Igor.Costa 09/06/2021
Uma descoberta
Pela primeira vez tive contato direto com os escritos de Frantz Fanon e, confesso que merece elogio à sua brilhante clareza e fervorosa redação. Imaginar que essa mente teve uma passagem meteórica entre nós é doloroso ao extremo, por outro lado, tal como a teoria da relatividade de Einstein, não dá para descrever a sensação, confundimo-nos devido a maturidade e imaginamos se tratar de alguém em idade mais avançada.
A obra retrata a triste realidade de povos subjugados por àqueles que se autointitularam superiores, mas demonstram em seus atos as mais imorais e perversas atitudes.
Mulheres, crianças, homens comuns, ninguém foi respeitado na brutal guerra da Argélia, que recentemente o governo Francês reconheceu, em ato deveras tímido, como genocídio. Não há máscara que consiga esconder tamanha desumanidade.
Em seus textos, o autor demonstra mita consciência das posições e do poderio bélico e financeiro Francês frente a Argélia, mas num gesto de encorajamento e em um engajamento com notório conhecimento sobre o sentimento magrebino, Fanon discorre enaltecendo o movimento argelino e estabelecendo que a vitória trata-se de uma questão de tempo.
O livro prende a atenção, nos remete a um passado imoral que ainda nos assombra. O autor retrata a desgraça, causa embrulhar do estômago, raiva, medo, mas alavanca um sentimento arrebatador de liberdade, confiança e coragem daqueles que entendem e respeitam os seres humanos.
Um bom ponto de partida, com certeza suas reflexões merecem ser lidas. É pena que o tempo não foi generoso para que se multiplicassem tanto quanto a inteligência e nobreza desse espírito que um dia aqui habitou.