Isabella658 23/02/2023
Uma verdadeira fantasia nacional (com um pouco de mistério).
O Brasil é um país enorme e com uma grande mistura de culturas e religiões. Por isso, nada mais justo que uma fantasia nacional misturar tudo isso em uma história. E é exatamente isso que A polícia secreta para crimes mágicos, de Emanoel Ferreira, faz!
O livro, que diz ser volume único na Amazon e não é (acho que cabe aqui uma propaganda enganosa rs), é principalmente sobre a Agnes e sua aventura entre mundos contra um grande vilão. Sim, tem multiverso e esse é meu ponto fraco da ficção. Não só isso, mas há diversos outros núcleos: tem a polícia secreta para crimes mágicos (PSCM), como diz o título, que foca mais na Nanã e um pouco em Fevereiro; temos os tios-avós da Agnes junto com toda a comunidade judaica; temos também Guaraci e o Vigário e alguns outros personagens que aparecem pra introduzir algo. Ou seja, tem um pouco da magia de raizes africanas, tupi-Guarani e judaica. Além de outras serem citadas, um pouco de tudo, porém o foco maior são essas três.
Primeiro, a história começa em um clima mais de mistério policial com diversos assassinatos de crianças acontecendo. Então, aos poucos é introduzido um pouco da magia e elementos mágicos que vai deixando tudo mais complexo. Esse, inclusive, é um dos problemas da história pra mim e a maioria das pessoas, que é a quantidade enorme de detalhes, histórias e magias. É uma overdose de informação.
Pra esclarecer: no núcleo da PSCM, foca mais no desaparecimento de Noah e os golems. Já no núcleo da Agnes foca um pouco mais no grande mistério em volta de Guaraci e as crianças mortas. E esses dois vão se juntando aos poucos através de outros núcleos. Meio confuso de início, mas super interessante.
Apesar de ter enrolado um pouco no começo e ter quebrado a cabeça pra guardar tanta informação de uma vez, eu fiquei super envolvida na escrita do autor. Ela tem uma característica de um contador de história. Então, em diversos momentos, alguns personagens começam a contar uma história e a sensação é a de estar vendo um flashback. E são histórias interessantes, porque não é comum serem abordadas em fantasias infanto-juvenis, como as religiões trazidas ao Brasil através de refugiados, escravos e colonizadores. Além dos índios nativos que foram colonizados. E tudo de uma forma mágica.
Outro motivo que me fez gostar foi a diversidade cultural, que representa muito bem o Brasil. Tem diversas referências, em algumas eu ri muito até (como a do ET de Varginha), em outra fez eu me sentir extremamente empolgada. Eu sempre quis ler fantasias com elementos do Brasil, não só o folclore, mas a diversidade do país, e esse é o livro perfeito para isso.
Pode parecer um pouco chato de início, mas depois que tudo se encontra a história fica impossível de largar. Além de ser apenas 280 páginas que passam voando. Estou ansiosa para a parte 2 e até considerando comprar a versão física, já que li pelo kindle unlimited. Recomendo demaaaais, principalmente pra quem curte fantasias como Harry Potter e Percy Jackson.