nenos 21/07/2023
Não somos as nossas emoções, elas ocorrem em nós.
Graças à Neurociência, sabemos hoje que a maioria dos processos mentais não são conscientes e que NÃO existe uma sede ou circuito especializado para o processamento consciente. Ou seja, a ilusão de que existe continuamente um fluxo de consciência e um sujeito consciente fazem parte de diversos módulos que podem ganhar acesso à consciência ao provocar uma ativação generalizada do córtex cerebral. Felizmente, quando tomamos conhecimento desses processos automáticos, aumentamos nossa capacidade de autorregulação. Mas o que é a autorregulação?
Ramon Cosenza é médico, doutor em ciências, professor aposentado da UFMG e autor de vários livros no campo das neurociências. Através da abordagem multifatorial e o encadeamento de fatos, Dr. Ramon apresenta o amplo campo da neurociência com uma rica seleção de referências que corrobora com as evidências apresentadas. A obra inclui mecanismos neurais, recursos fisiológicos, processamentos cognitivos, hedonismo e eudemonismo, caracterização das emoções, o acrônimo RAIN, práticas meditativas e outros aspectos comportamentais.
Desenvolvemos ao longo de nossa história evolutiva, alguns mecanismos neurais e respostas fisiológicas para nos adequar a um contexto espacial e temporal limitado, que vão desde a identificação de ameaças até a capacidade de projetar o pensamento no tempo. Contudo, no mundo moderno, ameaças reais se tornaram psicológicas, e a coalescência de circuitos nervosos responsáveis por buscar gratificações imediatas com a modulação de comportamentos que se preocupam com o aqui e o agora, estão provocando um desgaste que não havia sido previsto na evolução natural.
Importante salientar que o nosso sistema nervoso, responsável por diversas modificações fisiológicas, possui uma capacidade enorme de computação. Para o funcionamento correto dessas capacidades, existem vias inervadas controladas por porções do nosso sistema nervoso que informam o cérebro frente a situações de perigo, estresse agudo, repouso e outras situações significantes. Dr. Ramon nos explica como acontece essas ativações e as correlações fisiológicas entre amígdala, o córtex cerebral, o córtex pré-frontal, os sistemas simpático e parassimpático, o hipotálamo, a função da suprarrenal, a secreção de hormônios, entre outros sistemas.
Temos a impressão que aumentamos a produtividade com a atenção dispersiva, no entanto, a falta de concentração está ligada a um processamento superficial das informações e nos tornamo-nos viciados na presença de estimulações. Atenção, do ponto de vista neurológico, é utilizada pelo cérebro para processar o que é importante, é fundamental para o pensamento crítico, a aprendizagem, atua na capacidade de autorregulação consciente que envolve desde a inibição de impulsos, a fuga da visão autocentrada até a compaixão e diversas respostas fisiológicas positivas.
Entendendo que o fluxo de pensamento é associativo e nossa tendência natural é a divagação, o autor conclui que podemos adotar algumas abordagens para prestar que haja a dissociação de pensamentos e como esses pensamentos nos orientam. As ideias de eudemonismo, hedonismo e o acrônimo RAIN, são a cereja no bolo da obra para demonstrar que emoções não se tratam de uma escolha dicotômica, são transitórias e a busca pela autorregulação promove modificações não somente no funcionamento, abrangendo modificações na ESTRUTURA do cérebro que nos confere resiliência para tentar de novo em vez de desistir.
Link com meus highlights: https://drive.google.com/file/d/1CMnqmolXvziJBL92MEJx-aFn7Po9vEIO/view?usp=sharing
Encorajo fortemente que leia o livro inteiro e/ou os highlights por inteiro. Através desses parágrafos concisos, escrevo para exercitar os conceitos apresentados que EU interpretei, com palavras para me incentivar a reler essa obra incrível em um futuro próximo.