Virginia Woolf em Orlando, minha experiência pessoal com o livro foi de frustração. Terminei a obra com a mesma sensação da primeira tentativa: a de que é "fora da casinha" demais para mim.
Enfim, o livro em questão pode ser uma joia literária para muitos, especialmente aqueles que apreciam narrativas não convencionais e explorativas. Porém, para mim, apesar de respeitar e admirar Virginia Woolf, este livro específico não conseguiu capturar minha atenção e interesse de forma duradoura. Reconheço sua importância e inovação, mas não foi uma leitura que me agradou realmente.

Mari Doroteu 07/06/2022

Não sei nem por onde começar essa resenha. Esse livro traz tantas reflexões, não tem como terminar de ler e não ficar pelo menos dez minutos parado olhando pro teto e pensando em tudo ao mesmo tempo.

Eu já conhecia a Virginia Woolf em obras de não ficção e em contos, mas esse foi o primeiro livro de romance dela que li. Não é uma leitura fácil e nem tranquila, pois em vários momentos temos que estar muito atentos e dispostos a encarar devaneios, símbolos e metáforas que não necessariamente terão uma resposta concreta e exata.

Eu amo livros mais filosóficos, que me fazem questionar a vida, o sentido das coisas e o comportamento humano, e esse livro entrega tudo isso basicamente.

Orlando é uma pessoa muito complexa, questionadora e sensível, que está sempre tentando se encontrar e se entender no mundo, numa eterna busca de identidade e felicidade.

Vemos na sua história a constante incongruência entre o tempo do relógio/do calendário e o tempo vivido/subjetivo, o caráter múltiplo da subjetividade (a existência de vários ?eus? dentro da mesma pessoa), sem contar nas questões de gênero e sexualidade (que eram um tabu na época em que o livro foi escrito), bem como machismo, solidão, e sentimentos de pertencimento ou não na sociedade.

Definitivamente um livro muito bom e que merece ser relido, pois é impossível captar todas as suas nuances e camadas em uma única leitura.

?A verdadeira duração da vida de uma pessoa (?) é sempre uma questão controversa. De fato, isto é uma tarefa difícil - esse registro de tempo; nada o bagunça mais depressa do que o contato com qualquer uma das artes.?

Maria10726 18/11/2022

"(...) as mulheres não são, castas, cheirosas e vestidas com requinte por natureza. Elas só podem alcançar esses encantos, sem os quais não desfrutam de nenhum dos deleites da vida, por meio da mais tediosa disciplina."

? Orlando, por Virgínia Woolf; 1928.

- Orlando é uma carta de amor escrita pela Virgínia Woolf para sua amante Vita Sackville-West. Ambas, eram bissexuais, a Vita era casada e vivia um relacionamento aberto com o seu marido. Em cartas de West ao seu marido, é detalhada a emoção e admiração dela ao se encontrar pela primeira vez com a Virgínia. Esse livro é uma homenagem, poesia.

- A história de Orlando é narrada por um biógrafo fictício, um rapaz nobre, muito bonito, que exalta a natureza e se dedica a escrever poemas. Durante toda a sua trajetória, leva consigo o seu manuscrito: "O Carvalho". A vida do Orlando é contada entre os séculos XVIII, XIX e XX; dando ênfase a revolução industrial e a era vitoriana que marcou o desenvolvimento histórico e social da Inglaterra.

- Acompanhamos a juventude de Orlando, na era Elizabetana I. Logo depois, em um viagem a Constantinopla em que foi nomeado embaixador, Orlando acorda em um corpo de mulher ( em que aceita de uma forma natural e tranquila). Leitor, essa é a parte mágica e transformadora do livro, Woolf aborda a jornada de uma mulher trans entre ciganos e fadas. Em uma prosa lírica, com ironias e questões atemporais, Virgínia atravessa as barreiras do tempo, gênero e identidade.

- Orlando começa a viver a realidade e dificuldade que antes não tinha sendo homem. Em alguns trechos do livro é nítido que as amarras que prendem as mulheres ao seu sexo é assustadora, somos ensinadas a ser mulher e refém do feminino.

- "Se a visão de meus tornozelos corresponde à morte para um homem, que sem dúvidas tem mulher e filhos, devo por compaixão mantê-los cobertos". "Ignorantes e pobres somos nós se comparados a outro sexo, nos privam até mesmo do conhecimento do alfabeto." Outra questões são abordadas na obra: gravidez, casamento e patriarcado. O feminismo nesse livro é dedicado a um amor atemporal em forma de homenagem. INCRÍVEL, EXCEPCIONAL.

- Confesso, que a leitura é uma pouco arrastada no final. E devo lembrar ao leitor, que essa obra se passa em três séculos, quase 300 anos e Orlando vive tudo isso, terminando com 36 anos. As palavras não morrem nunca.

Akathaisa 30/01/2023

carta de amor
quando elu diz "eu te amo" mas Virgínia woolf literalmente escreveu um dos livros mais lindos da literatura pra consolar a sua amada Vita que perdeu a sua casa de infância por ser mulher na Inglaterra do século XX ???

Carla Rodrigues 26/03/2023

Leitura incrível e edição à altura!
Fascinante! Woolf extremamente à frente de seu tempo, com todas as reflexões que traz em seu livro, sobre tempo, valores humanos e até sobre os supostos papéis e signos de gênero construídos socialmente e que até hoje, em 2023, ainda permanecem tão enraizados. Não sei como falar muito sem dar spoilers, é o primeiro livro que li da autora, mas já virei fã e buscarei ler os outros.
A edição da Darkside é perfeita como sempre, coisa linda mesmo, caprichada de ponta a ponta e a introdução é ótima para preparar o leitor para a leitura que vem a seguir. Amei!

Julia 20/08/2023

SOU MUITAS
Não sou uma, nem duas, nem cinquenta. Sou mais de mil, mais de milhão.

Virginia capta a essência da vida, mesmo que ao final temos mais duvidas sobre essa do que quando iniciamos a leitura.

Emocionante. Espetacular.

5/5 ??e certamente favoritado.

Lerei novamente em uns 10 anos, quem sabe.

Nadia.Duarte 11/02/2023

Em se tratando da titia Virginia Woolf já esperava aquela ironia mordaz, mas fiquei surpresa com um livro extremamente engraçado.

Leve? Bom? não se pode esperar leveza da dona Virginia, né. Do nada lança umas reflexões filosóficas, muito cabulosa.

É uma trama de ritmo acelerado, requer atenção de quem tá lendo. Não esperava uma faceta tão fantasiosa da Virginia. Que surpresa boa! É tipo, cada história de pescador, mas com pé e cabeça, maior que a outra. Pra mim foi só segurando firme na mão da suspensão da descrença e seguindo.

A premissa é muito interessante, uma boa saber algo do contexto, escrita impecável como sempre pois Virginia AR-RA-SA, daí pensa numa delicinha de ler. De quebrada, ainda, tem um daqueles dilemas que dão o que falar, tipo: Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Santiago Nasar desvirginou Ângela Vicário? Em Orlando: uma biografia temos: Orlando casou ou não casou com Rosina Pepita?

Mari 23/06/2022

Adoro a ideia de uma biografia de um personagem ficcional, ainda mais um tão interessante como Orlando, que através de quatro séculos conhece tantas figuras históricas e vivencia as transformações no mundo. Isso sem contar que a partir de seus 30 anos se torna uma mulher, então temos reflexões e percepções de ambos os gêneros e como elas se misturam o tempo todo.

A narrativa não é fluida, tem horas que a gente se perde em meio a tantas divagações, o que torna a leitura cansativa, embora seja um livro curto. Fiquei dispersa em muitos momentos e tive que voltar várias vezes para lembrar do que ela estava falando em determinadas partes, porque além de filosófico, o livro é tão cheio de metáforas que fica confuso entender o que ela quis dizer em vários trechos.

No geral, foi uma leitura interessante, mas não recomendaria esse livro para ser o primeiro contato com a autora.

Francielter 27/06/2023

"creio, firmemente, que o espirito da franqueza predominará e se aperfeiçoará com o progresso do mundo, e então os sentimentos que tenho de esconder agora serão reconhecidos como legítimos ou, pelo menos, como desgraça inevitável." Virgínia Woolf, Orlando

Julinho 12/01/2023

"Orlando" é plasticamente um texto mais bonito que "Mrs. Dalloway" - leitura anterior que fiz de Virgínia Woolf - marquei diversas passagens lindíssimas nesta edição deslumbrante do romance lançada pela Darkside.

Se eu puder me arriscar a definir uma temática principal desta "biografia", eu diria que pode se o limiar da existência humana, a ambiguidade em que o personagem título se encontra e que personifica: a classe, entre a aristocracia e a plebe; a sexualidade e as questões de gênero, o que existe de semelhante entre o feminino e o masculino e a fluidez entre esses polos; a história oficial, as biografias e os historiadores e a vida corriqueira e sem importância (principalmente das mulheres, dos excluídos como os ciganos); a fluidez entre o passado, presente e o futuro e a ambivalência entre o tempo cronometrado por relógios e calendários e o tempo interior psicológico.

Dentro dessa em torno do tempo no romance, a imortalidade do/da protagonista, cada século representa uma fase da vida humana: o século VI e a era elisabetana são a infância, a descoberta da vida e o desenvolvimento inicial de uma personalidade - na infância Orlando é um aspirante a escritor, e o tema do fazer literário se descortina nas demais fases; o século XVII e XVIII representam a juventude, culminando no amadurecimento de Orlando, exemplificado de forma metafórica na transformação da personagem; no século XIX, há a representação do início da vida adulta, o casamento e a cristalização de uma vida sexual ativa; e por fim no século XX, a maturidade está representada, onde há o nascimento de um herdeiro e o sucesso literário da protagonista finalmente alcançado. É também a fase onde a modernidade é atingida e a fragmentação da identidade humana é reconhecida.

Paula.Costa 19/01/2023

Uma leitura desafiadora
Começo dizendo que pensei que fosse ser uma leitura tranquila, rápida, fácil e não foi nada disso! Queria muito começar a ler Virgínia Woolf e vi uma indicação que esse seria um bom livro pra começar mas não me avisaram que não seria só mais um livro! Explico, é um livro que exige concentração. Em vários momentos eu precisei reler a página toda pois ao chegar ao fim tinha a sensação de não ter compreendido exatamente o que foi dito.
Apesar da minha dificuldade, talvez por ser uma leitora mais mediana, eu fiquei completamente envolvida e intrigada com esse livro! Ele trata com tanta naturalidade temas que ainda hoje são tabu, quem dirá no século XIX. O que mais curti foi que ele me instigou a procurar informações sobre a época em que foi escrito, em ir atrás de significados pra algumas passagens, a tentar entender o que está por trás de uma ou outra nuance trazida pelo narrador.
Não é um livro que eu indique pra qualquer pessoa ler, mas gostei muito e pretendo me aventurar em outras obras da autora.

yvef 02/03/2024

"A solidão é mais aparente logo depois de ser amada."
Simplesmente um dos livros mais engraçados que eu já li na vida. a escrita da virginia é uma coisa que cara, te prende tanto e ao mesmo tempo vc fica a cada página pensando "como que pode uma pessoa escrever ASSIM?". a mente dela é totalmente afiada, sarcástica, inteligente e ácida. e é chocante ao extremo.
eu to muito feliz por não ter lido a entrada inicial do livro, pq no momento que a tradutora disse que o livro era para uma amiga/amante da virginia, eu achei que seria melhor ler o livro e depois voltar à história das duas (e eu não poderia estar mais certa).
basicamente, orlando é um personagem do livro que vive através dos séculos e muda de sexo depois de um coma kkkk era "ele", e depois de uns dias dormindo, se torna "ela". mas a mente continua igual, desejos, ambições, com algumas diferenças, é esperado que mulheres choram, então a orlando chora, é esperado que mulheres sejam detalhistas, então a orlando é. e o tempo todo ela rebate na própria cabeça se ela faria isso se ainda fosse homem.
como homem, orlando tem vários amores e como mulher também. é cada um mais engraçado que o outro.
e tem tantos questionamento e debates atuais, mesmo sendo um livro de 1928. como o quanto as roupas definem o gênero e o que as pessoas pensam sobre nós se elas são só pedaços de pano? quando a mulher antiga não precisava tomar decisões difíceis porque era algo inerente ao homem, isso era liberdade? (óbvio q não. mas a virginia trazer esses questionamentos PRA UMA PERSONAGEM Q ERA HOMEM e que experimentou todas as regalias de além de ser homem, ser um homem branco e rico... é sensacional. ainda achei genial que o orlando iniciou um manuscrito que foi rejeitado, mas depois que se tornou mulher, conitnuou trabalhando no manuscrito que foi aceito após a transição e deixou a orlando rica kkkkk sério a virginia fazendo a reparação histórica dela.
e depois ler as notas da tradutora, ver que esse livro é "a carta de amor mais longa da história" na qual a virginia escreveu sobre seu amor pela vita, uma mulher que se vestia de homem pra se divertir, livre, inteligente, que perdeu sua casa adorada da infância devido às propriedades serem herdadas apenas pelo sexo masculino (a virginia deixa a casa de infância com a orlando no final, como um consolo pra vita ?), realmente concordo que é a carta de amor mais longa mas também, a mais linda.
Tive um problema com o final do livro, logo depois da orlando deixar o nelly avaliar o manuscrito dela, achei meio corrido demais. Tem o nascimento de um filho da orlando e me deixou confusa no meio, e já acaba em 1928 com a orlando dirigindo, vendo uma russa e lembrando da Sasha kkkkk achei bem apressado o final, talvez tenha sido intencional da Virgínia devido à mudança de século, mas acabou me deixando confusa.
No mais, amei demais o livro e já tô ansiosa pra ler outras obraa da diva aquariana Virgínia.