Evaldo7 30/03/2021 Um livro fantástico, com uma história de enojar qualquer um.DLL21: Que ganhou de presente.
Ketchum, nos apresenta nesse livro a vida de David, um adolescente com uma vida normal e com pais normais. Ele e seus vizinhos brincam diariamente, sendo na floresta, na escola, no parque, ou quando não estão brincando, ficam de bobeira tomando cerveja (cedido pela mãe dos amigos, Ruth).
No entanto a vida de David, dos amigos e da Ruth, muda com a chegada de Meg e sua irmã Susan. Após perderem os pais durante um acidente de carro, Ruth como sendo a única família viva e próxima, assume a guarda e a criação das garotas.
Até esse momento, a leitura desse livro é muito prazerosa. Como a história é narrada por David, é interessante conhecer o mundo pela percepção de um adolescente. Os seus sonhos, suas angustias, seus medos, suas paixões. No entanto conforme vamos adentrando e virando as páginas, percebemos que essa não é definitivamente uma história de amor, ou algo parecido. Vamos nos deparando com uma realidade cruel e violenta.
Sim, esse livro aborda sobre dominação, abuso tanto físico quanto psicológico e muita, mas muita violência.
Ketchum tem uma capacidade eximia de contar história. Concordo com King quando ele fala no prefácio do livro:" Sem dúvida alguma, você não consegue parar de virar as páginas. Mas estas são páginas que você temerá virar". Os eventos são narrados com tanta maestria que você fica imerso, chocado e enojado com os eventos que vão acontecendo. E volto a lembrar, os eventos são narrados por um adolescente, então a violência vem carregado com as percepções que esse personagem vai emitindo durante o tempo todo.
Ketchum levanta várias questões para se refletir nesse livro, tais como: a violência contra a mulher, violência contra a criança, discute a noção do que é educação ou violência quando se trata de educar uma criança.
No entanto o que mais se destaca para mim nesse livro, é fato de que se eu sei que alguém está sendo vítima de violência (INDEPENDENTE O TIPO E O GRAU), mas eu não participo do ato de agredir, isso me torna carrasco tão quanto aquele que bate?
É um livro que vale a pena a leitura, Ketchum se inspirou em um crime que aconteceu nos anos 60 nos EUA. Sendo assim, podemos perceber que o ser humano, as vezes, pode ser cruel, insano e decadente.
"Ser "apenas uma criança" assumiu uma nova e completa profundidade de significado, de ameaça ominosa, que talvez nós soubéssemos que estava lá o tempo todo, mas que nunca tivemos que confrontar antes. Merda, eles poderiam nos jogar em um rio se quisessem fazer isso. Nós éramos apenas crianças. Nós éramos propriedade. Pertencíamos ao nossos pais, de corpo e alma. Isso queria dizer que estávamos amaldiçoados em face a qualquer perigo de verdade do mundo adulto, o que significava impotência e humilhação e raiva."