Jemilly 28/06/2022
Ore por Oree
Hoje vim falar sobre Os Reinos Partidos, segundo livro da Trilogia Legado de N.K. Jemisin. Depois de ter lido o primeiro livro, que aliás havia gostado, comecei a leitura desse com uma expectativa morna, sem saber o que encontraria aqui, até porque o anterior teve um final bem fechado, mas eu tinha o pensamento que a entrega seria bem parecida, uma boa leitura, mas não tanta conexão com os personagens... Ledo engano, meus caros leitores. Os Reinos Partidos foi uma experiência de leitura muito melhor do que eu esperava, vou contar a vocês os porquês.
"Se antes as pessoas eram obrigadas a louvar apenas o Iluminado Itempas, agora éramos encorajados a honrar mais dois deuses: um Lorde das Sombras Profundas e alguém chamada Lady Cinzenta."
Esse segundo livro se passa dez anos após os acontecimentos do primeiro, então já temos uma grande diferença nesse universo, as consequências da liberdade dos deuses antes aprisionados, o mundo não é mais obrigado a cultuar apenas Itempas, deidades estão livres para vagar por uma única cidade, "Sombra", que está abaixo do "Céu" ? que foi o cenário principal do primeiro livro ?, mas este nos traz um cenário novo, com novos personagens e uma nova visão, muito mais empolgante, posso dizer.
"Veja bem, sou uma mulher atormentada por deuses."
Aqui somos apresentados a uma nova protagonista. Oree é uma mulher cega, mas que tem a capacidade de enxergar apenas a magia, ou seja, ela, de certa forma, pode ver as deidades e deuses. Indo viver em Sombra depois da morte de seu pai, acaba se aproximando desse mundo de várias formas, mas é por conta de sua aproximação com um aparente mortal, que tinha capacidade mágica de sempre voltar a vida, que ela começa a chamar atenção das pessoas erradas para ela.
"Magia era um dom, destinado àqueles com outros tipos de poder: os Arameri, nobres, escribas, a Ordem, os ricos. Ela era ilegal para pessoas comuns, embora todos nós usássemos um pouco de magia secretamente de vez em quando."
Não me enredando muito nos detalhes dos acontecimentos desse livro, posso dizer que algumas coisas eu já imaginava, mesmo assim o desenvolvimento delas foram por vezes diferentes, e tudo muito bem escrito e coerente. E a protagonista anterior que me desculpe, mas Oree é uma protagonista bem mais cativante, e tudo aqui é muito melhor trabalhado que no livro um, mas ao mesmo tempo ele foi essencial para o desenvolvimento deste, já que trabalhou bem mais a política do universo, enquanto aqui tivemos bem mais "ação", por assim dizer. As conexões são muito boas entre eles, apesar de ser praticamente outra história.
"Havia caminhado entre os deuses, usado a magia que eles deram aos meus ancestrais. Eu os segurava nos braços, vira o sangue deles cobrir minhas mãos, os temera e fora temida por eles. O que era um homem mortal comparado a tudo aquilo?"
Com inclusão de deidades diferentes e interessantes, uma visão melhor do povo e como todo mudou entre os dez anos passados entre o primeiro e segundo livro, Os Reinos Partidos me deu uma nova perspectiva e expectativa dessa trilogia, eu realmente me vi muito mais conectada com o universo e personagens, principalmente na complexidade deles, que existe mais entre visão de quem é mau e quem é bom, e o final deixou um sentimento de justiça e injustiça entrelaçados que não consigo explicar, às vezes o que é correto nem sempre é o que nos deixa mais confortáveis.
Espero muito do último livro da trilogia, mesmo sabendo que vai ser bem mais difícil desapegar dos personagens que conheci nesse, mas sei que, eles sendo o foco ou não, vou ter um gostinho deles, assim como aqui pude ter um vislumbre dos do primeiro livro. Enfim, indico e indico muito a trilogia, vale a pena.
"Tudo se resume a sangue. O seu, o meu. Tudo."
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